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O risco da desinformação e a ética da mídia PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 14 October 2020 21:55

Caros Amigos, a velocidade da informação nos últimos tempos, com o advento da internet tornou-se algo incrivelmente fantástico... e incrivelmente perigoso à medida que nem tudo que é divulgado com esta impressionante velocidade é verdade, mentira ou meias verdades.

 

Neste complexo processo, a imprensa, através de todos os seus canais de mídia (escrita, falada, televisiva, eletrônica, etc.) tem uma imensa responsabilidade sobre o que vão comunicar e como vão comunicar para garantir que as informações cheguem de forma plena, correta e verdadeira àqueles que a recebem.

 

Eu tenho por hábito, no final da noite, ler alguns dos sites da mídia esportiva voltados para o esporte a motor, alguns em inglês, outros em português, algo que por vezes inspira este canal de reflexão que partilho com meus estimados leitores todas as quintas-feiras, mas que principalmente ajudam-me – como fã das competições – a me manter informado sobre o que anda acontecendo neste meio que me atrai desde a infância.

 

Infelizmente não são raras as vezes que me deparo com situações onde questiono – interiormente, a princípio – e por vezes externo, como farei agora, qual o verdadeiro papel (e compromisso) que os meios de comunicação deveriam assumir – e cumprir – para com o público, para com a ética profissional e para com suas próprias consciências ao divulgar fatos inverídicos ou meias verdades.

 

Na noite de ontem li em um destes portais de mídia do nosso seguimento (um dos maiores, com sedes fora do Brasil), que leio tanto a página nacional quanto algumas internacionais, sobre o êxito alcançado pela jovem piloto paulista Julia Ayoub ao classificar-se para a etapa final do projeto da Federação Internacional de Automobilismo em parceria com a Academia de Pilotos da Ferrari como sendo uma das 12 selecionadas em um processo que começou com 70 jovens pelo mundo e que em sua segunda fase reuniu 20 destas adolescentes (entre 14 e 16 anos) no circuito de Paul Ricard.

 

Destas, 12 foram selecionadas para as etapas seguintes, que terá seu encerramento no início de novembro, também em Paul Ricard, onde 4 finalistas seguirão para a Academia de Pilotos da Ferrari e a vencedora irá disputar em 2021 a mais competitiva categoria de F4 do planeta, o campeonato italiano, que tem grids de 30 carros. Mas aonde estaria o motivo da minha indignação?

 

Um outro veículo que também leio deu a notícia de forma completa – algo que eu já sabia previamente – de que entre as 20 pilotos que seguiram para Paul Ricard estava, alem de Julia Ayoub, a catarinense Antonella Bassani também tomou parte deste projeto da FIA e também foi classificada entre as 12 selecionadas que continuam disputando o cobiçado lugar na Academia de Pilotos da Ferrari e o cockpit do F4 para a temporada de 2021.

 

Lamentavelmente não é a primeira vez que tomamos ciência deste tipo de atitude por parte de alguns meios da mídia, que deveriam ter por dever – e antes de qualquer relação pessoal e/ou comercial – informar sem distinção ou benefícios. Há bem pouco tempo, enquanto disputavam a F4 na Itália e Alemanha, Enzo Fittipaldi sequer era mencionado por um dos grandes veículos nacionais enquanto o outro piloto brasileiro, correndo na mesma equipe, Gianluca Petecof, tinha seus feitos nos finais de semana amplamente divulgados. No final da temporada, diante do inevitável, com a conquista do campeonato italiano por Enzo Fittipaldi, o referido veículo de mídia viu-se obrigado a noticiar o fato.

 

Há no passado mais distante o emblemático caso de Nelson Piquet e Chico Serra, quando ambos corriam os campeonatos de 1978 na F3 inglesa e que as manchetes de um determinado grupo de imprensa escrita dava manchetes para os feitos de Serra, mesmo quando Piquet vencia as corridas. Com o acesso à informação dos tempos em que vivemos, onde diversos veículos dão a mesma notícia (em muitos casos garimpadas de uma mesma fonte), os mais éticos tem a decência de divulgar a informação por inteiro.

 

Espero que os editores destes veículos de mídia, os quais não mencionarei por motivos éticos, leiam esta coluna e que, mesmo tendo assumido – se for o caso – compromissos comerciais com patrocinadores, não omitam a notícia. O esporte a motor brasileiro já tem carências suficientes, não precisa de desserviços com estes e jovens como Antonella Bassani não merecem ser tratadas deste jeito.

 

Apenas para que seja feito o devido registro – e que nenhum dos veículos de mídia noticiou – a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) custeou as passagens das duas pilotos para a Europa. Mas querer que a nossa mídia elogie a CBA é algo extremamente surreal.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva