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Emoções na pista e polêmicas fora delas PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 28 June 2020 23:25

Olá leitores!

 

Esta foi uma semana que devemos comemorar, pois até que enfim os motores voltaram a roncar nas pistas brasileiras, claro que com todos os cuidados que a catastrófica situação sanitária tabajara requer, uma alegria que até chegou a minimizar um pouco o sentimento de decepção pelas notícias ruins que afetaram o esporte aqui no Brasil.

 

Começando com a MotoGP, já que neste domingo o piloto da Ducati, Andrea Dovizioso, resolveu participar de uma prova de motocross na região da Emilia Romagna e sofreu um tombo, fraturando a clavícula. A três semanas do início da temporada, isso não pode ser uma boa notícia pro italiano e pra equipe Ducati. Ele foi transferido para um hospital na cidade de Modena, onde seria operado o mais breve possível para tentar acelerar a recuperação e consequente volta às pistas. E com certeza esse tombo deve atrapalhar não só o início da temporada do italiano como a sua renovação do contrato para 2021, que se encontra em situação de impasse por conta de valores salariais. Consta que, em Dovi não renovando, o atual piloto de testes da Yamaha Jorge Lorenzo já teria se oferecido para a vaga no ano que vem... por um lado, Lorenzo é muito talentoso; por outro lado, ele possui aquele temperamento semeador da cizânia como Fernando Alonso, e já teve problemas na mesma Ducati no passado por conta disso. Vejamos os desdobramentos... Mudando de fábrica, a KTM anunciou suas duplas para 2021, com Miguel Oliveira e Brad Binder na equipe oficial de fábrica e Iker Lecuona e Danilo Petrucci na satélite Tech 3. E Petrucci que agradeça aos céus por essa vaga na Tech 3, já que deve ser a última chance dele de andar com uma moto com algum apoio de fábrica...

 

Não tenho como deixar passar a situação da piloto Bia Figueiredo, atualmente grávida de 8 meses do seu primeiro filho, que viu na última quinta-feira (25 de junho) o marido, o sogro e a cunhada envolvidos como suspeitos de participação em um esquema milionário de desvio de verbas públicas que deveriam ter sido investidas na (sempre precária) área de saúde do estado do Rio de Janeiro via superfaturamento de valores referentes à aquisição de produtos e terceirização de serviços na rede pública estadual. Uma situação complicada, que já levou a equipe Ipiranga a suspender o contrato dela até que o caso esteja esclarecido. O caso é muito longo para que eu o detalhe nessa coluna, mas basicamente uma empresa de titularidade da Bia Figueiredo foi usada pela empresa do marido e do sogro como recebedora da verba desviada da saúde. Ao mesmo tempo que existe uma torcida desse colunista para que seja comprovado que a piloto não teve envolvimento direto no caso, por outro lado acho difícil que isso aconteça... na política brasileira o bordão “Eu não sabia” costuma funcionar, seja para a esquerda, seja para a direita, mas no caso dessa investigação criminal eu não apostaria dinheiro que irá funcionar. E como o brasileiro, antes de tudo, é um povo respeitador e com profunda noção de civilidade (modo sarcasmo ON), claro que choveram ataques pessoais nas mídias sociais dela e claro que ela teve que fechar as mencionadas páginas. Inclusive o luxuoso casamento da piloto com o empresário em 2016 foi financiado pelas empresas envolvidas na acusação de fraude.

 

E para não transformar essa coluna em um amontoado de notícias ruins, semana passada saiu a notícia que as brasileiras Julia Ayoub e Antonella Bassani foram selecionadas para participar em outubro de uma seletiva eliminatória, envolvendo no início 20 participantes e ocorrerá no mês de outubro. Essa seletiva faz parte do programa FIA Girls on Track – Rising Stars, que tem o objetivo de promover a igualdade de gênero no automobilismo e conta com o suporte da Ferrari Driver Academy. Das 20 iniciais, os 2 primeiros dias de testes diversos selecionarão 12 que irão para um treinamento envolvendo kart e monopostos de F-4 com duração de 4 dias. Essa etapa selecionará 8 que vão para a fase seguinte, da qual passarão as 4 melhores, que farão um curso na Ferrari Driver Academy em novembro, e desse curso as duas melhores entrarão no programa da academia de pilotos da Ferrari. Esse colunista deseja toda a sorte do mundo para elas, e sinceramente torço para que esse programa da FIA tenha longa existência.

 

Nesse final de semana tivemos o começo da temporada da Copa Truck no autódromo de Cascavel, com duas corridas (uma no sábado e outra no domingo) que definiram o campeão da Copa Sul e classificaram os 3 primeiros pilotos a participar da final para a disputa do título. A corrida de sábado, cheia de boas disputas na pista e com algumas belas ultrapassagens, foi vencida por Wellington Cirino (que foi o pole position) seguido por Valdeno Brito (que largou em 2º e nessa posição se manteve) em 2º e André Marques em 3º lugar, após protagonizar uma bela disputa com Beto Monteiro pela posição. Entretanto, a briga mais bonita da corrida foi pelo 5º lugar entre Roberval Andrade (que acabou ficando com a posição) e Débora Rodrigues, disputa envolvendo curvas feitas lado a lado e as mais diversas tentativas de mudança de traçado possíveis em Cascavel. A corrida de domingo já teve emoção mais concentrada na parte inicial da corrida, com o ponto alto sendo a escalada de Beto Monteiro do 4º lugar na largada para a liderança da prova, consequente vitória e o título da primeira copa da temporada. Foi seguido por Roberval Andrade em 2º lugar e André Marques em 3º lugar. E quase a coisa ficou feia para o vencedor do sábado, Wellington Cirino, que fez as duas últimas voltas com o motor soltando quantidade razoável de fumaça e podendo quebrar a qualquer momento... para sorte dele não quebrou e o 4º lugar garantiu para ele uma vaga na final do campeonato. Aliás, gostei muito do formato de corrida de 40 minutos de duração ao invés das duas corridas de 25 minutos adotados tradicionalmente pela categoria, espero que seja mantido para as temporadas seguintes (espero eu) pós pandemia.

 

Agora vamos para a história mais mal contada do mês, talvez do ano: na noite do domingo da semana passada, um dos mecânicos da Richard Petty Motorsport (equipe pela qual corre o Bubba Wallace, único piloto afrodescendente da NASCAR Cup) relatou ter encontrado um laço de forca pendurado na garagem. Como os EEUU estão vivendo tempos conturbados em termos de acusações de racismo e como cidadãos do Alabama tinham feito manifestação em frente ao autódromo de Talladega contra a proibição do uso da bandeira confederada (bandeira justamente ligada ao lado da Guerra de Secessão que era contrário à abolição da escravatura nos EEUU) nas competições da categoria, uniu-se uma coisa à outra e... aconteceram diversos protestos em apoio ao Bubba, subiram hashtag nas redes sociais, e o FBI foi até lá para investigar o suposto crime de racismo. Pois bem, no meio da semana o FBI informou que o laço na verdade servia para abrir e fechar a porta basculante da garagem e já estava lá desde o ano anterior. Essa é a versão oficial... mas a declaração deixou muitas dúvidas, as quais listo apenas algumas: A) a equipe do Bubba não é iniciante, já passou muitas e muitas vezes pela pista, ninguém tinha visto o laço ali? B) um dos mecânicos de uma outra equipe mostrou uma foto pretensamente do ano passado na qual já aparecia o laço na garagem. Qual o motivo de não ter liberado a foto na própria segunda feira, no meio da comoção? Ou ao menos ter ido até a equipe do Richard Petty e falado no mesmo dia que não era aquilo? Teria ao menos evitado que um idoso de 82 anos (o dono da equipe, Richard Petty, “The King”) saísse do seu isolamento – afinal ele pertence ao grupo de risco para o COVID-19 – para apoiar o seu piloto na pista. C) Por que raios usar um laço de forca para acionar o mecanismo de abertura e fechamento da porta? OK, sei que o laço de forca é praticamente um patrimônio cultural do Alabama, até 60 anos atrás volta e meia ele ainda era usado, mas... é estranho. Enfim, a impressão que ficou para quem acompanhou de longe o caso é que o FBI procurou arrumar uma solução para jogar panos quentes no assunto da maneira mais rápida possível. A conferir futuros desdobramentos...

 

E nesse final de semana houve rodada dupla da NASCAR em Pocono, uma pista trioval maravilhosa feita em um lugar absolutamente propício a ter um circuito misto, pois é muito raro o ano em que não chove em algum momento no final de semana de corrida. Oval é muito legal, desde que construído em lugar com baixa precipitação pluviométrica, ou que ao menos possua uns 4 meses por ano com clima seco – o que não me parece ser o caso da região em que construíram a bela pista de Pocono. A prova de sábado (325 milhas), além da básica interrupção por conta da chuva, teve Joey Logano vencendo o 1º estágio, Aric Almirola vencendo o 2º estágio (aliás, Almirola foi o 2º no primeiro estágio e no segundo eles inverteram, com Logano passando pela bandeirada em 2º) enquanto o estágio final viu uma briga de gato e rato entre o vencedor Kevin Harvick e o 2º colocado Denny Hamlin pelo lugar de honra no Winners Circle. Ótima disputa, da qual merecidamente Harvick saiu vencedor. Em 3º chegou Aric Almirola, coroando um dia no qual ele teve um grande desempenho, em 4º o ótimo novato Christopher Bell com o Toyota #95 e fechando o Top-5 chegou Kyle Busch, ainda devendo um desempenho que encante os olhos do torcedor esse ano. Aliás, foram 4 Toyota contra 2 Ford nos 6 primeiros colocados, com o primeiro Chevrolet chegando apenas em 11º lugar com Matt Kenseth. Já a corrida de domingo... também foi interrompida por causa da chuva! Os carros largaram, fizeram poucas voltas e já caiu água do céu. Após a pista ser seca, tivemos Kurt Busch vencendo o primeiro estágio, Brad Keselowski vencendo o segundo estágio, e o estágio final foi uma mistura de jogo de xadrez (dos estrategistas das equipes) e de jogo de pôquer (da direção da prova com o pôr do Sol e a iluminação natural, já que Pocono não tem iluminação artificial). Meio que na marra a direção de prova venceu a sua partida, embora eu acredite que nas últimas 4 voltas a visibilidade estivesse ficando bem complicada para os pilotos, e na pista foi a vez de Denny Hamlin se impor sobre Kevin Harvick, e eles inverteram as posições do sábado com Hamlin vencendo a corrida (sua 6ª vitória em Pocono), Harvick terminando em 2º, Erik Jones em uma grande prova chegando em 3º, Chase Elliott com seu Chevrolet em 4º e com Aric Almirola fechando o Top-5. Menção honrosa para Matt DiBenedetto, que levou o carro da Wood Brothers até o 6º lugar. A bandeirada para Clint Bowyer e Alex Bowman, respectivamente 8º e 9º colocados, foi coisa de “Dias de Trovão”, com os dois carros se tocando lateralmente com certa “intensidade”, por assim dizer.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini