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A realidade exige atitudes PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 29 April 2020 21:29

Caros Amigos, e aqui estamos nós em mais uma semana de confinamento doméstico – ao menos para os que podem ou precisam – devido ao coronavírus, mas esta semana tivemos dois fatos no mundo do nosso esporte favorito que requerem uma análise mais profunda.

 

Em qualquer seguimento da economia mundial, no momento em que estamos vivendo, a sobrevivência financeira tornou-se a maior das prioridades no mundo dos negócios. Isso implica em duas coisas: criar formas alternativas de gerar capital e minimizar as perdas com receitas e/ou rompimento de contratos é uma delas. A outra é o corte de despesas, que passa pelo adiamento de novos projetos, de verbas de publicidade, contratações, entre outros.

 

Duas semanas atrás eu questionei sobre a continuidade do processo de licitação do Autódromo Internacional José Carlos Pace, que tinha a data de entrega dos envelopes com as propostas dos grupos interessados prevista para a última terça-feira, dia 28 de abril, após dois adiamentos. Como escrevi, esperava que viesse a acontecer o que veio a acontecer, com o adiamento do edital – mais uma vez – entretanto, desta feita seu uma data definida pela prefeitura da cidade de São Paulo para uma nova data.

 

Segundo a o comunicado da administração municipal, o Tribunal de Contas do Município teria chegado a conclusão de que “o certame não possui condições de prosseguimento”, sem dar maiores detalhes e deixando extremamente vaga – com permissividade para inúmeras hipóteses – qual ou quais teriam sido as conclusões do tribunal para chegar a esta decisão, em um processo (desde o lançamento da ideia de um modelo de concessão, as vésperas do GP Brasil de Fórmula 1 do ano passado) que se arrasta há seis meses.

 

Estando aqui em Belo Horizonte e com muito mais tempo dedicado aos meus afazeres profissionais, ainda assim não tenho como deixar de – em uma linha bastante lógica – questionar se haveriam envelopes a serem aberto na tarde da última terça-feira, levando-se em consideração o atual cenário financeiro que não apenas o Brasil, mas todo mundo atravessa, e – especificamente – se olharmos para o mercado de entretenimento.

 

As maiores fontes de renda de um espaço como o autódromo de Interlagos estão associadas diretamente ao maior dos problemas dentro do cenário da pandemia que seria a aglomeração de pessoas e – consequentemente – um aumento exponencial da possibilidade de transmissão do vírus. Sem a perspectiva de poder cumprir com um calendário de eventos e sem uma projeção de quando este seguimento do mundo dos negócios irá retomar seu ritmo normal (e se isso um dia irá acontecer), seria um movimento lógico por parte dos interessados no negócio uma busca de diálogo com a prefeitura sobre prazos para o seguimento do processo. Talvez, de alguma forma, isso tenha acontecido. Talvez, de alguma maneira, não oficial.

 

Contudo, restará sempre a dúvida sobre se teríamos ou não interessados no processo e apresentação de propostas. O processo foi adiado sem data para retorno e não cancelado como cheguei a ler em alguns meios de comunicação e, um dia, quem sabe, será retomado. Seja nas mesmas bases financeiras ou não. Seja do mesmo prazo ou não. Seja nas mesmas bases legais ou não. Seja com as mesmas garantias para o esporte a motor ou não. A comunidade da velocidade precisa estar atenta aos movimentos políticos, que nem sempre trabalham ao nosso favor, muito pelo contrário.

 

O outro fato, esse extremamente positivo, teve como protagonista o Grupo Liberty Media, que apresentou um plano de execução para uma temporada de Fórmula 1 (mas deixando uma enorme interrogação sobre como ficarão as Fórmulas 2 e 3) em praticamente um semestre, com 18 etapas, com provas concentradas nos continentes, de uma maneira tal que favorece a logística, reduz distâncias e trabalha com locais e datas onde, dentro de uma análise, as medidas de restrições da pandemia possam vir a ter sido reduzidas.

 

Para a primeira etapa, com corridas na Europa, a ideia de se fazer provas com restrito número de pessoas nos boxes (isso inclui também imprensa) e nenhum público fez muita gente torcer o nariz, mas, analisando friamente, é isso ou nada e isso é melhor que nada. Existem compromissos comerciais a se cumprir em todas as partes e nisso o Grupo Liberty Media estaria fazendo algo que muitos julgariam impensável: ao invés de receber dos autódromos para levar suas corridas, eles irão pagar para isso... ao menos, em princípio, para as corridas europeias e assim termos um início de campeonato, até o momento pensado para a Áustria.

 

Nada ainda está confirmado, mas o esforço da promotora em criar uma solução é extremamente louvável, mas não para por aí. Eles são um grupo de negócio com outros ativos em carteira. Como grupo de negócios, eles gerem os processos de forma a – analiticamente – alocar investimentos e transferir montantes entre suas linhas para que haja liquidez e – principalmente – segurança. Sendo a Fórmula 1 um negócio onde eles investiram pesadamente e com imenso potencial de retorno, não faria sentido amargar um prejuízo e assim eles não apenas estão apresentando um projeto de viabilidade (desde que o vírus permita), como também adiantaram uma quantia considerável às equipes para que estas possam honrar seus compromissos.

 

Esta pandemia vai deixar muitas lições para o mundo dos negócios, bem como para a sociedade. Atitudes de grandeza se farão mais do que nunca necessárias.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva