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O paitrocínio sem limites PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 13 June 2020 01:39

Se tem coisas que eu adoro nessa nossa “mídia especializada” do automobilismo tupiniquim é a turma do “Copy/Paste” e a turma do “Google Translate”. Semana passada eu li em um desses sites famosos de gente anônima que o Jean Alesi estava reclamando do fato de ter precisado vender uma Ferrari para bancar a temporada do seu filho, Giuliano, na Fórmula 2 em 2020.

 

Aí eu fui procurar nos sites estrangeiros o assunto e encontrei o artigo original. Como as “traduções” estavam mal feitas... mas se a “redação” nacional também peca pela falta do domínio do idioma da terra da Rainha, paciência. Mas vamos focar no fato e não no factóide: o Jean Alesi está vendendo uma Ferrari (de 2 milhões de dólares, daquelas séries especiais) para ajudar a carreira do filho.

 

Pelo que se fala dos custos que a categoria de acesso à Fórmula 1 custa, esse valor de  2 milhões de dólares talvez banque metade do valor da temporada, valor esse que sobe ano após ano e que, nas principais equipes da categoria é bem elevado. Mas o que eu achei mais interessante nessa prosa é o fato do “piloto-herdeiro” no caso, filho de um ex-piloto da Ferrari, ser um dos pilotos da chamada “Academia de Pilotos” de Maranello.

 

 

 

Espera: não era para a “Academia” investir na formação e promover a ascensão de seus valores ao topo da carreira? Como assim, o piloto tem que tirar dinheiro do bolso pra poder correr  e – no caso – o pai estar empenhando parte do seu patrimônio no futuro nada garantido do seu filho, lembrando que cada vez mais, o “talento financeiro” é um dos fatores considerados para a chegada dos pilotos na categoria máxima do automobilismo. Charles Leclerc e Max Verstappen são casos que se contrapõem aos de Lance Stroll e o de Nicholas Latifi.

 

Vejam o caso desses dois: Lance Stroll tem um papai bilionário. Se Jean Alesi tinha uma Ferrari que precisou vender para investir na carreira de Giuliano, Lawrence Stroll tem uma coleção de Ferraris e mais: ele não só bancou a carreira do filho até este chegar na Fórmula 1, mas durante os anos que seu pimpolho correu na Williams ele colocou “mais de uma dúzia” de Ferraris por cada temporada que Lance Stroll vestiu o uniforme branco da equipe de Sir Frank.

 

 

 

Sem um carro competitivo, papai Lawrence foi mais fundo e comprou uma equipe inteira (a Force Índia, que passou a se chamar Racing Point – ou “Racing Daddy” como chama nosso colunista, Alexandre ‘Gargamel’ Bianchini) pra empurrar o filho do fundão do pelotão para, pelo menos, o meio e faze-lo disputar posições e brigar por pontos. Este ano, depois de uma negociação que envolveu muito dinheiro (há versões e versões), eles estão se associando a montadora de carros esportivos Aston Martin, que vai colocar o nome na equipe.

 

Outro piloto, que está chegando este ano empurrado pela força da grana do ‘paitrocínio’ é Nicholas Latifi, que ficou anos e anos na Fórmula 2 e graças ao seu pai, o também bilionário Michael Latifi (gente... como tem bilionário pai de piloto no Canadá) está indo socorrer a Williams na temporada com um empréstimo de 62 milhões de dólares e mais o “cacife” pra seu filho pilotar para a equipe de Sir Frank em 2020.

 

 

 

Michael Latifi estava com um projeto mais ambicioso para seu filho: ele comprou algum tempo atrás uma parte do controle acionário da McLaren antes dessa anunciar, algumas semanas, atrás que estava na pindaíba e demitir mais de mil funcionários. Mas pelo visto a ex-equipe do Ron Dennis ainda deve guardar alguma coisa do ‘modus operandi’ do pouco simpático ex-mandachuva da equipe. Mesmo com a participação acionária, Nicholas era sequer piloto de testes do time, que no ano passado tinha nesse lugar o companheiro e equipe de Latifi na Fórmula 2, o brasileiro Sérgio Sette Câmara.

 

A gente também teve esse tipo de “empurrão” por aqui. Na década passada Nelson Piquet criou a Piquet Sports, equipe que começou trabalhando ainda no Brasil, com um esquema e estrutura proporias para fazer de Nelsinho Piquet campeão brasileiro de Fórmula 3. A estrutura mudou-se para a Inglaterra, comprando uma equipe inglesa e levando em dois anos o filho do tricampeão a conquistar o título britânico da Fórmula 3 e seguir para a GP2 (hoje Fórmula 2) e a equipe era boa, era forte, tanto que em 2006 Nelsinho disputou o título da temporada contra Lewis Hamilton, da Art Grand Prix, então a melhor equipe da categoria.

 

 

 

Certamente esse investimento para levar Nelsinho Piquet ata a Fórmula 1 – onde ele teve “aquele probleminha” em Cingapura – não foi pequeno, mas não faço ideia de “quantas Ferraris” custou. Deve ter sido mais de uma, com 2 temporadas no Brasil e 4 na Europa (duas de Fórmula 3 e duas de GP2). Ainda assim, esse tipo de “investimento” não é garantia de sucesso. O maior dos casos do tipo que temos (pelo menos que eu conheço), o de Lance Stroll, mesmo com a compra da Force Índia, isso não fez do piloto canadense um destaque da categoria.

 

Isso me lembra uma história de que teve um piloto famoso que “deu uma consultoria” para um pai de piloto de kart que queria fazer dele um piloto de Formula 1. Depois do pai falar do quanto o filho era bom e tudo mais, o piloto perguntou quantos milhões de dólares ele – o pai – tinha para investir na carreira do filho. Diante da gagueira do pais, ele deu o conselho: “compra uma raquete de tênis!” Aliás, foi o que fez a mãe das americanas Vênus e Serena Williams... a “Fórmula” dela deu certo.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva