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A perda de Sir Stirling Moss e a Williams na UTI PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 13 April 2020 05:54

Olá leitores!

 

Respeitando direitinho a quarentena, isolamento social ou seja lá qual for o nome pelo qual está sendo chamado esse período de pessoas dentro de casa para diminuir a velocidade de propagação do COVID-19? Espero que sim, ao contrário de razoável parcela da população de uma republiqueta lusófona ao sul do Equador...

 

O mundo do esporte a motor continua fazendo aquilo que pode: as fábricas ajudando no desenvolvimento ou produção de respiradores, e os pilotos participando de disputas online para ajudar os fãs a enfrentar esses momentos de reclusão – que em boa parte do mundo civilizado estão sendo levados a sério, ao contrário da Banânia. Essa semana foi a vez da MotoGP organizar uma corrida virtual com as estrelas da categoria, na pista de Red Bull Ring. Apenas para constar, a vitória ficou com Francesco Bagnaia, após uma acirrada disputa contra Maverick Viñalez. Pelas expressões faciais dos pilotos mais experientes (para não dizer idosos), notadamente Valentino Rossi, tudo estava sendo uma grande diversão. Tanto que o pessoal não se furtou da oportunidade de dar toques nos coleguinhas de disputa, coisa que na “vida real” pouquíssimos fariam... enfim, para alguma diversão enquanto as pessoas não podem sair de casa e se aglomerar em autódromos está louco de bom.

 

E infelizmente essa semana uma grande lenda nos deixou... na madrugada desse domingo 12/04/2020 faleceu Sir Stirling Craufurd Moss aos 90 anos, após uma longa luta contra uma infecção no peito contraída ainda em 2016, segundo o jornal britânico Daily Mail. Seguramente foi o mais brilhante piloto dos primórdios da Fórmula 1 a não ganhar um título de campeão mundial, reconhecido pelo próprio Juan Manuel Fangio. Mas chegou perto: foi vice campeão de 1955 a 1958 e 3º colocado de 1959 a 1961. Em 1958 ele teria sido campeão se possuísse a mesma índole de alguns campeões das décadas seguintes... o enorme fair-play dele fez com que lutasse para que seu rival na disputa do título daquele ano, Mike Hawthorn, não fosse desclassificado da etapa de Portugal por, supostamente, ter dado marcha a ré na pista. Com a reversão da desclassificação, ele terminou a temporada de 1958 1 ponto atrás de Hawthorn, ao passo que com a desclassificação mantida teria vencido o campeonato por 4 pontos de vantagem... conseguem imaginar, por exemplo, um Fernando Alonso fazendo isso? Desculpem, mas minha criatividade não é tão grande assim, eu não consigo imaginar.

 

Após ser vice-campeão por 4 anos seguidos (1955 com Mercedes, 1956 com Maserati, 1957 e 1958 com Vanwall) com equipes oficiais de fábrica ele se mudou para a equipe privada de Rob Walker, na qual ficou até o final de sua carreira, e correu com os pioneiros Cooper e Lotus com motor traseiro – então uma novidade, em uma era de carros de motores dianteiros. Foi dele também a única vitória na Fórmula 1 de um carro com tração nas 4 rodas, no caso o Ferguson em uma prova extra campeonato (na época eram mais ou menos comuns) disputada em Oulton Park. Sua carreira como piloto acabou após sofrer um violento acidente em Goodwood que o deixou em estado de coma e, após meses e meses de recuperação, quando ele se sentou em um carro de corridas novamente percebeu que suas habilidades ao volante não eram mais as mesmas. Ao contrário de alguns pilotos em eras mais recentes, decidiu abandonar as pistas aos 32 anos de idade, mas nunca o esporte a motor. Passou a ser uma das “presenças VIP” mais esperadas das pistas.

 

E se o legado dele na Fórmula 1 foi grandioso, ele também deixou sua marca em outras categorias. Sua marca na Mille Miglia de 1955 foi portentosa, onde em parceria com o jornalista Denis Jenkinson, que fez o papel de copiloto, estabeleceu um recorde impressionante para o percurso de 1.597 km com a velocidade MÉDIA (não máxima, e aí já contando as paradas para troca de pneus e reabastecimento) de 157,65 após percorrer o trajeto em 10h07m48. Isso, vamos lembrar, em 1955, com pneus finos e freios à tambor, sem auxílios eletrônicos de qualquer espécie. Eu poderia escrever páginas e páginas sobre os feitos de Sir Stirling Moss, mas acho que nada faria realmente jus ao que ele foi. Resquiat in pace, Mr. Motor Racing, o grid do Além acabou de receber um importante reforço.

 

E por falar em falecido, vamos para a notícia que saiu a respeito de um futuro cadáver: a equipe Williams, que há tempos encontra-se em dificuldades financeiras, refinanciou seus empréstimos corporativos com o HSBC e adicionou às suas dívidas futuras um empréstimo de cerca de 50 milhões de libras vindas das empresas do pai do piloto Nicolas Latifi... os terrenos e edifícios da equipe foram hipotecados, assim como o acervo de carros históricos da equipe. É, sem querer ser pessimista, mas já sendo, não vejo a equipe alinhando em 2021. Foi-se 5 anos atrás a oportunidade de fechar as portas da equipe com um mínimo de dignidade e amor próprio presentes, agora deve ir fazer parte da história da categoria de maneira definitiva e terminal. Espero estar errado, mas não acredito nisso.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini