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O fogo, o susto e o alívio PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 30 November 2020 08:42

Olá leitores!

 

Final de semana com brasileiro sendo campeão, com vitória feminina no Endurance aqui no Brasil, vitória brasileira na Argentina e com um grande susto – que merece uma longa reflexão – na Fórmula 1, além das notícias preocupantes que saíram semana passada a respeito do estado de saúde de Marc Márquez, cuja volta às pistas está com mais interrogações que exclamações...

 

Começando com o título: o João Paulo de Oliveira, um dos mais competentes pilotos brasileiros da atualidade, foi campeão – em parceria com o japonês Kiyoto Fujinami – da categoria GT 300 do campeonato Super GT japonês competindo com Nissan. Largaram em 7º lugar, com Fujinami ao volante, e este entregou o carro para João Paulo em 4º lugar. O brasileiro fez mais duas ultrapassagens e com o 2º lugar garantiram o troféu. Parabéns, João Paulo de Oliveira!

 

Em uma Buenos Aires ainda traumatizada pela morte do mais brilhante jogador de futebol nascido na América Hispanófona, Rubens Barrichello conquistou no sábado sua primeira vitória no Super TC 2000 com um Toyota Corolla, e ainda repetiu a dose no domingo. Sábado ele foi acompanhado no pódio por Matías Milla (Renault Fluence) em 2º lugar e por Juan Ángel Rosso (Honda Civic) em 3º. No domingo, subiu ao degrau mais alto do pódio acompanhado por Agustin Canapino (Chevrolet Cruze) em 2º lugar e por Nicolás Moscardini (Honda Civic) em 3º.

 

Ainda no sábado, tivemos em Curitiba mais uma etapa do Endurance Brasil, e ao passo que na Geral a vitória ficou em mãos conhecidas (David Muffato e Pedro Queirolo, com o protótipo AJR #113 da categoria P1), na categoria P3 tivemos a vitória do protótipo MRX #75, onde Bruna Tomaselli fez parceria com Fernando Fortes e Fernando Ohashi para se tornar a primeira mulher a vencer em uma categoria neste campeonato. Na Geral, terminaram em 9º lugar, 13 voltas atrás do líder.

 

A Fórmula 1 foi para a primeira de duas etapas no circuito de Sakhir e logo no começo da corrida tivemos um susto monumental: Romain Grosjean (sim, ele andava sossegado nos últimos tempos...) se enroscou com aquele outro boi marruá bravo chamado Daniil Kvyat e foi de frente no guard rail em um ponto em que a barreira de proteção fica próxima da pista, algo pouco comum em pistas projetadas por Hermann Tilke, o Maldito, mas que especificamente ali, talvez por acharem que a probabilidade de um carro bater naquele ponto era muito pequena, ficou próximo da pista... claro que não contavam com o fator Grosjean, nem com o fator Kvyat, muito menos com a soma de ambos os fatores. O fato é que o carro bateu com força no guard rail e tivemos uma chance empírica de comprovar a eficiência do HALO, já que sem essa peça de proteção a chance do Grosjean terminar os dias dele como Cevert ou Köinigg seriam reais. Também comprovamos a eficiência da célula de segurança dos carros atuais, pois com a violência do choque a parte traseira do carro, mais pesada (afinal, é onde ficam motor, câmbio e tanque de combustível) se soltou dispersando a energia da batida e o cockpit foi para outro lado. Merecem mais atenção as luvas e as sapatilhas dos pilotos, já que as únicas queimaduras que Romain teve foram nessas partes do corpo, e definitivamente precisa ser discutida a viabilidade de se insistir em um equipamento de segurança ultrapassado como o guard rail. O carro passou entre as lâminas da barreira. Já houve grandes avanços (na época de Cevert e Köinigg era uma lâmina só, hoje são 3 lâminas), mas é algo que precisa ser estudado como melhorar. Não tenho certeza se fazendo a peça em uma única lâmina do tamanho das atuais 3, ou (minha aposta) substituindo por softwall, a exemplo do que é usado nos ovais americanos.

 

Sou de Humanas, reconhecidamente sou ruim de fazer contas, mas felizmente a vida me presenteou com amigos que atuam em diversas áreas e possuem diversas formações. Um deles, meu grande amigo pessoal Milton Rubinho, que além de calibrador de motores e piloto de track day de mão cheia é engenheiro mecânico, fez o favor de calcular a energia cinética envolvida em uma batida de um carro da NASCAR em um “big one” e de um Fórmula Um. Ele me explicou com a fórmula, cálculos e o escambau a quatro, mas eu vou resumir e arredondar os números para vocês: aquela banheira de cerca de 1700 kg a 320 km/h batendo no softwall gera uma energia cinética de (arredondando) 11 megajoules. Um Fórmula Um, com seus 700 kg acertando um softwall a 350 km/h (vamos pensar numa caca monumental no final de uma reta) geraria uma energia cinética de... 2 megajoules (2,315 megajoules, para ser mais preciso). O softwall dá e sobra para as necessidades da F-1. E ao contrário da barreira de pneus (que eu lí que deveria ter sido usada para amortecer a batida no guard rail naquele ponto) ele absorve a energia sem jogar o carro de volta como a barreira de pneus faz. O softwall já é usado na F-1 em algumas pistas, mais a título de experiência do que como medida definitiva. Já é hora de acabar com a experiência e adotar como medida definitiva, junto com o retorno das caixas de brita. 2021 está muito perto, mas para 2022 é perfeitamente possível exigir que todas as pistas substituam seus guard rails por softwall em lugares de maior velocidade (no meu entendimento, pode-se usar guard rail em lugares mais lentos, como entrada e saída dos boxes, por exemplo... ou em boa parte da pista de Hungaroring, lá não dá pra acelerar direito mesmo).

 

Vitória, claro e evidente, ficou com Lewis Hamilton, afinal quando se tem um carro veloz, que não quebra e um grande talento nas mãos é muito difícil perder... o inglês igualou seu recorde pessoal de 11 vitórias em uma única temporada, e não há motivos para crer que não chegue a 13 vitórias nesta temporada. Não foi uma vitória das mais fáceis da temporada, mas não dá pra dizer que ele ficou ameaçado de não ganhar. Seu lacaio Valtteri Bottas (8º) teve mais um dia em que uma série de pequenas coisas deram errado, e como falta habilidade para lidar com situações adversas o resultado foi abaixo do esperado para o carro que tem.

 

Em 2º e 3º lugares chegaram os pilotos da Red Bull, Max Verstappen e Alexander Albon, nessa ordem. Max fez uma ótima corrida, sem conseguir pressionar efetivamente Lewis mas também sem deixar ele com uma margem muito confortável, o que é nitidamente um alento para um carro sem motor Mercedes. Albon teve nesse domingo a sorte que faltou nos treinos de sexta-feira, onde bateu com força ao perder o controle saindo dos limites da pista na última curva (pois é, Dona FIA, se ali tivesse caixa de brita não teria acontecido isso... maldita mania de asfaltar tudo). Tinha um 4º lugar praticamente garantido, até que no final da corrida o motor do carro de Sérgio Pérez explodiu e pegou fogo, forçando a entrada do safety car. Não sei se esse resultado reverteu a situação dele na equipe, que deve ter piorado um bocado após o acidente da sexta, mas ao menos foi bom tanto para a pontuação da equipe como para o psicológico do piloto.

 

Em 4º e 5º lugares terminaram os pilotos da McLaren, Lando Norris e Carlos Sainz Jr., pela ordem. Lando teve um bom ritmo a prova toda, e Carlos foi ainda melhor, largando em 15º e terminando em 5º lugar. Se ano que vem a equipe conseguir manter uma constância de resultados (que eles não conseguiram alcançar essa temporada), existe a possibilidade da equipe ser efetivamente competitiva, pois velocidade e boa dirigibilidade o carro já tem.

 

Em 6º lugar chegou Pierre Gasly, mais uma vez o homem que trouxe o bom resultado para a Alpha Tauri. Apostou em uma estratégia diferente, e foi recompensado por isso Em compensação, seu companheiro Daniil Kvyat (11º) foi a pessoa envolvida em confusões: primeiro foi fechado por Grosjean na manobra que causou a bandeira vermelha, e após a relargada foi fechado por Lance Stroll e acabou causando o capotamento do canadense. Eu nem vi o incidente com o Stroll como culpa apenas dele, mas que ele foi um tanto quanto otimista na disputa de posição com uma pessoa do calibre do Lance, isso ele foi. Talvez pelo conjunto da obra recebeu 10 segundos de punição dos comissários... um dia que ele tem que levar como lição para o futuro, e talvez ser menos otimista quando disputar posições com pilotos que não são exatamente os mais habilidosos da categoria.

 

Em 7º chegou Daniel Ricciardo, não exatamente feliz com o resultado mas consciente que não dava para fazer muito mais, assim como seu companheiro Esteban Ocon, que chegou em 9º. Com o mesmo motor, os carros da McLaren foram nitidamente mais velozes que os da Renault, e isso deve servir como alerta. Semana que vem será usado o anel externo da pista, e a chance de perderem ainda mais tempo para os McLaren deve ter ligado o alarme na equipe.

 

Em 10º terminou Charles Leclerc, no pior resultado da Ferrari desde a inauguração da pista barenita. Mais uma vez repito, o preço que se pagou pela não desclassificação do campeonato de 2019 foi alto demais... mais uma vez o Vermelhinho de Maranello teve uma corrida desastrosa, e Sebastian Vettel (13º) chegou a chamar o carro de “inguiável”... e como desgraça pouca é bobagem, um carro minimamente decente só deve, talvez, quem sabe, chegar em 2022.

 

Vamos ver o que a etapa da semana que vem, no anel externo de Sakhir, nos reservará. Minha expectativa é positiva, mas como estamos em um ano pra lá de atípico...

 

Os espanhóis do jornal Mundo Deportivo ventilaram a hipótese de Marc Márquez ter de se submeter a mais uma cirurgia... o que eliminaria as chances de ele estar apto a voltar a correr no começo da próxima temporada. Ao que consta tudo começou com aquela absurda e estapafúrdia decisão de tentar apressar o retorno após a primeira cirurgia. O osso simplesmente não “soldou” o suficiente depois que a placa colocada na primeira cirurgia quebrou com o esforço para voltar antes do tempo, e levou a uma segunda cirurgia logo em seguida... que também não surtiu o efeito desejado. Agora ventila-se a possibilidade de ele enxertar no úmero danificado não apenas pela fratura em si mas pela tentativa apressada de voltar e pela correção aplicada, que não deu muito certo, um fragmento de osso da pelve... manobra arriscada, e que eu não tenho muita certeza se iria ser efetiva. Talvez uma prótese de titânio substituindo o osso fragilizado, mas confesso que não sei se seria efetivo para o esforço exigido... fosse problema na perna seria mais fácil de prever um retorno bem sucedido, afinal Doohan estourou bem a perna e retornou, mas o braço na moto é razoavelmente mais exigido que a perna.

 

Fechando a coluna com uma notícia de última hora: Pietro Fittipaldi deverá substituir Romain Grosjean no próximo final de semana. Boa sorte para ele.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini