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A diplomacia em tempos de guerra PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 19 August 2020 21:54

Caros Amigos, eu já estava com minha coluna desta semana escrita desde cedo quando chegou a mim, através dos nossos parceiros italianos um fato que, diante da sua relevância, eu não poderia deixar de abordar.

 

Farei uso de algo que ouvi há alguns meses quando, em uma de nossas conversas semanais, o meu estimado Comandante Flavio definiu a pandemia como “uma guerra, contra um inimigo invisível, e contra o qual não temos armas para combatê-lo”.

 

Ao longo da história da humanidade, na narrativa das inúmeras guerras travadas, independente de suas motivações, sempre houve em paralelo a estas ações bélicas, grandes esforços diplomáticos para que estas guerras parassem de sangrar ambas as partes.

 

Desde que assumiu o controle da Fórmula 1, o Grupo Liberty Media tinha uma guerra pela frente: fazer com que a categoria mudasse sua visão sobre como estava estruturada, buscando trazer um maior equilíbrio nas disputas e uma menor disparidade orçamentária. Somado a isso, os novos gestores ainda tinham diversos contratos com autódromos a serem renovados e – o maior de todos – garantir que as equipes concordassem com suas ideias e assinassem o “Pacto da Concórdia”!

 

Este documento, onde todas as equipes concordam em manter o campeonato (e sua permanência nele) até 2025, com regras praticamente dentro do que o Grupo Liberty Media veio propondo ao longo destes últimos anos. Evidentemente que, na negociação da diplomacia nesta guerra de interesses, algumas prerrogativas foram conservadas como o “direito de veto” da Ferrari, algo que o atual grupo gestor não via com bons olhos.

 

O acordo, que recebe o nome da praça onde fica a sede da Federação Internacional de Automobilismo, busca garantir um futuro sustentável de longo prazo para a Fórmula 1 (embora seja válido por 5 anos. O anterior teve 8 anos de duração) e combinado com os novos regulamentos, anunciados em outubro de 2019 que entrarão em vigor em 2022, diminuir as disparidades financeiras e na pista entre equipes, ajudar a nivelar os valores na pista, criar corridas com disputas mais equilibradas, um anseio dos fãs de uma forma geral. Com corridas mais disputadas a FOM quer beneficiar todas as equipes e ajudar a aumentar o crescimento global da Fórmula 1.

 

Chase Carey, que está com sua aposentadoria encaminhada, conseguiu cumprir esta que se desenhava como sua última missão perante o Grupo Liberty Media e agora o processo de transição poderá ter seguimento e isso pode vir reacender a celeuma do ano passado, quando o nome de Toto Wolff surgiu como potencial sucessor do executivo norte americano e a Ferrari se posicionou radicalmente contra, movimento que não se viu quando Jean Todt, que por anos dirigiu a Ferrari em seu período mais vitorioso, foi eleito e vem sendo reeleito para a presidência da FIA. Este é um ponto que ainda não está definido entre os interessados, apesar dos rumores de que Toto Wolff não continuaria à frente da Mercedes no próximo ano. Um período sabático antes de assumir o novo cargo? Quem sabe.

 

Todt, por sinal, celebrou a assinatura – que ele, pela FIA, também assina – afirmando que, assinado este pacto, um novo e emocionante capítulo na história do esporte a motor estava prestes a começar, dado o desafio global nunca antes visto (referindo-se à pandemia) e que todos tiveram que lidar no mundo, celebrando também o compromisso que as equipes, principalmente, assumiram para que houvesse um entendimento para bem do esporte.

É fato que este ano – e até quem sabe o próximo – sejam anos difíceis para a todos os envolvidos no negócio Fórmula 1 e a diplomacia precisará ter um peso maior do que as guerras travadas, sejam estas nas pistas, mas muito mais nos bastidores.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva