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As falcatruas e não-realidades do mundo virtual PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 25 May 2020 07:27

Olá leitores!

 

Confesso ter sentido uma grande melancolia este domingo que passou: não estivéssemos sob os efeitos da pandemia daquele vírus maldito que se espalhou da China para o resto do mundo, pelo fuso horário vigente em São Paulo eu teria assistido o GP de Mônaco de Fórmula 1 de manhã, almoçaria assistindo as 500 Milhas de Indianapolis e à noite ainda encararia as 600 milhas de Charlotte... sim, aconteceu a corrida de Charlotte, mas não dá pra dizer que foi o suficiente para aplacar o misto de revolta e tristeza pela situação toda... até teve corrida de Mônaco e de Indianapolis, mas virtual, e como já disse em coluna anterior videogame é muito bom de jogar, mas assistir... não é a minha praia.

 

E já que as coisas apenas acontecem no mundo virtual, vamos a mais um caso de piloto do mundo real fazendo m... ercadoria no mundo virtual: o Lance Stroll da Fórmula E, vulgo Daniel Abt, filho do Christian Abt, dono da preparadora que é responsável pelo gerenciamento da operação da Audi na Fórmula E – e que provavelmente deve seu posto na equipe a ser filho de quem é – não confiou nas próprias habilidades no esporte virtual e... colocou um piloto profissional de eSports para pilotar no lugar dele na corrida do Race at Home Challenge, que pode ser uma corrida virtual mas que é utilizada pela categoria elétrica para arrecadar fundos para a Unicef, ou seja, por mais que possa parecer uma simples partida online de videogame existe um bocado de coisa séria por detrás daquilo. Durante a corrida “Abt” e Vandoorne disputaram acirradamente posições pelo pódio, um desempenho surpreendente para um piloto que teve nas provas virtuais anteriores um 9º lugar como melhor resultado. Após a prova, Vandoorne disse que aquele não era o Daniel Abt pilotando (talvez por ter percebido um patamar de pilotagem superior ao normal...), foi feita uma investigação... e realmente não era. Descoberto, o filho do patrão pediu desculpas, afirmou não ter feito de má fé, que deveria ter levado a competição virtual mais a sério e que aceitava a desclassificação da prova (obs.: só faltava fazer a b... urrada e não aceitar, né?). Como “compensação”, doará 10 mil euros (que para ele não deve ser lá grande coisa) para um projeto de caridade. Agora vamos ver se a Audi tomará alguma atitude, afinal foi com o nome dela que a fraude desportiva foi cometida.

 

Também no âmbito das competições virtuais, foi disputada uma corrida virtual nas ruas de Mônaco, vencida por George Russell com seu Williams... é, atualmente só no mundo virtual para se vencer com Williams, mas enfim... foi seguido por Esteban Gutierrez (competindo pela Mercedes) em 2º lugar e pelo piloto local Charles Leclerc (Ferrari) em 3º. A lista de pilotos “convidados” foi interessante: teve o irmão do Charles no segundo carro da Ferrari, David Schumacher pela Force Daddy, digo, Racing Point, e a Haas alinhou com a dupla Pietro Fittipaldi (que fez a pole com chuva, mas terminou em 6º no seco) e Louis Deletraz (9º lugar ao final).

 

E já que não foi possível vencer no mundo real, Fernando Alonso conquistou esse sábado duas vitórias nas corridas virtuais das 500 Milhas de Indianapolis disputadas com lendas do esporte a motor. Inclusive por muita gente que jamais pilotou em Indianapolis, como Jenson Button, Jan Magnussen, Petter Solberg, Tom Coronel, entre outros. Na primeira corrida, Tony Kanaan terminou em 5º lugar, e na segunda Hélio Castroneves foi o 3º e Emerson Fittipaldi chegou em 10º lugar – posição excelente para alguém que é de uma era muito, mas muito anterior a qualquer coisa vagamente parecida com simulador.

 

Quem conseguiu sair do mundo virtual e – com uma série de precauções – voltar ao mundo “real” foi a NASCAR, que está firme no seu objetivo de fazer todas as 36 corridas planejadas para a temporada, nem que para isso precise correr no meio da semana também. E isso aconteceu, na noite de quarta-feira tivemos a segunda corrida seguida em Darlington, uma prova que foi encurtada por conta da chuva e que terminou com – mais uma – polêmica envolvendo Kyle Busch. Buschinho disputava posição com Chase Elliott quando, ao vir da parte de baixo da pista para a parte alta (onde estava Elliott) acabou tocando a traseira do carro #9, provocando a rodada do mesmo, que bateu com a frente no muro dos boxes e abandonou a prova, fazendo posteriormente para o piloto do carro #18 aquele gesto universal de compreensão entre os povos esticando um dedo (o médio) e recolhendo os demais... depois da prova Kyle disse que errou na manobra, que não foi intencional, que ainda tem amigos que trabalham na equipe do Chase Elliott, e aparentemente Chase aceitou as desculpas, embora não tenha se retratado do dedo mostrado. Enfim, semana que vem teremos corrida em Bristol, ótimo lugar para “paybacks”, vamos ver o que acontecerá. Quando a chuva chegou, a vitória ficou com Denny Hamlin (Toyota), seguido por Kyle Busch (Toyota) em 2º, Kevin Harvick (Ford) em 3º, Brad Keselowski (Ford) em 4º e Erik Jones (Toyota) fechando o Top-5. Menção honrosa para a excelente corrida de Jimmie Johnson, que largou em 37º e terminou em 8º numa pista oval que não é das mais fáceis de “escalar o pelotão”. Proporcionalmente melhor que a do Buschinho, que largou em 26º para terminar em 2º.

 

E por fim chegamos à prova de 600 milhas de Charlotte... apesar de uma interrupção de pouco mais de 1h (segundo o site da NASCAR, exatos 1h08m35) ainda no primeiro segmento causada por uma pancada de chuva, a prova foi bem disputada, mais do que seria esperado de uma corrida tão longa. Os dois primeiros segmentos foram vencidos por Alex Bowman, que está em grande fase com o carro #88 e o terceiro por Joey Logano. Aliás, o piloto que mais voltas liderou foi justamente Bowman, 164 delas, uma razoável vantagem sobre o segundo que mais liderou, que foi Truex Jr. com 87 voltas. O último segmento parecia caminhar para a primeira vitória de Chase Elliott em Charlotte, mas... a 2 voltas do final William Byron, companheiro de equipe de Elliott na Hendrick Motorsport, não custa lembrar, rodou e provocou uma bandeira amarela... a prorrogação era certa, e apostando que “amarela chama amarela” e portanto haveria mais de uma relargada, Elliott entrou para troca de pneus. Quase deu certo: em 2 voltas saiu de perto de 20º lugar para o 3º. A vitória acabou nas mãos de Brad Keselowski, como sempre muito eficaz nas relargadas, seguido por Jimmie Johnson em 2º lugar com o carro de pintura comemorativa do Memorial Day mais fantástica: verde fosco exatamente como se fosse um tanque de guerra. Em 4º chegou Ryan Blaney e fechando o Top-5 terminou o Kyle Busch. Destaque para os novatos Tyler Reddick e Christopher Bell, respectivamente 9º e 10º lugares fazendo corrida de gente grande. Bom ficar de olho neles no restante da temporada... O momento bizarro ficou por conta de Denny Hamlin, que ainda antes da bandeirada de largada sofreu com a queda de dois blocos de tungstênio usados como lastro no carro... curioso pra saber qual será a punição (que certamente virá) para esse erro tão primário, tão surreal da equipe... não prender direito o lastro acho que nem no automobilismo brasileiro, que não é exatamente a coisa mais organizada do planeta, eu vi.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini