Nesses tempos de pandemia (que aqui em Minas Gerais como um todo e na Grande Belo Horizonte está um pandemônio), profissionais da minha área (para quem não sabe ou não se importou das outras vezes que mencionei, sou corretor de imóveis), tiveram que se adaptar e viramos “corretores on line”.

Uma coisa muito boa nessa “novidade” é fazer os plantões em casa e poder ficar os finais de semana perto da família e longe das obras, podendo almoçar com eles, especialmente aos domingos, e – claro – assistir as corridas de Fórmula 1 e outras categorias sem ter que apelar para a tela minúscula do celular ou para os VTs no final da tarde.

O que eu não contava era com a programação dos meus filhos em assistir uma “maratona Harry Potter” com alguns amigos e amigas justamente nesse final de semana que o “ex-dimenor”, Max Verstappen, deu um “cala a boca” nos estrategistas da equipe Red Bull, um nó na cabeça do pessoal da Mercedes e ganhou com categoria de campeão o GP comemorativo dos 70 anos da Fórmula 1 (que na verdade foi em maio), disputado este final de semana.

 Será que qualquer semelhança é mera coincidência? Em todo caso, está evidente que Mattia Binotto não tem poderes mágicos.

Bom, tive que usar da minha “psicologia de vendedor” para “vender a ideia” de que eu também queria ver o Harry Potter, mas que depois que ele ficou adulto, perdeu seus poderes mágicos, teve que arrumar um emprego na Itália e que recentemente tinha “caído da vassoura”. Imaginem a cara dos fãs do bruxo? Não entenderam nada até eu mostrar uma foto do Mattia Binotto e arrancar gargalhadas na sala. Todos acharam o não mais diretor técnico da Scuderia Ferrari a cara do bruxo!

Seja ou fosse ele ou não, a verdade é que o italiano continua chefe da equipe na pista, continua lá no Pit Wall e a equipe... bom, continua sem rumo como baratas depois de uma borrifada das grandes de inseticida. Na verdade, a “queda da vassoura” aconteceu depois do desastroso GP da Styria, com a bizarra batida entre as duas Ferraris como também foi na Hungria, quando o princepezinho monegasco não conseguiu tirar leite de pedra como havia feito na primeira corrida na Áustria.

 Responsável pela melhoria dos motores da equipe depois do regulamento de 2014, Binotto foi promovido a "capo" na equipe.

Após as três primeiras corridas, os construtores decidiram reorganizar a equipe de gerenciamento. “Harry Binotto” disse “estar muito ocupado com todas as tarefas e sem tempo para fazer nada de qualquer maneira e eu fico curioso para saber o que tanto ele estava fazendo, uma vez que os erros de estratégia da equipe se repetiram na Inglaterra, como “Darth” Vettel não poupou o pessoal da mureta e mandou em alto e bom tom via rádio o que ele pensava, mesmo depois da rodada no início da primeira volta.

A Ferrari vai chegar em Barcelona numa irreal terceira posição no campeonato uma vez que puniram a “Racing Daddy” (como chama nosso colunista, Alexandre Gargamel) em 15 pontos pelo “copy/paste” dos dutos de refrigeração de freios da Mercedes (só isso? É sério?) e outras equipes, inclusive a Ferrari, querem protestar mais e punir mais a equipe da família Stroll... e sem perspectivas de melhoras.

 Não foram poucas as vezes que a Ferrari errou nas estratégias escolhidas para seus carros nas corridas, especialmente este ano.

As expectativas dos “Cavalinhos Rampantes” eram altíssimas após o lançamento do SF1000, mas o corcel deu suas trupicadas de pangaré ainda no túnel de vento e quando foi para a pista nos testes de inverno, ficou evidente que o cavalo era manco. Questões técnicas, problemas de gerenciamento e em algum lugar ao longo processo, coisas deram errado. As lutas da Ferrari estão abertas para todos verem. Eles sofreram uma série de desempenhos ruins e foram atormentados pelo mesmo no Circuito de Silverstone. A equipe não ganhou uma única corrida até agora.

A Mercedes vem dominando a F1 desde que as regras dos motores foram alteradas para 2014, uma revisão regulamentar que a Ferrari não conseguiu encontrar o caminho da competitividade. A “Casa di Mama Giovana”, vulgo Maranello, levou cinco anos para encontrar uma forma de recuperação contra esse erro, embora sua melhor temporada estatisticamente em uma década ainda não tenha sido suficiente para negar à Mercedes outro título pilotos e construtores em 2018.

 A pressão foi grande. A pressão na Ferrari sempre é grande e Binotto perdeu o cargo de "capo", mas continua no Pit Wall.

Daí veio 2019 e as coisas nebulosas com o desempenho fantástico (e ilegal) que a FIA colocou debaixo de um dos taprtes do prédio na Praça da Concórdia. Na abertura do campeonato, os carros vermelhos foram quase um segundo mais lentos que os carros do ano anterior!

Quando o antecessor do “Harry Potter”, aquele outro italiano que tinha cara de chefe da Camorra (Maurizio Arrivabene) foi dispensado, Mattia Binotto, que havia assumido o comando do desenvolvimento de motores da Ferrari após seu desempenho sombrio no início da era turbo-híbrida V6 da F1 em 2014. Ele foi promovido a um cargo de chefe técnico geral em meados de 2016, como parte de uma revisão projetada pelo então presidente e CEO Sergio Marchionne. A Scuderia reduziu a distância para a líder Mercedes, mas o “último salto” foi pouco lícito. E aí, complicou!

 De erros em erros (sim, no plural) sob a liderança de Mattia Binotto as coisas continuam "voando sem direção" em Maranello.

A coisa está tão complicada lá em Maranello que ainda não estava claro quem substituirá Binotto como chefe do departamento técnico da Ferrari, mas há sugestões que a equipe possa optar por simplesmente entregar mais responsabilidade ao chefe de aeronaves Enrico Cardile e ao chefe do departamento de motores Corrado Iotti. Enquanto isso, o cavalinho trupica e manca, enquanto “Harry Potter” não se acerta com sua vassoura, não faz mágica e bate a cara contra o Pit Wall... ou algum poste!

Abraços,

Mauricio Paiva