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Romain Grosjean precisa ser Romain Grosjean PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 12 March 2021 18:44

Olá fãs do esporte a motor.

 

De volta das minhas férias nada tranquilas graças ao Doutorado, precisei tomar uma decisão em relação ao site: estava faltando tempo para cuidar da editoria, partilhar as sessões com meus pacientes, atender todos os meus pacientes e me dedicar aos estudos e preparação da tese. Por isso, a partir de março minhas colunas serão mensais, mas prometo escolher bem com quem vou partilhar meus momentos com vocês, queridos leitores.

 

Por mais curioso que possa parecer, muitas pessoas se veem em meio a uma crise profissional e podem achar que é apenas uma fase ruim que irá passar. Porém, o problema está no fato de que, em grande parte dos casos, essa fase não termina nunca e vai aumentando a sensação de vazio e intensa agonia. Muitas vezes a resposta está numa possível mudança de emprego ou até de carreira. Não é fácil pensar em recomeçar do zero, mas pode ser a única maneira de dar fim a essa sensação de vazio. Se você tiver férias para tirar, esse é um excelente momento.

 

Algumas pessoas, ao fazerem a avaliação de sua insatisfação com a carreira profissional, irão perceber que não estão totalmente descontentes com o que possuem. Uma das consequências mais terríveis de se sentir sem rumo é ter sua autoconfiança abalada, e para se manter firme e forte na busca pela ascensão profissional você deve continuar acreditando em sua capacidade. Muitos deles procuram ajuda e para isso, profissionais como eu existem!

 

Este foi um assunto recorrente nas sessões com Romain Grosjean ao longo de 2020. Desde a metade do ano passado, com as perspectivas de continuidade na F1 cada vez menores, ele começou a olhar para outras possibilidades. Entre elas, começou a considerar seriamente a possibilidade de correr na Fórmula Indy aqui nos EUA. Apesar de ser automobilismo, é um carro no qual  ele nunca correu, uma categoria que nunca acompanhou de perto, mas que poderia ser um caminho como foi para seu colega, Marcus Ericsson, com quem passou a conversar desde setembro passado.

 

 

 

Depois de ter sobrevivido espetacularmente ao acidente sofrido no Bahrain, emergindo no meio das chamas, ele lamentou o quão inteligentes e atenciosos seus filhos são, reconhecendo que, se eles fossem todos mais jovens e felizmente inconscientes de que quase perderam seu pai em 29 de novembro do ano passado (Romain tem 3 filhos: Sacha, 7; Simon, 5; e Camille, 3). A consciência de que seus dois filhos mais velhos entenderam o que estava acontecendo al assistir a corrida na TV foi um aprendizado para Romain poder explicar a vida, a paixão e a paz interior que ele sente quando está em um cockpit.

 

Nascido e se desenvolvido como piloto na Europa, Romain ele nunca havia considerado a IndyCar como uma opção enquanto estava fazendo as categorias de acesso no continente. Mesmo quando teve que voltar para a GP2, depois de alguns GPs na F1, deixar o sonho da categoria para qual sempre olhou não passava pela sua cabeça. Para 2021, cerca de 60% dos pilotos em tempo integral da temporada que vai começar em Barber, Alabama, vieram de fora da América do Norte. E o raciocínio de Romain é muito simples: “se eles se adaptaram, eu também posso”.

 

 

 

Mas Romain não fará a temporada completa: ele ficará fora nas corridas dos ovais.  Esse tipo de corrida, por algum motivo, nunca o interessou. Alguns podem chamar isso de preferência pessoal, mas Romain considera uma mudança extrema demais e foi muito sincero – e corajoso – ao dizer que se fosse solteiro e sem filhos, correria nos ovais. Casado e com 3 filhos, não!

 

Além de ser outra série de roda aberta e monoposto, Romain foi buscando conhecer mais a categoria e nisso seu colega Marcus Ericsson foi importante: o que mais deixa a categoria interessante é que na Fórmula Indy quase todo mundo pode vencer. Não é como vencer um GP da F1 com Haas. Apesar dos que argumentam sobre o fato de se perder algo do brilho do esporte quando você tem pilotos competindo com um único chassi de especificações e um de dois motores, mas isso dá ao piloto a possibilidade de mostrar seu diferencial e lembrei a ele sobre Alessandro Zanardi e Juan Pablo Montoya, que se tornaram campeões e voltaram por cima para a Europa.

 

 

 

Romain não pensa assim, a tão longo prazo. A busca hoje é ir a algum lugar para poder se divertir e isso faz da Fórmula Indy o lugar certo para onde ir. Não é onde está a maior parte do dinheiro, ou a categoria mais segura ou menos perigosa, ou isto ou aquilo. É apenas uma categoria onde ele vai poder correr e se sentir feliz. Serão 13 corridas das 17 do campeonato. Seu carro, equipado com motor Honda, levará o número 51 e nos ovais, vai ser substituído por Pietro Fittipaldi, que o substituiu nas últimas corridas da temporada da F1 na Haas.

 

A parceria com a Dale Coyne está estabelecida e uma nova oportunidade para Romain voltar a ser o Romain vencedor que nunca deixou de existir.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares