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Claire Williams e o fim de um ciclo na Fórmula 1 PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 08 September 2020 23:58

Olá Fãs do esporte a motor,

 

Em todo tratamento terapêutico temos diferentes fases, que podem ser cíclicas ou não. Cada paciente tem uma vida fora do consultório do terapeuta e o que acontece na vida desse paciente pode provocar reações maiores ou menores, estimulantes ou não.

 

Neste último ano um dos pacientes que mais me preocupou foi Claire Williams. As situações que ela veio enfrentando nos últimos anos e em particular nos últimos meses a fez perder peso, ganhar cabelos brancos, ter noites de insônia, entre outras coisas típicas de uma pessoa sob enorme pressão psicológica.

 

No final do mês de agosto concretizou-se a venda da equipe para o grupo de investimentos norte americano Dorilton Capital, com sede em New York. A equipe atual (Williams Grand Prix Engineering) foi formada em 1977 com Frank Williams comandando a operação e Patrick Head servindo como diretor técnico. Antes dela seu pai, Sir Frank, teve a Frank Williams Cars, que corria com modelos alugados da Surtees e da March no final dos anos 60, início dos anos 70.

 

 Nos últimos anos Claire Williams teve sobre os ombros a responsabilidade de manter vivo o legado de sua família.

 

Claire passou a fazer sessões semanais desde junho e eu precisei fazer um arranjo nos meus horários para fazer isso... tem horas que você tem que ir além na ajuda que precisa dar aos seus pacientes e Claire precisava daquilo. Nos falamos antes e depois do GP de Monza, o último que ela compareceu como dirigente da equipe fundada pelo seu pai. Apesar de o acordo ter garantido que a equipe continuará a competir sob a marca Williams e manterá sua sede e liderança no Reino Unido, estava tudo diferente em sua cabeça.

 

Comercialmente, o um negócio que avalia a equipe em 152 milhões de Euros (60% do valor de mercado calculado na bolsa de Frankfurt), incluindo dívidas, vai garantir uma condição tranquila para a família, uma vez que a divisão de engenharia e tecnologia é uma empresa à parte e vai continuar com seus clientes e com um faturamento de 100 milhões de libras. Contudo, uma não investia na outra, apesar da empresa de tecnologia ter nascido do que a equipe de F1 gerou.

 

 Foram vários momentos de emoção durante o final de semana em Monza. Era um ciclo que se encerrava na Fórmula 1.

 

Anunciada a venda ocorre apenas um dia depois que as equipes da categoria assinaram junto com a FOM e a FIA o “Pacto da Concórdia”, com validade de 5 anos, vinculando as equipes à competição pelas regras neste estabelecidas, os novos donos já saberiam exatamente aquilo que teriam que cumprir, assim como a FOM irá distribuir a parte que cabe para a equipe para 2021 e não como sendo uma equipe nova.

 

Claire falava sobre números sem parar nas nossas sessões antes da corrida de Spa-Francorchamps e eu tentava fazer com que ela tentasse se desligar daqueles números que a faziam sofrer para lembrar dos números que fizeram da Williams uma das equipes mais vitoriosas da história da categoria, com com 114 vitórias e 16 títulos, com uma galeria de grandes pilotos que honraram o nome de sua família, que brigaram para pilotar para eles como Alan Jones, Keke Rosberg, Nelson Piquet, Nigel Mansell, Alain Prost e Ayrton Senna, que fez filhos como Damon Hill e Jacques Villeneuve honrarem seus pais com títulos mundiais.

 

 No domingo, Claire fez questão de ir para frente dos boxes e dar a ordem de saída dos carros para pista em seu último GP.

 

Ela disse que nunca foi tão difícil parar diante de um microfone e anunciar de viva voz o destino da equipe. Foi com o coração pesado que ela comunicou seu afastamento da direção da Williams para depois da corrida em Monza. Claire esperava continuar sua gestão por muito tempo no futuro e preservar o legado da família Williams para a próxima geração (ela tem um filho de 2 anos de idade). No fim, com resignação, disse acreditar que aquela era a melhor decisão a ser tomada.

 

Claire cresceu dentro da equipe, foi assessora de imprensa, circulava na fábrica e nas garagens desde antes de construírem a grande sede em Grove. Ela lembra que o automobilismo na sua família era, antes de qualquer coisa, uma questão de amor. Inclusive os novos proprietários os encorajaram a continuar, mas eles decidiram que era o momento certo para se afastar, mesmo sendo um momento difícil.

 

 A equipe vai continuar com seu nome e Sir Frank sempre terá o respeito de todos no mundo do automobilismo.

 

Ela disse que gostaria de continuar fazendo sessões regulares comigo, mesmo estando longe das competições, do circo. Lógico que eu disse que sim, que teria o maior prazer em tê-la como minha paciente pelo tempo que achássemos que isso seria produtivo para nós duas. Sim, o terapeuta também tem uma relação produtiva quando faz o acompanhamento de seus pacientes. Ele cresce, evolue, melhora como pessoa.

 

O nome Williams continuará nas pistas como foi acordado com o grupo investidor. O legado destas quatro décadas permanecerão vivos e Sir Frank, Patrick Head e ela, Claire, sempre farão parte da história.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares