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Mais que um trabalho, uma paixão para Romain PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 27 November 2020 19:35

Olá Fãs do esporte a motor,

 

Estou entrando pelo quinto ano aqui em San Diego e, nosso, como tantas coisas na minha vida mudaram! Claro, nem todas para melhor, afinal, quem não tem seus momentos de perdas na vida, não é. Mas, na média, estou com o saldo positivo.

 

Uma das minhas maiores conquistas – acho que a maior, pelo menos até agora – está sendo poder trabalhar como terapeuta nos Estados Unidos. Amo o que eu faço e meu trabalho é algo extremamente prazeroso, embora algumas vezes eu chegue em casa completamente esgotada. Cansada, porém feliz!

 

As vezes vivemos verdadeiro romance com nossa carreira profissional, estável e cheia de orgulho, e amanhã nos depararmos com uma realidade totalmente diferente, onde nos encontramos sozinhos e nos vemos obrigados a recomeçar.

 

Quando passamos por momentos como esse, onde as coisas que faziam parte de quem somos são de repente tiradas de nós, podemos nos sentir tristes e revoltados com a vida, e até mesmo acreditar que o Universo está conspirando contra nós. Pensamos isso porque logo de cara não conseguimos enxergar a necessidade de tal fato acontecer.

 

 

 

Este tem sido o centro das minhas sessões mais recentes com Romain Grosjean, que é meu paciente desde 2013, quando ainda morava em Cuiabá. Há alguns anos era comum a especulação sobre a dispensa de Romain de suas equipes. Renault, Lotus, Haas...  sempre se esperando mais de um piloto que foi campeão em todas as categorias que disputou desde a Fórmula Junior 1.6, onde venceu as 10 corridas do campeonato. Mas a Fórmula 1 sempre exige mais e exigiu muito de Romain.

 

Quando um piloto tem a felicidade de ter um grande suporte por trás, capaz de colocá-lo no carro certo, na equipe certa, no momento certo, as possibilidades das coisas darem certo são sempre muito grandes. Do contrário, o piloto vai precisar da algo mais em seus resultados para, não só chamar a atenção dos donos de equipe, mas também de investidores que vão querer usá-lo para mostrar suas marcas e Romain aprendeu isso desde cedo. Foi com talento que virou piloto da fábrica na Renault, mas nem isso o segurou na equipe ao final de 2009, quando assumiu o carro de Nelsinho Piquet a partir do GP da Europa.

 

 

 

Dar um passo atrás é sempre difícil, mas Romain o fez, foi para a Auto GP e a então GP2 para sagrar-se campeão em ambas, em 2010 e 2011, voltando por cima para a Fórmula 1 em 2012 como piloto da Lotus, com suporte da Renault. Mas dividir um time com um campeão do mundo não é fácil. Ele sentiu isso na pele com Fernando Alonso em 2009 e voltou a sentir na Lotus com Kimi Raikkonen, que conseguiu levar o carro negro a uma vitória naquele ano.

 

A Haas entrou na Fórmula 1 em 2016, formada do zero, e, pelo menos até agora, priorizou a continuidade. Nas cinco temporadas completas em que esteve no grid, a equipe teve apenas três pilotos titulares: Grosjean está lá desde o início, enquanto Magnussen fez parte da equipe nos últimos quatro campeonatos. Esteban Gutiérrez, em 2016, foi o único nome diferente dos dois a guiar pela Haas.

 

 

 

O melhor resultado do Mundial dos Construtores também foi em 2018, quando Haas surpreendeu e fez 93 gols e o quinto lugar após uma luta interessante com a Renault até o final. Aproveitou, é verdade, com a venda da Force India, que teve resultados cancelados durante metade do campeonato. Mas superou, por exemplo, a McLaren, que tinha Fernando Alonso.

 

Mesmo assim, nos últimos dois anos, a equipe foi tratada como um grande alívio cômico da F1 após o lançamento e popularização da série de documentários ‘Drive to Survive’ pelo serviço de streaming Netflix. O motivo é o casamento da personalidade explosiva do chefe Güenther Steiner em face de erros cuidadosamente organizados e da maneira como Romain, acima de tudo, se torna um alvo fácil para o chefe.

 

 

 

Quando olhamos para a história e vemos muitos pilotos que, aos 34 anos de idade, estão pensando em mudar de objetivos, tomamos como algo aceitavelmente normal, mas é difícil para o piloto, do outro lado deste espelho, olhar-se e pensar em mudar, especialmente quando isso não é seu desejo. Hoje, um piloto de 34 anos e “com uma década de Fórmula 1” está em plena forma – Lewis é só 1 ano mais velho que Romain – e pensar em mudar de ares, de categoria, porquê? Pra quê?

 

Desde que foi comunicado de sua dispensa pela Haas no final da temporada, Romain revelou que perder seu lugar na equipe tem feito com que ele venha sofrendo com insônia e outros males do sono devido a preocupações sobre estar desempregado a partir de dezembro. Definitivamente ele não pretende parar de correr e uma das opções que pensou foi a Fórmula Indy. Entretanto, ele não se sente confortável com os ovais. Ao longo do ano, chegou a conversar com Marcus Ericson sobre a categoria.

 

 

 

Ele perguntou o que eu achava, uma vez que tenho pacientes na categoria e eu disse que na Indy os pilotos desempenham um grande papel porque os carros são iguais. Claro que algumas equipes são melhores, mas qualquer um pode ganhar corridas, as vezes largando mesmo no fundo do grid por conta das circunstâncias e estratégias com as paradas nos pits, mas também perguntei para ele sobre o WEC e os Hypercars, que vão estrear agora em 2021. Ele fez um longo silêncio.

 

Muitos dos fãs de automobilismo tem uma visão crítica muito negativa com Romain, especialmente pelos acidentes e incidentes de corrida que ele se envolveu nestes anos, mas as pessoas deveriam ser menos críticas. Romais é movido pela mesma paixão que os move.

 

 

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares