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Albon, a pressão e o sorriso perdido PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 29 August 2020 06:58

Olá fãs do automobilismo,

 

Desde que exerço minha profissão eu nunca tive interesse em trabalhar com crianças ou adolescentes. Com o passar do tempo eu também fui evitando pacientes muito jovens, mas com metade do grid da Fórmula 1 com menos de 25 anos de idade, precisei me adaptar a essa nova realidade.

 

É fato que em diversos seguimentos do esporte existe o amadurecimento precoce do atleta como ser responsável, com um enorme peso e cobrança sobre os ombros e em muitos casos ele ainda é um adolescente. A ginástica artística é o maior – e mais cruel – exemplo disso, mas o automobilismo tem seguido este caminho também.

 

Tenho sido procurada por pais de pilotos do Road to Indy para atender garotos de 15 a 18 anos. Tenho indicado uma colega da universidade para eles, mas eu também precisei mudar isso. Hoje tenho Charles, Lando, Carlos, Pierre e mais recentemente, Alexander.

 

 Deppis de uma escalada de sucesso nas categorias de acesso e um grande desempenho na Toro Rosso, Albon chegou a Red Bull.

 

Nosso trabalho começou por indicação de Sebastian após o GP da Inglaterra. Alexander foi o 8° colocado, algo que a equipe não considera um bom resultado. Na corrida anterior, na Hungria, ele terminou a corrida em 5° lugar, numa boa recuperação, mas o fato de não ter conseguido largar entre os 10 primeiros por duas corridas seguidas começou a criar aquele clima nada amistoso de cobrança pesada que existe nas equipes taurinas.

 

 Na nova equipe "o sarrafo subiu", a cobrança aumentou e a pressão por resultados não costuma permitir erros.

 

Alex é um rapaz muito simpático, sorri com facilidade e conversamos muito sobre assuntos variados na nossa primeira sessão. Falei para ele sobre nosso site de história do automobilismo e perguntei sobre o que ele conhecia do Príncipe Bira”, famoso piloto tailandês que correu na Fórmula 1 nos anos 50 e ele foi bem honesto ao dizer sente muito orgulho pela sua origem familiar, apesar de ter nascido e crescido na Inglaterra, mas confessou não saber quase nada sobre o príncipe piloto.

 

Só entramos mais a fundo no trabalho sobre o automobilismo e os fatores externos ao cockpit na segunda sessão. A Hungria, com sua boa corrida de recuperação já estava distante. Na Fórmula 1 os eventos se dão de forma tão rápida quanto os carros passam nas retas. Nesse aspecto Alexander tem uma maturidade incrível. Ele sabe que pode, caso tenha um problema nos treinos, buscar a compensação na corrida, assim com sabe que seu companheiro de equipe é um fora de série, que é muito difícil mas ele tem consciência que a pressão e a cobrança aumentam a cada grande resultado que Max consegue.

 

 Entre os que pressionam, Verstappen quer um companheiro mais rápido, quer que Albon renda mais e ataque as Mercedes.

 

Mais solto, Alexander diz que sabe o caminho a trilhar, o trabalho a fazer e como fazê-lo bem. Entre uma pausa nas palavras e outra, disse que esse tipo de situação não é novidade em sua vida e que pressões e cobranças ele tem desde os oito anos de idade e que por isso, mesmo ouvindo e lendo coisas, que ele até busca evitar, sabe que tem as coisas sob controle, que não precisa entrar em pânico.

 

Alexander disse que está feliz com a troca de engenheiro. Simon Rennie, ex-engenheiro de corrida de Mark Webber e Daniel Ricciardo, tem uma “milhagem” muito grande e certamente saberá usar essa experiência para ajudá-lo a se aproximar dos tempos do companheiro de equipe Max, que o tem provocado para que ele consiga ajudá-lo a incomodar as Mercedes.

 

 Dentro da equipe, as pressões existem e agora, com um novo engenheiro de corrida, a cobrança por resultados vai aumentar.

 

Para Alexander, que foi promovido no meio da temporada passada para a equipe principal no lugar de Pierre ele sabia o desafio que precisaria enfrentar e que as cobranças seriam maiores na Red Bull. Para ele, ou você tem que ser ambicioso o suficiente para querer estar no melhor carro da melhor equipe ou então é melhor ir para casa e procurar outra coisa para fazer. No automobilismo, ninguém corre para ser segundo, terceiro ou quarto. Assim como ninguém corre para ser superado pelo companheiro de equipe.

 

Apesar disso, Alexander sabe que as próximas corridas serão decisivas para seu futuro na equipe. Com um engenheiro experiente a passar informações para ele, a cobrança tende a aumentar. O engenheiro de corrida é, atualmente, o homem mais importante da equipe. Se você não se dá bem com ele e não confia nele, você tem um problema real. Ter um engenheiro forte é um sinal de que “os resultados precisam vir”.

 

 Um jovem de sorriso amável e fácil. É essa a imagem que queremos ver no seu rosto, Alexander.

 

Meu trabalho com Alexander não vai ser fácil. Preciso ajudá-lo a encontrar o equilíbrio e a tranquilidade em sua mente para que isso se reflita na pista. Preciso trazer para o ambiente dentro da equipe a atmosfera da nossa primeira sessão e fazer com que ele sorria, deixe fluir a velocidade e o talento que o levaram até onde ele está. Que possamos sorrir juntos e cada vez mais, Alexander.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares