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Que delicia de final de semana PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 03 August 2020 08:08

Olá leitores!

 

Que delicia de final de semana! Um final de semana com roteiros diversos, tão inesperados que nem mesmo os melhores roteiristas de Hollywood conseguiriam criar. Carro terminando corrida com o aerofólio sustentado por cabo de vassoura? Tivemos. Carro cruzando a linha de chegada com os restos do pneu presos à roda? Tivemos. Chuva torrencial no final da prova fazendo carros na parte de cima da pontuação abandonarem? Tivemos. Atual campeão abandonando a corrida logo no começo da prova? Tivemos. E aí, Steven Spielberg, vai encarar?

 

Começando pela categoria rainha, a Fórmula 1, que mostrou definitivamente que a categoria voltou a 1988, em uma versão piorada... afinal, em 1988 existia um domínio completo e absoluto da McLaren, mas ao menos os dois pilotos competiam pela vitória. Agora a Mercedes tem um piloto e um pastel de vento ocupando os cockpits, então... quem também voltou ao passado é a Ferrari, que parece estar de volta ao ano de 1980 e ao malfadado projeto 312T5, um dos maiores fiascos da história da equipe nas pistas. Leclerc fazendo o papel do Gilles Villeneuve, arrancando do carro um desempenho que ele definitivamente não tem, e Vettel fazendo o papel do Scheckter, sofrendo com a falta de competitividade do carro. E para completar a volta ao passado temos o novo Chris Amon, que é o Nico Hülkemberg. Graças à irresponsabilidade do Sérgio Pérez, que no intervalo entre o GP da Hungria e o GP da Inglaterra resolveu não apenas ir visitar a mãe no México (não faz muito sentido, mas por ser a mãe a gente perdoa) como foi passar alguns dias na Itália, aparecendo nos dois países em alguns eventos sociais, com aglomeração e sem máscara. Pois é, o “jênio” da espécie humana, graças a esse tour, foi diagnosticado com COVID-19 no meio da semana... às pressas, a Racing Daddy, digo, Racing Point buscou o Hülkemberg para correr no lugar do mexicano, que deve agora ficar pelo menos 10 dias afastado, perdendo os dois finais de semana de corrida em Silverstone. Sorte do Hülkemberg? Pode-se dizer que sim... treinou sexta-feira, sábado, e no dia da corrida... de acordo com as informações oficiais da equipe, o carro apresentou problemas para ligar e ele nem conseguiu sair para a volta de alinhamento. Definitivamente, um Chris Amon.

 

No tocante à corrida, a vitória teria sido uma das mais fáceis da vida do Lewis Hamilton se a prova tivesse uma volta a menos... pouco após a abertura da última volta, furou o pneu dianteiro esquerdo do Hamilton, o mesmo que já tinha acontecido na volta anterior com seu escudeiro de equipe, e Hamilton – extremamente bafejado pela Sorte – foi capaz de levar o carro com o pneu furado e, nos últimos metros, em frangalhos, à bandeirada em primeiro lugar. Foi a versão Hamilton daquela vitória do Senna no Brasil com o câmbio travado em 6ª marcha. Será igualmente lembrado pelas gerações futuras. Já o Sancho Pança, digo, Valtteri Bottas, além de ter furado o pneu uma volta antes teve o azar do furo se manifestar logo após ter passado a entrada dos boxes... teve que fazer uma volta inteira devagar, e mesmo com os pneus macios não conseguiu retornar à zona de pontos, terminando em um decepcionante 11º lugar.

 

Em 2º chegou Max Verstappen, que passou boa parte da corrida em 3º lugar, sem conseguir alcançar os carros da Mercedes, que realmente fizeram uma corrida à parte. As intervenções do safety-car na primeira metade da corrida fizeram ele se aproximar da equipe alemã, mas dada a relargada ele perdia contato novamente. O 2º lugar foi consequência direta do furo de pneu do Bottas... e não, não acho que ele teria vencido se não tivesse parado para colocar os pneus macios para conseguir o ponto da melhor volta da corrida. Não tinha como prever que o Hamilton teria o furo de pneu, e haveria a possibilidade de ele mesmo sofrer com um pneu furado. Estratégia foi certa, o que falta é um pouco mais de motor para andar mais próximo da Mercedes. Mas como cada vez que alguma equipe rival consegue chegar perto da Mercedes a FIACEDES arruma algum ponto de “irregularidade técnica”, então... enquanto Verstappen fez uma grande corrida, seu companheiro Alexander Albon (8º) foi... decepcionante. Primeiro se envolveu em um acidente com o Kevin Magnussen no qual o Magnussen não teve culpa alguma, a afobação toda de tentar achar um espaço inexistente foi do Albon, depois merecidamente recebeu uma punição de 5 segundos que, a meu ver, ficou BEM barata pelos padrões da FIA... fosse o Magnussen, o Grosjean ou o Kvyat a provocar o acidente, teria vindo a previsível punição de 10 segundos. Mas, enfim, cabeça de comissário é sempre uma caixinha de surpresas.

 

Em 3º lugar terminou Charles Leclerc, coroando um final de semana no qual ele mostrou ser merecida a esperança depositada pela equipe nele para o futuro. O lugar real desse carro atual da Ferrari, sem o piloto arrancar Chianti da pedra, é por volta do 7º, quiçá 6º lugar. Leclerc classificou o carro em 4º e nessa posição ficou até que o pneu do Bottas furou. Mais realístico foi o resultado do Vettel, que com falta de confiança no carro por conta da série de problemas mostrados nos treinos (inclusive um problema de pedal solto – sim, PEDAL SOLTO, e não estamos nos referindo a Minardi, Scuderia Italia, Coloni, Andrea Moda, Forti Corse... é FERRARI...), não conseguiu acelerar tanto quanto o Charles e acabou, com o problema do Mercedes #77, chegando em 10º lugar e recebendo um solitário ponto de consolação. Triste ano para o Vergonhão Vermelho, que não bastasse o déficit de motor também mostrou que o chassis do carro para ser ruim precisa evoluir um pouco.

 

Em 4º chegou Daniel Ricciardo, que teve um desempenho razoavelmente irregular neste domingo: largou bem, depois com as entradas do safety-car acabou sendo ultrapassado pelos dois carros da McLaren, e então já no último terço da corrida encontrou o ritmo ideal de corrida. Tivesse encontrado esse ritmo do final no começo da segunda metade da prova, provavelmente teria alcançado e quiçá superado Leclerc. Não foi dessa vez, mas ficou claro que, em caso de problemas com um dos Mercedes, a chance de subir ao pódio com o Renault existe. Seu companheiro Esteban Ocon (6º) participou de diversas disputas de posição corrida afora, bastava observar onde havia disputas no pelotão intermediário e havia razoável chance de encontrar o Ocon. Aí está um ponto que a equipe pode trabalhar melhor no desenvolvimento, ritmo de corrida, pode garantir melhores posições na bandeirada final.

 

Em 5º chegou Lando Norris, que certamente foi uma das grandes figuras do final de semana. Ele tinha feito um concurso para que crianças pintassem um capacete para ele usar na Inglaterra. A pintura escolhida foi feita por uma menininha de 6 anos chamada Eva que, ao perceber que não teria espaço para escrever Norris no espaço disponível no capacete, acabou colocando o “s” final embaixo do i. Pois bem, o piloto não só adotou o desenho feito por ela como alterou o nome de sua conta no Twitter para dar um espaço entre o “i” e o “s” para simular a grafia do capacete. E nos treinos a geração de caracteres da FOM TV entrou na onda e colocou o “s” desalinhado no sobrenome do Lando. Pena que durante a corrida o ritmo de corrida dele não foi dos mais auspiciosos, tendo passado dificuldades na tentativa (infrutífera) de evitar a ultrapassagem do Ricciardo. Seu companheiro Carlos Sainz Jr. (13º) esteve num final de semana muito bom, andando a maior parte da corrida à frente do Lando, mas todo esse bom trabalho foi terra abaixo com o furo de pneu na penúltima volta, e a consequente parada nos boxes para troca. Uma pena.

 

Em 7º terminou Pierre Gasly, que arrancou do seu Alpha Tauri (que nome horroroso... por favor, voltem ao Toro Rosso...) todo o desempenho que era possível extrair dele, e portanto terminou a corrida bastante satisfeito consigo próprio... e talvez o fato de ter chegado à frente do Albon, que ficou com a vaga dele na equipe principal, tenha aumentado ainda mais essa satisfação pessoal. Seu companheiro de equipe Daniil Kvyat (18º) além de ter provocado a segunda entrada do safety-car ainda propiciou uma das cenas lamentáveis do final de semana, dando um empurrão na câmera que o filmava após ter saído do carro depois da batida na proteção de pneus... lamentável. Aparentemente a saída de pista foi por alguma falha mecânica na traseira do carro – ele alegou ter tocado a zebra na curva, mas aquela zebra não faria uma derrapada como a que ele teve, ao menos não no seco. Aguardemos as notícias do meio da semana...

 

Em 9º chegou Lance Stroll, bastante decepcionado com o ritmo de corrida da Racing Point, visto que largou em 6º e terminou 3 posições atrás, minimizadas pelos problemas nos carros de Bottas e Sainz... provavelmente essa será uma semana de muito trabalho dos engenheiros da equipe pra descobrir qual o problema.

 

Para o próximo final de semana estão previstos pneus mais macios que os desse... talvez tragam mais emoção para a corrida quando não estiverem furando.

 

Mas vamos falar de coisa boa, de brasileiro vencendo corrida: esse domingo tivemos a etapa de Elkhart Lake da IMSA, e após uma disputadíssima corrida (das melhores dos últimos tempos, reconheço) o maior troféu ficou com a dupla Helinho Castroneves e Rick Taylor, que com seu Acura DPi superaram primeiro os dois carros da Mazda e no final, já na parte encharcada da corrida, o Cadillac DPi da dupla Renger van der Zande/Ryan Briscoe para chegar no merecido 1º lugar. Helinho acelerou MUITO, foi arrojado quando necessário, soube segurar a posição quando era preciso, uma das grandes atuações da carreira dele. Para completar a festa, em 3º também tivemos brasileiros, no caso a dupla Pipo Derani/Felipe Nasr... aliás, o que o Derani acelerou na parte final da corrida foi de alegrar os olhos, belíssima corrida. Na LMP2 vitória da dupla Henrik Hedman/Ben Hanley no Oreca #81; na categoria GTLM também tivemos grandes disputas, e a vitória na categoria foi decidida pela área de escape da pista... explicando: os dois Porsche 911 RSR vinham muito bem, um deles na liderança, mas... começou a chover. E ambos foram vítimas da inclemente chuva do Wisconsin, deixando os dois primeiros lugares na GTLM para os Ferrari genéricos, ops, Corvette C8R, com a vitória nas mãos da dupla Jordan Taylor/Antônio Garcia no carro #3 e o 2º lugar com a dupla Oliver Gavin/Tommy Milner no carro #4. 3º lugar na categoria ficou com o BMW M8 GTE de Jesse Krohn/John Edwards. Na GTD, grandes disputas entre os Lexus e os Acura, e dessa vez a vitória ficou com o Lexus #12 de Frankie Montecalvo/Townsend Bell, seguidos pelo Acura #86 de  Mario Farnbacher/Matt McMurry em 2º lugar e pelo Lexus #14 de Jack Hawksworth/Aaron Telitz em 3º.

 

Sábado também tivemos Endurance, com a abertura do Campeonato Brasileiro em Interlagos. Uma bela corrida, com diversos carros competindo em várias classes e uma constatação muito positiva: os protótipos brasileiros estão evoluindo. Evoluindo a ponto de já marcar tempos de volta próximos aos que os LMP2 marcaram na última visita do WEC a Interlagos. E isso com muito menos tecnologia envolvida. Ponto para os abnegados brasileiros que continuam se dedicando a esse maravilhoso e pouco acompanhado campeonato brasileiro. A disputa pela vitória ficou entre os protótipos AJR #5 de Tiel Andrade/Júlio Martini/Nelsinho Piquet (que acabou levando a melhor na disputa) e o #113, que fez a pole position e foi pilotado por David Muffato/Pedro Queirolo. Sensacional. Fechando o pódio, o AJR #175 de Henrique Assunção/Carlos Kray/Andersom Toso. Tivemos a estreia do novo Porsche 911 GT3-R pilotado por Ricardo Maurício/Marcel Visconde, que chegou em 4º na geral (1º na classe GT3) com o bônus de ter sido o único outro carro a não levar volta dos líderes. Na crescente classe GT4, trifeta da Mercedes-Benz com o modelo AMG GT4 se sobressaindo aos diversos Ginetta G55. Mas o grande destaque foi o protótipo MRX Honda que venceu na classe P3... terminaram a prova com o aerofólio traseiro completamente torto, e ao que consta com um suporte improvisado para não cair no meio da pista... show de criatividade e de competitividade!!

 

E a NASCAR foi até New Hampshire para sua etapa anual em Loudon, um de meus ovais curtos favoritos. Aquela etapa em que os “haters de internet” em geral se divertiram logo, pois o primeiro carro a abandonar foi Kyle Busch, após uma pancada de porte razoável no muro. A vitória após as 301 voltas ficou com Brad Keselowski, que veio forte a corrida inteira, evoluindo do 5º posto no 1º segmento para a vitória no 2º segmento e na bandeirada final também. Corridaça dele. Em 2º terminou Denny Hamlin (vencedor 1º estágio, 2º no intermediário)), mostrando sua ótima fase. Em 3º chegou Martin Truex Jr., em 4º Joey Logano e fechando o Top-5 veio Kevin Harvick. Destaque para as boas corridas de Matt di Benedetto (6º), Cole Custer (8º) e Tyler Reddick (10º). Jimmie Johnson vinha entre os 10 primeiros, mas o carro perdeu muito desempenho nas últimas voltas da corrida... que fase...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini