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Campeões, emoções aspirações e reflexões no final de semana de velocidade PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 09 November 2020 08:02

Olá leitores!

 

Um final de semana em grande estilo, com grandes vitórias, momentos decisivos, campeões mais que merecidos, que só não foi perfeito por conta de (mais uma) morte na Superbike BR em Interlagos.

 

A Stock Car fez uma rodada tripla em Pinhais (os pilotos quase tiveram a sensação de uma etapa do WTCR), com uma corrida no sábado (8ª etapa) e duas no domingo (9ª etapa), rodadas nomeadas mui justamente “GP Amadeu Rodrigues”. Sábado o clima ainda estava pesado por conta da morte do Amadeu no final de semana passado, e este recebeu uma bela homenagem do vencedor Thiago Camilo (Corolla), que subiu ao pódio levando as duas filhas do Amadeu Rodrigues, Bárbara e Juliana. Thiago largou na pole position, foi ultrapassado por ocasião da parada obrigatória nos boxes, mas utilizando com muita inteligência seu estoque de “push-to-pass” ele conseguiu recuperar a liderança a 4 voltas do final, deixando Guilherme Salas (Cruze) no 2º lugar. Guilherme fez uma excelente corrida, por sinal, e é um nome que tem potencial para em um futuro não distante conseguir boas vitórias na categoria. Dessa vez não deu... completando o pódio da etapa sabatina chegou Daniel Serra (Cruze), melhorando sua chances de defender o título. A primeira corrida do domingo foi quase uma repetição da corrida do sábado; teve novamente a pole e a vitória de Thiago Camilo, teve novamente Guilherme Salas disputando a liderança da corrida com muita competência e terminando em 2º lugar (e a pouco menos de 7 décimos de segundo do vencedor, o que prova a grande competitividade da corrida), mas dessa vez o 3º colocado foi diferente: o degrau mais baixo do pódio na primeira corrida do domingo ficou com Denis Navarro (Cruze), que sem conseguir disputar com os líderes procurou manter uma vantagem segura sobre os demais concorrentes para conquistar um importante pódio para a equipe Cavaleiro Sports. Na segunda corrida do domingo Gabriel Casagrande (Cruze) fez valer a sua pole position por ter concluído a primeira corrida em 10º lugar e conquistou a vitória com autoridade, deixando de estar na liderança apenas por ocasião da parada obrigatória nos boxes. Nas voltas finais conseguiu controlar os ataques de Nelsinho Piquet (Corolla), que tentou se aproximar para o movimento decisivo para assumir a liderança mas não conseguiu, tendo que se contentar com o 2º lugar na corrida. Mais uma vez no final de semana o degrau mais baixo do pódio foi ocupado por Daniel Serra, em mais um bom desempenho no final de semana. O grande vencedor do final de semana foi Thiago Camilo, que com duas vitórias e um 7º lugar na segunda corrida do domingo agora soma 222 pontos contra os 198 de Ricardo Zonta, seu mais próximo competidor na tabela do campeonato. Ainda tem uma quantidade razoável de pontos em disputa, mas é uma vantagem que não pode ser desconsiderada.

 

Na mesma pista de Pinhais tivemos neste domingo mais uma rodada dupla da Copa Truck, que definiu os últimos 3 competidores que faltavam para a grande final, que deve ser disputada dia 13 do mês que vem em Interlagos. Essa etapa coroou Valdeno Brito como o vencedor da 3ª Copa, e ele irá para a decisão como o 3º piloto com mais pontos nessa temporada (112, ante os 116 de André Marques e os 124 de Beto Monteiro). A 3ª Copa teve como vice campeão Felipe Giaffone e como 3º colocado Danilo Dirani, que com isso também garantiu seu lugar na final. No tocante às corridas, devemos ressaltar o ótimo desempenho de Beto Monteiro (VW), que venceu a primeira corrida e chegou em 3º na segunda corrida, mesmo largando mais para trás por conta do grid invertido. Em 2º lugar na primeira corrida chegou André Marques (Mercedes), seguido por Danilo Dirani (Mercedes) em 3º lugar, Rafael Lopes (VW) em 4º lugar e Felipe Giaffone (Iveco) em 5º. A segunda corrida do dia teve Paulo Salustiano (VW) no degrau mais alto do pódio, com Danilo Dirani em 2º, o já mencionado Beto Monteiro em 3º, André Marques em 4º e novamente Felipe Giaffone no degrau mais baixo do pódio da Truck. Agora é aguardar mês que vem para vermos quem será o campeão da conturbada (pela pandemia) temporada 2020.

 

E o Mundial de Motovelocidade foi até Valência para a primeira de 2 corridas no Circuito Ricardo Tormo, uma pista cujas maiores curiosidades são as arquibancadas rodeando a pista (nem mesmo os boxes ficam na parte interna da pista, para melhor visibilidade do público em relação às disputas) e... uma piscina em forma de feijão na parte interna da última curva do circuito. A pista em si não vejo com grandes atrativos, mas o pessoal da Motovelocidade adora ir para lá, então... menos mal que esse domingo tivemos uma corrida com uma qualidade bem melhor que a média das que normalmente encontramos nessa pista: as disputas por posição foram do começo ao final da prova, e finalmente tivemos uma vitória do líder do campeonato. Sim, ele, Joan Mir, que veio “comendo pelas beiradas” o campeonato todo, acumulando pontos importantes enquanto seus adversários tinham desempenhos irregulares ou quedas que impedissem seu retorno à pista. Era o líder do campeonato, mas ainda assim tinha seu valor diminuído por alguns detratores com a alegação que “não tinha vencido nenhuma prova”... bom, em primeiro lugar, se o piloto consegue liderar o campeonato sem vitória, esse é um mérito que não pode ser retirado dele. Segundo, não existe em ponto algum do regulamento artigo, parágrafo ou alínea que determine como obrigatório ter vitória para ser campeão. Bom, agora esse problema acabou: Mir ganhou com autoridade a corrida desse domingo, e ampliou ainda mais as suas chances de levar o título desse ano. A cena bizarra da corrida aconteceu ainda na primeira volta, com a demonstração de tombo sincronizado de Aleix Espargaró e Fabio Quartararo. Aleix ficou ali na caixa de brita mesmo, mas Quartararo conseguiu retornar para terminar em um decepcionante (para quem ainda tem pretensões de ser campeão) 14º lugar. Outra decepção foi o desempenho das Yamaha oficiais, com Viñalez terminando em um magro 13º lugar e Rossi abandonando por problemas no motor. Aliás, falando em motor... a Yamaha deve ter buscado a consultoria de uma certa equipe italiana de Fórmula 1 e também partiram para o campo da “esperteza” na confecção dos motores. Só que, assim como no caso italiano, o tiro saiu pela culatra: as motos da marca do diapasão pioraram o motor em relação ao de 2019 em relação tanto a velocidade máxima como em relação à confiabilidade do motor... resultado, Viñalez teve que largar dos boxes por conta de punição por ter usado esse domingo o 6º motor da temporada, quando o limite são 5. Enfim, como já dizia o grande filósofo contemporâneo Bezerra da Silva, “malandro é malandro e mané é mané”, e o departamento de motores da Yamaha provou que é mané. Mir foi acompanhado no pódio pelo seu companheiro de equipe Alex Rins em 2º (aliás, quem poderia imaginar no começo da temporada vitória com dobradinha da Suzuki? Belíssimo desempenho...) e pelo pole position Pol Espargaró em 3º, em um pódio completamente espanhol.

 

E chegamos à ultima etapa da NASCAR em 2020, com a grata surpresa de termos um campeão inédito: o troféu de 2020 ficou nas mãos do jovem (apenas 24 anos, o mais jovem campeão da categoria principal nos últimos 25 anos) Chase Elliott, para alegria e orgulho do seu pai, o grande campeão Bill Elliott, que aos 64 anos de idade comemorou como se fosse um adolescente o título conquistado pelo filho. Eu confesso que quando anunciaram o oval de Phoenix, de apenas 1 milha, como palco da decisão do título, fiquei um tanto quanto ressabiado... mas para minha alegria eu estava completamente errado: a corrida foi muito boa, e foi um palco digno tanto para a decisão do campeonato desse ano como para a despedida de Jimmie Johnson, que com seus 7 títulos na carreira pode ter ficado de fora dos playoffs, mas fez uma ótima última corrida, sendo o melhor dos pilotos na pista dentre os que não disputavam o título. Ao final da prova ainda comemorou efusivamente com seu companheiro de equipe Chase Elliott, e eu não me espantaria se simbolicamente a comemoração tivesse sido uma “troca de guarda” na Hendrick. Aliás, aos 24 anos, 11 meses e 11 dias Chase Elliott foi o 3º campeão mais jovem da história da categoria principal da NASCAR, sendo superado nesse quesito apenas por Jeff Gordon (que foi campeão com 24 anos, 3 meses e 8 dias em 1995) e pelo campeão de 1950, Bill Rexford, que então tinha 23 anos. Elliott foi seguido na pista por Brad Keselowski em 2º, Joey Logano em 3º, o entregador oficial da categoria Denny Hamlin em 4º (aliás, poucas vezes vi um patrocínio casar tão bem com o patrocinado...) e Jimmie Johnson fechando o Top-5. Um ótimo final de temporada para um ano que não foi dos mais promissores.

 

E a nota triste mais uma vez vem de Interlagos e do mundo das 2 rodas: na etapa do campeonato da Superbike BR disputada esse domingo na pista paulistana, o jovem (23 anos) piloto Matheus Barbosa, natural de Anápolis, perdeu o controle de sua moto na curva da Junção, não soltou a moto e foi bater com ela em uma estrutura que serve de proteção para a entrada ao trecho da antiga Junção, já atrás das barreiras de segurança. É público e notório que a pista de Interlagos não é a mais adequada do país para receber competições de motociclismo, que até poderiam ocorrer com segurança desde que adotadas as mesmas medidas de segurança empregadas no exterior para provas de motociclismo, a saber aquelas proteções infláveis (que são usadas mesmo em pistas com grandes áreas de escape como Valência, por exemplo)... mas sabemos que essas proteções custam dinheiro, e se não existir uma obrigação de serem utilizadas não o serão por organizadores de competições no Brasil. Efetivamente as proteções existentes no local do acidente são suficientes... para competições de carros. Para motos, não. E infelizmente mais um piloto teve que morrer para que isso ficasse claro. Não tenho nada contra os organizadores da categoria, mas com 3 mortes em pouco mais de 12 meses também não tenho motivos para ter nada a favor deles. Enfim, ficam os pêsames para os familiares e amigos do Matheus Barbosa. E que sua morte sirva para os organizadores de provas de motociclismo em Interlagos terem um pouco mais de (vou ser caridoso) cuidado com as medidas de proteção aos pilotos.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini 
Last Updated ( Monday, 09 November 2020 08:11 )