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O caminho da F1 começa fora da pista PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 16 December 2020 20:05

Caros Amigos, Uma das coisas que faço nas noites de domingo, antes de dormir, é ler uma determinada coluna no nosso site. A coluna Radar.

 

Quando esse jovem, Genilson Santos, nos procurou no início de 2018 e propôs retomar a coluna que seu colega do Rio de Janeiro, Fabiano Esteves, precisou deixar, fiquei muito feliz. Ele veio fazendo um ótimo trabalho até que veio com uma nova proposta: escrever semanalmente.

 

Confesso ter pensado que ele não conseguiria fazer o que ele propôs em maio deste ano: assistir todas as corridas de todas as categorias e apresentar o trabalho dos jovens brasileiros no caminho para as categorias top de fórmula no mundo. Mas ele conseguiu e pudemos todos entender melhor o esforço de cada um desses jovens e a coluna dos dois últimos domingos foram primorosas. A narrativa do título de Gianluca Petecof, no melhor estilo “contra tudo e contra todos” mostrou a força de um jovem que derrotou todo um ‘status quo’.

 

Nesta terça-feira fui surpreendido por uma mensagem do Genilson dizendo que tinham “sacaneado” o piloto brasileiro. Ele enviou alguns links e um texto explicativo. Conversamos na noite da terça-feira e ele explicou-me que a equipe onde Gianluca Petecof disputou suas últimas três temporadas, a Prema, que possui uma parceria com a academia de pilotos da Ferrari, tinha como “procedimento”, dar continuidade as carreiras dos pilotos que conquistavam títulos por ela, colocando esses pilotos nas categorias seguintes no caminho da Fórmula 1, colocando seus campeões no “degrau seguinte”.

 

A conquista de Gianluca Petecof, na Fórmula Regional Europeia daria ao brasileiro uma vaga na equipe Prema da Fórmula 3, como foi com o dinamarquês Frederik Vesti no ano passado, relegando ao vice campeão, Enzo Fittipaldi, a uma equipe sem os mesmos recursos da Prema – a HWA – onde não teve um equipamento no mesmo nível. No ano anterior o promovido na Prema foi o russo Robert Shwartzman.

 

Contudo, na tarde desta última terça-feira a equipe Prema anunciou que o vice campeão. Arthur Leclerc, irmão mais novo do piloto titular da Ferrari e também piloto da academia de pilotos da Ferrari seria integrante da equipe Prema no campeonato da FIA de Fórmula 3. Poucos minutos depois, o brasileiro anunciou que estava deixando a equipe Prema e, numa nota protocolar, agradeceu os três anos na equipe, onde foi o campeão dos novatos da Fórmula 4 italiana em 2018, vice campeão em 2019 no geral e conquistou o título da Fórmula Regional neste ano, mas não disse qual seria o seu destino em 2021.

 

Impossível não voltar uma semana no tempo e não relembrar do que escrevi na coluna da semana passada sobre a coragem de Pedro Piquet ao mostrar que o caminho para a Fórmula 1 está além do talento e da capacidade dos pilotos e muito mais a ver com o dinheiro ou as influências que existem por trás de decisões como esta tomada pela Prema. Ter o primeiro piloto da Ferrari como “abridor de portas e possibilidades”, além dos interesses e questões financeiras que desconhecemos – condições que eticamente Gianluca Petecof não expôs os bastidores do que aconteceu ao longo da temporada e em particular nas últimas 3 rodadas triplas, onde o carro do brasileiro não parecia ter o mesmo rendimento, em treinos e corrida. Ainda assim, Gianluca Petecof foi grande e conquistou o campeonato.

 

Além da disputa na pista e dentro da equipe, o piloto brasileiro teve um outro desafio a enfrentar: patrocinado desde os tempos do kart por uma empresa petrolífera europeia (que estou omitindo o nome propositalmente por discordar de sua ação neste e outros casos) e mesmo sendo piloto da academia da Ferrari, Gianluca Petecof teve a temporada salva pelo empresário Lincoln Oliveira, CEO da Americanet, empresa de telefonia que patrocina a equipe KTF na Stock Car, e Cláudio Monteiro, CEO da Matrix Energia, que garantiram sua participação até o final do ano.

 

Com isso voltamos ao que escrevi na coluna da semana passada: como criar condições para um piloto, mesmo com o comprovado talento e capacidade de Gianluca Petecof para que ele consiga ter continuidade na carreira e chegue à Fórmula 1? Se uma empresa sozinha não tem como fazer isso, será que a união de algumas das empresas do Brasil não conseguiria fazer isso?

 

Diante do cenário que se apresenta no automobilismo de alto nível, esta pode ser o único meio para que possamos voltar a ter um piloto brasileiro no grid da Fórmula 1 novamente. Entretanto, é fato que nenhuma das categorias de acesso (nem mesmo a Fórmula 2) tem transmissão na TV, mesmo que por assinatura, para o público brasileiro. Empresas que investem em marca precisam de visibilidade e restringir isso aos sites e blogs direcionados ao esporte a motor é muito pouco. Os empresários dos pilotos precisam enxergar isso e encontrar alternativas. Do contrário, estaremos fadados a ver nossos jovens ficarem pelo caminho, por mais talento que possam ter como é o caso de Gianluca Petecof.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva

 


Last Updated ( Thursday, 17 December 2020 09:22 )