Ao longo de seis décadas de Fórmula 1, alguns pilotos escreveram seus nomes na história... de uma forma ou de outra. Alguns, de forma inusitada. Entre estes “nada convencionais”, um deles tinha um apelido que já dizia tudo: O Gorila de Monza! O amigo leitor já deve ter identificado o personagem sobre o qual estamos falando: Vittorio Brambilla. Claro que todos os personagens – digamos – folclóricos tem uma lista de “passagens pitorescas” tão ou maior que a de seus feitos. Algumas destas estórias, com o tempo, vão sendo distorcidas, alteradas, exageradas, mas sempre são mantidas engraçadas. A estória que iremos contar tem duas versões... dois personagens... e dois Brambillas! Sim, Vittorio não estava sozinho no mundo e nem nas pistas. É chegada a hora dos amigos que acompanham o site dos Nobres do Grid conhecerem Ernesto Brambilla, o Tino. Vittorio Brambilla protagonizou cenas dantescas, como conseguir bater com o carro na volta de comemoração de sua única vitória. A primeira versão da estória foi contada há muito tempo atrás por um apaixonado fã e italiano. Vittorio treinava no circuito de Monza para a Ferrari, que havia o contratado como piloto de testes. Depois de um certo tempo, o carro de Brambilla pára do lado oposto aos boxes, com um problema estranho. Não demora muito e vem a notícia: Brambilla tinha ficado sem gasolina. Imediatamente, a Ferrari manda um mecânico para resolver o problema. O mecânico em questão é Pino Brambilla, o irmão de Vittorio. Depois de abastecer o tanque apenas com combustível suficiente para que o carro retorne aos boxes, Pino se prepara para mais uma longa caminhada de volta ao pit lane. Percebendo que o irmão teria de andar bastante, Vittorio Brambilla oferece uma ''carona'' a Pino, que sobe no carro e se agarra à tomada de ar da Ferrari. Com o carro ligado, Brambilla sai pilotando em baixa velocidade. Coloca uma segunda e vai se entusiasmando. Engata uma terceira e, antes que perceba, já está em quarta numa das retas de Monza. Leva o carro ao máximo da velocidade e chega aos boxes em questão de segundos. Um mecânico se aproxima e os dois travam o seguinte diálogo: - E aí, como está o carro? - Ótimo, sem problemas. - Tudo bem, mas onde está Pino? - Pino? Ó meu Deus, Pino! Naquele momento, Pino Brambilla estava debaixo de um dos guardrails de Monza, com as pernas fraturadas e várias lesões pelo corpo. Conta-se que o mecânico jamais pegou carona com o irmão novamente. Quando Vittorio Brambilla se oferecia para levá-lo em seu carro de passeio, Pino preferia esperar um táxi... A mesma estória tem uma outra versão, esta contada pelo falecido Michele Alboreto e que parece ser mais verossímil, uma vez que o carro era vermelho, como uma Ferrari, e que Brambilla – qualquer um deles, nunca defendeu a equipe de Maranello. Segundo Alboreto, a estória foi a seguinte: Era na época em que Tino (Ernesto) estava na F3, com um Tecno, e Vittorio era seu mecânico chefe. Eles estavam fazendo um teste sozinho em Monza e Vittorio escuta o motor de Tino falhar na parte de trás do circuito. "Acho que ele ficou sem combustível", disse Vittorio ao jovem mecânico, Pino. "Me parece na de Lesmo, leve um pouco de combustível para ele". Pino parte para a pé para a lesmo, e Vittorio estava com razão, Tino estava parado lá, e sem combustível. Eles colocaram combustível no motor e o ligaram. "Sobe ai atrás Pino, eu te levo de volta aos pits" disse Tino. Então eles partiram, 1ª curva, 2ª curva... Então, Tino volta aos boxes e encontra o irmão. “Você estava certo Vittorio, eu estava sem combustível na Lesmo, obrigado por mandar Pino para me ajudar”, disse Tino. – “Sem problemas Tino, mas... onde está Pino?” Esta foto acima não é jogo dos 7 erros: Ernesto e Vittorio Brambilla, lado a lado, na mesma equipe, no início dos anos 70. Tino bate com a mão na testa e diz. “Meu Deus! Ele estava ai atrás!” Levaram mais de uma hora para achar Pino... Ele estava de bruços na área de escape da Parabólica. Tino, ao que parece, estava em 5ª marcha quando começou a fazer a curva, ele estava em velocidade de corrida, e o infeliz Pino estava lá, se agarrando como pode no carro, mas não deu para segurar. O pobre Pino “saiu pela tangente!” O mais incrível de tudo isso é que Pino não só sobreviveu como, mesmo depois deste “voo”, continuou trabalhando para os Brambilla. Seja uma versão ou a outra, o fato que não se pode negar é que se um Brambilla já era capaz de promover a diversão de todos, imaginem dois? Felicidades e velocidade, Paulo Alencar |