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Monza francesa, overdose de endurance, WRC e a dama de negro PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 07 September 2020 09:35

Olá leitores!

 

Um final de semana como não víamos há muito tempo, não apenas repleto de corridas como de corridas de alta qualidade, seja com rodas descobertas ou cobertas. Dessa vez não deu para o fã verdadeiro de corridas reclamar...

 

Começando com a categoria rainha, que já antes dos treinos teve uma grande notícia, a substituição da marca Renault a partir do ano que vem pela marca Alpine, tradicional “atelier” de preparação criado no Pós-Segunda Guerra Mundial por Jéan Rédélé, à época o mais jovem dono de concessionária Renault da França ao suceder seu pai na administração do negócio. Jéan tinha a visão que a competição era a melhor bancada de testes para os carros de série e a vitória o melhor argumento de vendas, e assim (sempre com mecânica Renault, por motivos óbvios) começou a desenvolver seus modelos modificados, que receberam o nome Alpine em homenagem à enorme diversão que ele teve pilotando um Renault 4CV com modificações me um rally nos Alpes. Com o tempo (e com o sucesso nas competições que participava) a Société des Automobiles Alpine foi encampada pela Renault, e nos anos 70 a Renault era representada no então fortíssimo Mundial de Endurance pelos protótipos Alpine-Renault. Com esse pedigree todo, e já contando com a participação do nome Alpine na categoria LMP2 do WEC, a equipe de fábrica da Renault será chamada de Alpine e, provavelmente, deve adotar o tradicional azul da Alpine ao invés do amarelo que historicamente caracteriza os Renault de competição.

 

No tocante à corrida, felizmente mais uma vez a pista de Monza, em um ano de domínio absoluto de uma equipe (assim como em 1988), foi aquela em que alguma coisa de diferente aconteceu. Tínhamos tudo para uma corrida digna de soporífero de tarja preta, mas uma série de acontecimentos fizeram a corrida ser – de longe até o momento – a melhor da temporada (e pessoalmente acho quase impossível que alguma outra etapa até o final do ano produza uma corrida tão boa), até mesmo obscurecendo o pífio desempenho da Vermelhinha de Maranello, que em um dos carros (o do Vettel) teve problema de freio exatamente como o meu Chevrolet Astra GL 2001 teve essa semana que passou e o outro carro foi parar na barreira de pneus após o Leclerc tentar andar mais rápido do que o carro permitia e perder o controle na saída da Parabólica. Conforme disse semana passada, e continuo sustentando a posição, o preço pago pela não desclassificação na temporada passada foi alto demais... mas isso não quer dizer que o hino italiano não foi ouvido no pódio: afinal de contas, a Alpha Tauri é a antiga Toro Rosso, que por sua vez foi antecedida pela Minardi, tanto que sua sede continua em Faenza. E a segunda vitória da equipe (considerando essa linha do tempo) foi na mesma pista, apenas dessa vez foi com tempo seco e não sob chuva. Um pódio absolutamente improvável, com 3 pilotos subindo ao pódio pela 2ª vez na Fórmula 1, e pela primeira vez desde o GP da Hungria de 2012 no pódio não tinha nenhum piloto com carro da Mercedes, Ferrari ou Red Bull. Também foi a primeira vez na era híbrida que a Mercedes não conseguiu colocar nenhum piloto no pódio e a primeira vez desde 1995 que a Ferrari não consegue levar nenhum dos dois carros até a bandeirada de chegada em Monza.

 

Vitória de Pierre Gasly, a primeira de um francês desde Olivier Panis (então na Ligier) no GP de Mônaco de 1996, a primeira vitória da Alpha Tauri com esse nome, e eu imagino que um sorriso bem amarelo nas entranhas do boxe da Red Bull... queria saber a expressão do Helmut Marko, o “especialista” que rebaixou o Gasly da Red Bull pra Toro Rosso/Alpha Tauri. Gasly provou que é um piloto com mais qualidades que o Ciclope reconhece. Fez as últimas voltas no limite absoluto do carro, com pneus gastos, um desempenho definitivamente “de gente grande” para o jovem (24 anos) piloto nascido em Rouen. Seu companheiro Daniil Kvyat (9º) não se deu bem na estratégia com as entradas de safety-car e a bandeira vermelha para reconstruir a barreira de pneus desmontada pela batida do Leclerc, mas ao menos foi combativo durante a corrida e participou de algumas boas disputas, levando 2 pontos no campeonato como consolação e prêmio pelo esforço demonstrado.

 

Em 2º chegou Carlos Sainz Jr., que tentou bravamente alcançar Gasly, aproximou-se bastante, demonstrou um ritmo de corrida bastante forte, fez uma excelente corrida, só faltou a chance real de disputar a primeira posição. Ótimo desempenho da McLaren do piloto espanhol. Seu companheiro Lando Norris (4º) reclamou da regra que permite a troca de pneus em regime de bandeira vermelha, achando que poderia estar também no pódio se não houvesse essa possibilidade, mas na verdade não tem tanto a reclamar, fez uma grande corrida e mostrou que em pistas de alta o carro da McLaren tem condição de ser competitivo.

 

Em 3º terminou Lance Stroll, em seu primeiro pódio desde o GP de Baku de 2017, fazendo uma corrida bastante consistente, e eu não temo dizer que, se tivesse ido bem na relargada poderia ter chegado em 2º lugar sem problemas. Falta a ele repetir mais vezes esse padrão de desempenho para conseguir maiores pontuações no campeonato... seu companheiro Sérgio Pérez (10º) não teve muito o que agradecer: foi atrapalhado pelo Lando Norris quando esse reduziu excessivamente a velocidade na entrada do pit lane, depois foi tocado pelo Max Verstappen e teve que seguir até o fim com o carro ligeiramente danificado... o solitário ponto que levou é quase um prêmio devido às circunstâncias.

 

Em 5º chegou Valtteri Bottas, reclamando muito do comportamento do carro, do mapeamento do motor, do superaquecimento quando estava próximo a outro carro... fiquei imaginando se ele pilotasse algo realmente ruim como as Haas ou a Ferrari de 2020... seu companheiro Lewis Hamilton fez o que faz de melhor quando as coisas não vão 100% de acordo com o que ele quer: reclamou, reclamou muito, reclamou com força, ficou indignado durante a bandeira vermelha e foi na sala dos comissários para questionar a punição que recebeu por entrar para troca dos pneus quando o pit-lane estava fechado... aproveitando que estava na Itália, resolveu ter comportamento de ‘prima donna de ópera’. A punição foi didática, ensinou para ele que não é tão fácil assim ultrapassar os outros quando não está isolado na liderança e com as bandeiras azuis sendo agitadas para os retardatários saírem da frente sem oferecer resistência... mesmo com um carro enormemente superior à concorrência, não conseguiu passar do 7º lugar – o que já é ótimo, levando em consideração que após a parada de 10 segundos nos boxes ele voltou 26 segundos atrás do penúltimo colocado. Provavelmente deve vencer todas as outras corridas até o final da temporada, tanto pelo fato do carro Mercedes ser muito superior aos outros como pelo fato de ter um peso morto como colega de equipe, que apenas consegue chegar perto durante os treinos.

 

Em 6º chegou Daniel Ricciardo, satisfeito com o que extraiu do carro, mas com a sensação que poderia ter conseguido algo a mais ainda. Grande ritmo de corrida, levemente prejudicado pela entrada primeiro do safety-car e depois pela bandeira vermelha. Seu companheiro Esteban Ocon (8º) foi outro cuja estratégia foi por água abaixo com a bandeira vermelha, e considerando tudo até que a posição não fui ruim.

 

Próxima prova será em Mugello, pista com algumas curvas velozes e uma enorme reta dos boxes, a milésima corrida da história da Ferrari em uma pista que pertence à própria equipe, justamente no ano em que eles estão competindo com um motor que é quase digno de Fiat Mobi ou Fiat Panda... enfim, se a prova for metade tão boa quanto foi essa, já será ótima.

 

Indo para as outras categorias, no sábado aconteceu no autódromo de Pinhais (região metropolitana de Curitiba) a segunda etapa do Endurance Brasil, corrida das mais interessantes de se acompanhar justamente por conta da diversidade de categorias. São 3 categorias de protótipos (P1, P2 e P3) mais 4 de GTs (GT3, GT3 light, GT4 e GT4 light, sendo que as light são para carros mais fabricados há mais tempo), então sempre tem alguém disputando posição na sua categoria com outro alguém. A vitória na Geral ficou com o protótipo AJR da JLM Racing pilotado por David Muffato e Pedro Queirolo, com o 2º lugar ocupado pelo Mercedes AMG GT da Mattheis Motorsport pilotado por Xandinho Negrão e Ricardo Zonta (vencedores na GT3) e o 3º lugar geral com o Aston Martin da equipe Tech Force pilotado por Guilherme Ribas e Sergio Ribas, vencedores na GT3 light. Eu confesso que não acostumei com o longo tempo previsto no regulamento da categoria para a parada de reabastecimento, troca de pneus e pilotos, mas concordo que é uma maneira de fazer com que o serviço não seja feito de maneira apressada e sem observar os necessários protocolos de segurança (por exemplo, sair com a mangueira de combustível ainda presa ao carro ou com a roda não devidamente presa). Por muito pouco a corrida não terminou sob bandeira amarela, já que há poucos minutos para o final o Porsche pilotado por Marcel Visconde sofreu um acidente ao tentar ultrapassar um retardatário, batendo com força na mureta que separa a pista das arquibancadas (tristemente vazias por conta da pandemia). Felizmente a equipe de resgate trabalhou com competência e velocidade e conseguimos ter as últimas voltas sob bandeira verde. Pessoalmente gostei bastante da corrida, principalmente pela variedade de carros presentes.

 

Também no sábado tivemos Endurance nos EEUU, com uma prova de 6 horas de duração no belo circuito de Road Atlanta onde – para nossa alegria – tivemos vitória brasileira: o Acura DPi #7 da dupla Ricky Taylor/Hélio Castroneves foi o vencedor após 273 voltas de disputa, sobrepujando o Mazda DPi #55 do trio Jonathan Bomarito/Harry Tincknell/Ryan Hunter-Reay que teve que se contentar com o 2º lugar e o Cadillac DPi #33 do trio Filipe Albuquerque/Pipo Derani/Felipe Nasr fechando o pódio no 3º lugar. A vitória da LMP2 (apenas 2 carros participando...) ficou com o trio Simon Trummer/Scott Huffaker/Patrick Kelly, com Oreca 07 #52. Na GTLM vitória do BMW M8 GTE #25 de Connor De Phillippi/Bruno Spengler, seguido pelo Corvette C8.R #4 de Tommy Milner/Oliver Gavin em 2º e pelo outro BMW M8 GTE da equipe RLL, o #24 de John Edwards/Jesse Krohn. Na GTD a vitória ficou com o Acura NSX GT3 #86 de Mario Farnbacher/Matt McMurry/Shinya Michimi, com o lamborghini Huracán GT3 #48 de Bryan Sellers/Madison Snow/Carey Lewis em 2º lugar e o Porsche 911 GT3R #16 de Patrick Long/Jan Heylen/Ryan Hardwick no 3º lugar.

 

Após um longo intervalo o WRC finalmente voltou, com o Rali da Estônia, e a vitória ficou nas mãos de Ott Tänak (Hyundai), capitalizando o fato de correr em casa e já ter intimidade com o tipo de piso encontrado por lá. Em 2º chegou outro carro da Hyundai, dessa vez com Craig Breen (ótimo resultado da fábrica, aproximando-se na pontuação de Construtores em relação à Toyota) e em 3º lugar, quase 5 segundos atrás de Breen, terminou Sébastien Ogier com seu Yaris, à frente de uma trinca de Toyotas (também correm com a marca japonesa o 4º lugar Elfyn Evans e o 5º Kalle Rovanperä). Maiores e melhores detalhes na coluna de nossos especialistas em rally... (Clique aqui)

 

E a NASCAR foi fazer a primeira prova dos Playoffs na “Dama de Preto”, a desafiadora pista de Darlington, e a corrida não desapontou os fãs: muita movimentação e disputa foram os ingredientes da corrida, que teve Martin Truex Jr. vencendo os 2 primeiros estágios, mas a vitória mais uma vez ficou com Kevin Harvick, dando mais um enorme passo para o título da temporada. Logo em seguida veio Austin Dillon (2º), que pressionou bastante no final da corrida e... eu creio que se a corrida tivesse mais uma ou 2 voltas, a chance de Austin ter ultrapassado o Kevin seria real. Em 3º terminou Joey Logano, mesmo com a traseira do carro danificada por conta de um toque recebido no início do último estágio, em 4º chegou Erik Jones e fechando o Top-5 terminou William Byron. Próxima prova será em outra pista que eu gosto muito, Richmond, e os ânimos por lá costumam esquentar...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini 

 

 

 


Last Updated ( Monday, 07 September 2020 20:44 )