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A única certeza é a incerteza PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 25 March 2020 20:58

Caros Amigos, em meio a “tempestade perfeita” que se tornou o mercado financeiro, tenho feito uso de duas “válvulas de escape”: uma é a leitura de assuntos que passam longe do meu meio de sustento. O outro é o Projeto Nobres do Grid, que está cada vez melhor, apesar de termos sido obrigados a parar alguns projetos em andamento devido ao coronavírus.

 

Entre as minhas leituras, na última segunda-feira iniciei uma releitura de D.R. Morrison, e seu tratado filosófico sobre a obra de Sócrates, filósofo grego que foi o pioneiro – e talvez o mais profundo – na abordagem do humanismo (algo extremamente em falta em tempos de polarização política no Brasil), mas que também foi um dos mais paradoxais na visão dos que o estudam por suas colocações.

 

Uma delas, que é de busca fácil na internet, mas de raso entendimento em sua profundidade é a famosa frase atribuída a ele (há controvérsias de ele realmente teria dito isso, uma vez que não há escritos de sua autoria), “Só sei que nada sei”. Este – agora direcionando para o assunto da nossa coluna – é o paradoxo que deve estar perturbando a mente de todos os dirigentes do automobilismo mundial (em nosso pequeno universo) de forma geral, mas que tratarei do caso da Fórmula 1, em particular.

 

Um dia após eu escrever a minha coluna da semana passada, a FOM, o braço gestor da categoria no Grupo Liberty Media, anunciou que o campeonato deveria ter início em junho, com o GP de Baku, no Azerbaijão, mas a projeção não durou uma semana sequer e no início da semana foi anunciado do adiamento/cancelamento da corrida no belo circuito de rua. Quem ficou confirmado como evento a não ser realizado foi o GP de Mônaco, que acontece desde 1929, muito antes de existir Fórmula 1, e que só não aconteceu durante alguns anos devido ao pré e pós II guerra mundial e nos anos de 1949, 1951, 1953 e 1954.

 

A ideia de fazer um campeonato mais curto, com menos corridas e com intervalos menores começou a ganhar forma dentro da ideia dos dirigentes e o número está variando entre 15 e 18 etapas, com o campeonato se estendendo até bem próximo ao natal. Neste arranjo, duas das 22 corridas já estariam definidas como a não se realizar: Austrália e Mônaco. Quem seriam as candidatas a serem cortadas? Sem querer ser fatalista, acho que Interlagos está em risco.

 

Porque Interlagos estaria em risco mesmo sendo um dos mais tradicionais Grandes Prêmios poderia estar em risco? Alguns fatores podem ser considerados. O primeiro seria o logístico. Assim como a Austrália, Interlagos fica “longe e no hemisfério sul”. Com falta de tempo, pelo calendário original seriam 2 semanas entre México e Brasil e outras duas semanas entre Brasil e Abu Dhabi. Tempo é algo que a categoria não vai ter caso o campeonato seja retomado em – digamos – meados de junho. O outro fator seria a questão contratual. Pelo “abono” dado por Bernie Ecclestone ao promotor brasileiro, a Interpub de Tamas Rohonyi, eles não pagam um centavo para a FOM desde 2018 e a não ser que haja uma multa enorme e/ou um não acordo para garantir um ano de extensão no contrato na forma que está – sem custos – para Interlagos, além do cancelamento, haveria um risco de litígio que poderia tirar o Brasil do calendário, uma vez que qualquer pessoa com bom senso não acredita no fantasioso autódromo do Rio de Janeiro.

 

Gostaria de deixar claro que trata-se se um exercício de especulação, sem nenhuma informação privilegiada ou intenção de espalhar qualquer tipo de boato. Contudo, há uma lógica em meu raciocínio e o grande desejo de que eu esteja errado com relação ao cancelamento da etapa brasileira para 2020, embora com a indefinição sobre a renovação do contrato para os próximos anos, agravado pelos efeitos ainda não previstos do pós-crise do coronavírus, um “acordo de cavalheiros” entre Chase Carey e Tamas Rohonyi para um GP Brasil garantido em Interlagos para 2021 em troca de uma compreensiva cessão de datas poderia ser algo positivo para as negociações futuras.

 

Com isso chegaríamos a 19 etapas restantes. Quem mais poderia “abrir espaço” neste intrincado jogo de datas? O Canadá, que tem a corrida (pelo calendário original) agendada para 14 de junho. Duas semanas depois, o calendário marca o GP da França, no dia 28. Duas etapas na Europa (Espanha e Holanda, por exemplo), faria com que fossem disputadas 4 corridas em 4 finais de semana, com a Áustria no dia 5 de julho. Mas isso seria mais uma especulação. Honestamente, não gostaria de estar no lugar do Mr. Carey no atual momento.

 

Um outro fator econômico seria reduzir o impacto da redução de arrecadação sobre as equipes, que recebem cerca de 60% do que a FOM arrecada com a venda de direitos de TV, promoção de corridas e merchandising. O adiamento das mudanças do regulamento para 2022 ao invés de 2021 foi acordado por todas as equipes, mas com a manutenção do sempre polêmico teto orçamentário – que para mim é “teto para inglês ver” – de 175 milhões de dólares para cada equipe, mas que não incluem uma série de custos como salários de pilotos e dirigentes, entre outros, e o que talvez mais pese nas mudanças de uma temporada para outra: a concepção de um novo carro.

 

Com a entrada do novo regulamento postergado para 2022, também ficou acordado que os carros de 2021 serão os mesmos de 2020, com as evidentes evoluções que os carros sofrem ao longo da temporada. Se o que se viu nos testes na Espanha se confirmar na pista, Lewis Hamilton começará o ano – quando este começar – com enormes chances de conquistar mais dois títulos mundiais, caso ele renove seu contrato com a Mercedes, o que deve acontecer. Além disso, veríamos as demais equipes correndo atrás e caso a Ferrari não consiga usar este tempo até o início da temporada – seja quando isso vier a acontecer – para resolver os problemas do SF1000 do contrário, serão duas temporadas de sofrimento para Mattia Binotto (se ele não for demitido antes) e seus pilotos, andando atrás da Red Bull e talvez da “Mercedes Rosa”, o carro da Racing Point.

 

Mas como teria dito Sócrates, “Só sei que nada sei”.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 

 

 

 

Last Updated ( Wednesday, 25 March 2020 23:38 )