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Lewis Hamilton: piloto, campeão, homem e cidadão do mundo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 29 September 2020 11:02

Olá fãs do automobilismo,

 

Quando eu era estudante na faculdade de Psicologia em Maringá eu era toda envolvida com as coisas do Diretório Acadêmico, mas não com as coisas da política, eu gostava dos projetos voltados para ações sociais, algo que sempre considerei ser um braço da psicologia.

 

A ação para o bem estar não se limita ao bem estar físico, precisa atingir o bem estar mental e estes, juntos, serem a base do bem estar social. E nisso em tenho me tornado cada vez mais fã do Lewis e tê-lo como meu paciente há tantos anos, período em que o vi crescer imensamente como pessoa e não apenas como atleta.

 

Neste período que antecedeu o GP da Rússia, Lewis teve mais uma de suas sessões regulares comigo e ele pediu para trabalharmos mais neste seguimento que ele vem assumindo como voz e personalidade à frente das ações anti-racistas que tem crescido pelo mundo nos últimos meses. Como todos nós temos visto, Lewis tornou-se um grande protagonista nos movimentos e incomodado algumas pessoas.

 

Aos 35 anos, na plenitude da carreira, sendo hoje o maior nome da Fórmula 1 e um dos maiores desportistas do mundo, Lewis assumiu este ano um lado social e político (quando falo político, falo de posicionamento por direitos e não por ideologias) que não tem precedentes na história do automobilismo e ele está determinado a confrontar aqueles que afirmam que ele deveria se concentrar nas corridas em vez de se envolver na política e nos movimentos pelos direitos civis.

 

 

 

Com uma autocrítica surpreendente, ele afirma que é ótimo vencer campeonatos mundiais, vencer corridas, alegras as pessoas que torcem por ele, mas, questiona-se: o que isso realmente significa?' Quando um piloto se aposenta das corridas e tem um, ou dois, sabe Deus quantos campeonatos, o que isso realmente significa?  Números, salas e paredes de troféus, fotos em casa, na mídia, na internet. Com que idade isso acontece? Sua vida acaba ali? Não vai significar nada se você não fizer nada para fazer, com a importância que você conquistou algo capaz de melhorar realmente o mundo.

 

Desde antes do início desta atípica temporada da Fórmula 1, Lewis tem falado abertamente contra o racismo. Na postagem de 2 de junho, ele disse que estava completamente dominado pela raiva ao ver tal desprezo flagrante pela vida de nos negros pelo mundo e em particular nos EUA, descrevendo a semana após a morte de George Floyd em 25 de maio – depois que o policial Derek Chauvin se ajoelhou em seu pescoço por quase nove minutos – como “muito escura”, e afirmou que os EUA não é o único pais onde atos racistas acontecem.

 

 

 

Com o rosto encoberto pela máscara e com óculos escuros (mas com suas tatuagens à mostra, onde os mais atentos devem ter percebido que não se tratava de apenas mais um manifestante), juntou-se a multidão que cruzou o Hyde Park em Londres em um protesto do movimento “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam), gritando palavras de ordem, carregando cartazes e pondo pra fora todo o sentimento que o tomou diante do que se apresentou de forma gritante ao longo do ano.

 

Lewis insiste que não será silenciado por seus críticos enquanto pressiona por mudanças positivas na F1 e na sociedade em geral. O piloto da Mercedes lidera a luta contra o racismo e a discriminação no alto nível do automobilismo. Ele está criando uma comissão em seu nome para investigar as razões da falta de diversidade e fornecer mais oportunidades para pessoas de uma ampla gama de origens.

 

 

 

O estatuto da FIA diz que a entidade deve abster-se de manifestar discriminação em razão de raça, cor da pele, sexo, orientação sexual, origem étnica ou social, idioma, religião, opinião filosófica ou política, situação familiar ou deficiência no curso de suas atividades e de tomar qualquer ação a esse respeito, mas desde o início da temporada, permitiu os atos contra o racismo liderado por Lewis e estampou nos boxes e nos carros de apoio da categoria um arco íris com todas as cores e a frase “We Race As One” (Nós corremos como um só).

 

Tal medida, por si, já confrontaria o artigo 10.6.2 do Código Desportivo Internacional , que diz: “Os competidores que participam de Competições Internacionais não estão autorizados a afixar em seus automóveis publicidade de natureza política ou religiosa ou que seja prejudicial aos interesses da FIA”. Mas Lewis foi mais além na corrida de Mugello.

 

 

 

Ele circulou pelos boxes, foi para o grid – e depois da vitória, para o pódio – com uma camiseta com as palavras “PRENDAM OS POLICIAIS QUE MATARAM BREONNA TAYLOR” na frente e “DIGA SEU NOME” acima de uma foto de Taylor nas costas. Isso parece ter ultrapassado um certo limite estabelecido pela FIA na aceitação e mesmo da participação dos protestos contra o racismo que vem acontecendo desde o GP da Áustria.

 

O amadurecimento da consciência de uma pessoa passa por muitas coisas e ele se referiu ao seu ídolo, Ayrton Senna, que ajudava pessoas, que criou um instituto para ajudar na educação infantil no Brasil e é isso que Lewis está buscando hoje, expandindo as fronteiras do cockpit, da Fórmula 1, do automobilismo. Lewis diz que não vai parar e não vai se deixar intimidar, mesmo em um país que persegue minorias como a Rússia. #aceleralewis.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares