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O inferno é vermelho PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 22 July 2020 22:58

Caros Amigos, em um país majoritariamente cristão como o Brasil, o conceito popular de inferno é um lugar de punição para “almas imortais” dos maus imediatamente após a morte, ou o lugar de tormento para aqueles que são rejeitados no julgamento.

 

Sendo o “inferno” algo grave, é de se esperar que os justos serão salvos. Muitas vertentes no Cristianismo associam o “inferno” com a ideia de fogo e tormento e, neste caso, tudo se associa as cores em tons de carmim, ou vermelho na nossa cultura.

 

A Bíblia muitas vezes usa a imagem do fogo eterno para representar a ira de Deus contra o pecado, resultando em destruição total do pecador na sepultura. Sodoma e Gomorra, cidades destruídas sob uma chuva de fogo, na verdade foram destruídas pela ira divina, mas por fruto do pecado desmedido. Na Bíblia, a “imagem do vermelho” é associada ao inferno e nela, aquele que vai ao inferno arderá em chamas infinitamente.

 

Albert Einstein, gênio e judeu, relativizava o tempo. Por ele, o infinito é relativo e todo este preâmbulo pode traduzir a situação que vemos na Scuderia Ferrari que tem tudo para arder nas chamas do seu inferno vermelho não apenas por esta temporada, mas também pela temporada de 2021, uma vez que o regulamento e os carros deste ano serão os mesmos para o ano que vem.

 

O prenúncio do que estamos vendo hoje teve seu primeiro sinal ainda no inverno, quando veio à tona a notícia de que os resultados do carro, batizado de SF1000, tinha “problemas”, o que foi – de certa forma – diminuído pela equipe, que disse serem questões pontuais, ajustáveis para antes dos testes pré-temporada em Barcelona... o que não aconteceu! Nos oito dias de carro na pista, a Ferrari mostrou-se lenta de reta e problemática em curvas de alta e média. A equipe teria que correr contra o tempo para tentar corrigir tudo até a estreia, mas esta foi adiada, de março para julho por conta da pandemia do covid19. A equipe (todas elas) teve (ou tiveram) mais de 3 meses, apesar das férias e “congelamento” (quem vai impedir um engenheiro de trabalhar em casa com um programa de CFD?), o que se viu na volta da categoria foi um carro ainda com problemas, não apenas incapaz de enfrentar Mercedes e Red Bulls, mas também com dificuldades ante Racing Point, McLaren e até a Renault.

 

Após três corridas disputadas e uma crise (mais uma) instalada, a Ferrari anunciou uma reestruturação do departamento técnico de sua equipe, atualmente ocupando o quinto lugar na classificação dos construtores e na etapa da Hungria, vendo seus pilotos, Sebastian Vettel e Charles Leclerc, terminando em 6° e 11º, respectivamente, após mais um erro de estratégia, que colocou pneus macios no carro do monegasco, e uma cobrança enorme sobre o chefe da equipe, Mattia Binotto, que garantiu não estarem nos planos nenhuma reação brusca ou demissões em massa após o início difícil da temporada. Entretanto, tivemos o inevitável anuncio de uma reestruturação de sua equipe técnica e a criação de um novo departamento de desenvolvimento de desempenho.

 

Este novo departamento, de Desenvolvimento e Desempenho, será supervisionado por Enrico Cardile, que atuou como chefe de aerodinâmica e gerenciamento de projetos de veículos da Ferrari. Segundo a medida administrativa, as demais áreas principais permanecem inalteradas, com Enrico Gualtieri, responsável pela Unidade de Potência, Laurent Mekies como Diretor Esportivo e responsável pelas atividades nas pistas, enquanto Simone Resta continuará a liderar o departamento de Engenharia de Chassis. Mattia Binotto continuará à frente da equipe nos boxes.

 

A equipe foi buscar a ajuda de Rory Byrne, responsável pelo carro da Benetton que deu os primeiros títulos de Michael Schumacher e que depois foi para Ferrari, onde ficou à frente dos projetos vencedores da equipe com o piloto alemão. Isso me lembra as intervenções que o Copersucar-Fittipaldi F5 sofreu e que tornou-o no F5-A, capaz de marcar 17 pontos na temporada de 1978.

 

Para sorte da casa de Maranello, a Fórmula 1 não tem sua história escrita como a Bíblia e o “inferno” pode não durar por toda eternidade. Contudo, até o final de 2021, as perspectivas para equipe italiana não são das melhores.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva