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Emoções fortes... dentro e fora das pistas, com alegrias e tristezas PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 02 November 2020 13:32

Olá leitores!

 

Tivemos um final de semana que o que prometia ser ruim acabou sendo bom, e o que prometia ser bom acabou não sendo lá aquelas coisas. E ainda tivemos uma morte daquelas difíceis de aceitar.

 

A Fórmula 1 voltou à pista de Ímola após mais de 10 anos com uma melhora sensível nos boxes e na pista, mas... poderia ser melhor. Ora, com a segurança dos carros atuais, seria possível acabar com a Chicane Tamburello sem grandes problemas: utilizando o soft wall (como é usado nos ovais ianques) e com brita macia (que já existe na pista atual) naquele espaço entre a borda da pista daria para reativar a velha Curva Tamburello sem problemas. Ainda criaria uma situação interessante: mesmo tendo apenas uma zona de DRS, essa certamente acabaria antes da Tamburello... como essa minha ideia mantém a chicane na Villeneuve (para quem não se localizou, a chicane em que o Max saiu rodando quando o pneu traseiro estourou), teríamos após a Tamburello uma retinha com uma freada razoável para permitir que o piloto que foi ultrapassado “na mão grande” com o DRS pudesse tentar dar o troco. Claro que para realizar essa reforma é necessário um bocado de vontade, tanto política como esportiva, e não vejo nenhuma das duas envolvendo o Autódromo Enzo e Dino Ferrari. Enfim... poderiam também aproveitar para reduzir as áreas de escape asfaltadas existentes para acabar com aquela chatice de “punição por exceder os limites da pista”. Punição exemplar por exceder o limite da pista é perder tempo com pneus sujos ou atolado na brita.

 

Vitória mais uma vez de Lewis Hamilton, sem maiores dificuldades, já que o único piloto que tem um carro tão superior quanto o dele (Valtteri Bottas) é o famoso “leão de treino”, rapidíssimo em uma única volta lançada, mas que não tem capacidade de fazer uma sequência de voltas no limite, exceto aqueles 2 ou 3 dias no ano em que o alinhamento planetário o favorece (e que é quando ele consegue suas eventuais vitórias) e as forças astrais fazem as coisas darem 110% certo para ele. Nessa prova Bottas até teve uma ajuda grande da sorte para conquistar a dobradinha da equipe, já que o finlandês já tinha sido superado categoricamente por Verstappen quando o pneu desse furou e o retirou da prova. Ou seja, mesmo para ser o segundo colocado nessa corrida Bottas teve que contar com a sorte. Dureza um piloto desses em uma equipe de ponta...

 

Em 3º lugar chegou o “homem sorriso” Daniel Ricciardo, muito feliz em conquistar seu segundo pódio em 3 corridas e contribuir para a melhora da Renault na pontuação do campeonato de construtores... pontuação que poderia ser melhor se o companheiro do australiano, Esteban Ocon (19º), não tivesse que abandonar por falha mecânica. Enfim, coisas de uma equipe que está evoluindo o equipamento no meio da temporada.

 

Em 4º lugar terminou Daniil Kvyat, que teve um desempenho impressionante no final da corrida, inclusive aproveitando seus pneus mais novos (colocados no carro na bandeira amarela provocada pelo estouro do pneu do Verstappen) para fazer uma belíssima ultrapassagem sobre Leclerc em um lugar onde todo mundo disse que “não dava para passar”... pois é, deu. Seu companheiro Pierre Gasly (20º) teve que abandonar antes que o problema no sistema de arrefecimento causasse mais danos ao motor.

 

Em 5º terminou Charles Leclerc, com o melhor resultado que ele poderia almejar com o Vermelhinho de Maranello. Houveram comentários criticando a equipe por não o chamar para colocar pneus novos no safety car... mas eu entendo a postura. Vai que ele para e na troca de pneus a equipe defeca e senta em cima na parada como fez com o Sebastian Vettel (12º)?? Ele terminaria mais para trás que esse 5º lugar, então... melhor não arriscar.

 

Em 6º chegou Sérgio Pérez, relativamente frustrado por ver uma chance de pódio ir água abaixo, embora não seja garantido que sem a parada para troca de pneus ele se manteria onde estava com borracha já desgastada... enfim, deu azar. O que não foi o caso do companheiro de equipe e filho do dono Lance Stroll (13º), que não pontuou não por azar, mas porquê ele é um piloto muito meia boca, chegou a atropelar o mecânico que aciona o macaco dianteiro na última parada para troca de pneus... terrível. Ainda bem que o mecânico não se machucou, foi só o susto e a cambalhota que rodou o mundo.

 

Em 7º e 8º chegaram os carros da McLaren, pela ordem Carlos Sainz Jr. e Lando Norris, satisfeitos por terem retirado dos carros o desempenho que era possível e chateados pela alegada dificuldade de ultrapassar da pista. Um desempenho decente, que não se traduziu em uma posição de pista melhor.

 

Em 9º e 10º terminaram os pilotos da Alfa Romeo, na ordem Kimi Räikkönen e Antonio Giovinazzi. Com o carro que possuem, esse foi um grande resultado para a equipe, verdadeiramente digno de comemoração.

 

No sábado tivemos em Goiânia mais uma prova do Endurance Brasil, cuja análise mais aprofundada aparecerá amanhã na coluna do Shrek, mas não posso deixar de comentar a nota mais triste do final de semana. Após a equipe Hot Car disputar a prova de 4 horas, empacotaram todas as coisas, os carros, e resolveram voltar para a base no mesmo dia. Durante a noite, com a chuva inclemente que atingia a BR-365 na região de Uberlândia, a van em que estavam Amadeu Rodrigues, sua esposa Cibele e mais 7 mecânicos bateu na traseira de uma carreta. Nesse acidente Cibele teve uma perna fraturada, 4 membros da equipe foram socorridos ao hospital e outros 3 foram liberados com escoriações leves. Infelizmente, Amadeu Rodrigues, um dos grandes nomes do automobilismo, dos melhores pilotos que participaram nos anos 70 e 80 da Divisão 3, acabou falecendo. Perdi um dos ídolos do automobilismo nacional da infância. Meus mais sinceros pêsames à família e aos amigos.

 

O WTCR foi até Aragón para fazer mais uma rodada tripla, dessa vez com a novidade de fazerem as 3 corridas no mesmo dia. Como são provas curtas, até que acaba valendo a pena. Menos para os mecânicos, claro, que têm menos tempo para os reparos entre as corridas... a primeira corrida teve a vitória do Alfa Romeo Giulietta Veloce TCR pilotado pelo francês Jean-Karl Vernay, que largando da segunda fila assumiu a ponta já na primeira curva, se aproveitando da largada não exatamente brilhante do pole Michelisz e da trajetória defensiva adotada por este após perceber que não largou bem... em 2º chegou o uruguaio Santiago Urrutia (Lynk & Co 03 TCR), que na primeira volta conseguiu uma impressionante escalada de 8º no grid para 2º colocado ao final da volta, e o pódio ficou completo com Gilles Magnus (Audi RS 3 LMS), o piloto que recebeu a manobra defensiva do Michelisz. A segunda corrida teve a vitória do piloto “da casa” Mikel Azcona (CUPRA Leon Competición), que se aproveitou da pole obtida pelo grid invertido para a largada da segunda corrida e se utilizou bem da pista livre para manter os rivais a uma distância razoavelmente confortável para conquistar sua primeira vitória da temporada. Em 2º terminou o experiente Yvan Muller (Lynk & Co 03 TCR) e em 3º tivemos novamente no pódio Santiago Urrutia. A última corrida do dia – que teve direito a “3 wide” na freada da primeira curva após a largada – recebeu a vitória do campeão Thed Björk (Lynk & Co 03 TCR) comandando a dobradinha dos carros chineses com o grande nome do dia, Santiago Urrutia, levando o terceiro troféu na bagagem para casa ao chegar mais uma vez em 2º lugar. O degrau mais baixo do pódio ficou com a lenda do automobilismo de turismo Gabriele Tarquini (Hyundai i30 N TCR), que fez uma bela corrida largando da 8ª posição para um pódio.

 

E a decisão dos 4 pilotos que irão disputar o título da temporada 2020 da NASCAR Cup Series foi na pista que eu menos gosto do calendário, Martinsville. Palco totalmente inapropriado para uma decisão desse calibre, mas... os rednecks gostam daquilo ali, e já que são eles que fazem o calendário e não eu, foi assim que aconteceu a decisão. No geral não gosto das corridas disputadas nessa pista, mas talvez pelo caráter decisivo e eliminatório da etapa a corrida foi melhor do que eu esperava. Os 2 primeiros segmentos foram meio chatinhos, na verdade, pelo caráter de “estudo dos adversários” adotados no geral (a propósito, vitória no Segmento 1 para Denny Hamlin e no Segmento 2 para Chase Elliott), mas o último segmento... ah, esse foi a melhor corrida que vi nessa pista em pelo menos 10 anos (excluindo aquela de 2015 em que o Matt Kenseth realizou meu sonho e jogou o Logano no muro), com os então 8 postulantes ao título fazendo tudo o que estava ao alcance para ficar entre os 4 pilotos que iriam para a decisão do campeonato no próximo final de semana. E com uma pilotagem impressionante, liderando 236 das 500 voltas na acanhada pista, a merecida vitória ficou com Chase Elliott, que em uma pista tão curta conseguiu imprimir uma vantagem de 6 segundos e meio sobre o segundo colocado Ryan Blaney (praticamente ¼ de volta) e assim assegurou sua vaga na disputa do título. Em 3º chegou Joey Logano, que já estava com a vaga garantida para a final, seguido no 4º lugar pelo seu companheiro de Penske Brad Keselowski, que também avança para a decisão do título. Fechando o Top-5 tivemos Kurt Busch, que precisava vencer para avançar para a decisão do título, mas não teve carro suficientemente veloz na etapa final da prova para conseguir esse objetivo. Mesmo com um modesto 11º lugar, Denny Hamlin também avança para a disputa do título, graças à constância do seu desempenho nessa fase do campeonato. Para alguns, a grande ausência na disputa é a de Kevin Harvick... mas vamos ser justos: ele pode ter sido o grande nome da temporada regular, mas não conseguiu repetir a performance na parte decisiva do campeonato. Pior ainda para um piloto de NASCAR: na última curva ele tinha que ultrapassar Kyle Busch para conquistar um ponto a mais e assim conseguir avançar para a decisão. Tentou fazer a famigerada manobra nascarzeira de tocar no carro da frente para o desestabilizar e assim fazer a ultrapassagem (aquela manobra chamada na Banânia de “ultrapassagem do Dick Vigarista”), mas errou de forma bisonha a manobra, fazendo com que Buschinho desse um 360 graus na pista e continuasse, mas ele próprio acabou rodando e batendo de traseira no muro dos boxes. Então Harvick queria ser campeão sem saber tirar o adversário da frente? Ah, desculpem, ficou de fora da decisão e ficou de maneira mais que merecida. Piloto de NASCAR que não sabe fazer essa manobra direito nem deveria poder ir para os playoffs, esse cara chegou longe demais.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini