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Um pouco de saudosismo não faz mal a ninguém PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 29 January 2020 21:19

Caros Amigos, acredito que todos os brasileiros estão acompanhando com extrema angústia o que a minha cidade, Belo Horizonte, está passando nos últimos dias. Uma destruição inacreditável, que expõe a falta de qualidade da nossa infraestrutura, a incapacidade das autoridades brasileiras em lidar com uma situação crítica, seja ela uma questão meteorológica ou não, além da lamentável falta de educação dos nossos cidadãos que entopem galerias, córregos e esgotos com lixo de todo o tipo e que ignoram os alertas das autoridades sobre medidas de segurança a serem tomadas.

 

Demorei a concluir minha coluna na noite desta quarta-feira para que meus estimados leitores possam lê-la na quinta-feira por uma razão muito importante: recebi esta semana de um estimado leitor e, segundo ele, admirador, uma cópia do GP Brasil de Fórmula 1 de 1978, em excelente definição de imagem, com narração em inglês feita pelo lendário Murray Walker, e após o jantar chamei meu filho para assistir comigo este momento maravilhoso ocorrido a exatos 42 anos, no dia 29 de janeiro.

 

Após as dificuldades enfrentadas pela administração do autódromo de Interlagos, sem uma outra alternativa como bem apresentou o Sr. Tamas Rohonyi em sua maravilhosa entrevista dada ao nosso site, contou-nos o quanto foi difícil realizar aquela corrida em uma cidade onde, apesar da pista ter uma excelente qualidade e uma visão privilegiada para o público, não havia na cidade uma equipe de trabalho extrapista que tivesse expertise sobre como conduzir um GP de Fórmula 1.

 

Peço perdão se parecer saudosismo da minha parte, mas acho os carros daqueles anos tão mais bonitos que os carros atuais... em todo caso, eu era muito pequeno e não assisti a corrida naquele ano. Ter a oportunidade de ver com as condições que me enviaram foi algo a agradecer e mais ainda poder partilhar este momento com meu filho, que é um dos maiores incentivadores que tenho neste trabalho diário para o Nobres do Grid, que vai muito além da minha coluna semanal.

 

Em detalhes da corrida, como era importante os carros contornando as curvas com o perseguidor completamente embutido na traseira do carro que segue à sua frente e nestes momentos de disputa, a ultrapassagem de Emerson Fittipaldi sobre James Hunt foi uma mostra de que ele não era aquele piloto que esperava os carros quebrarem à sua frente, que era capaz de protagonizar momentos de extremo arrojo. E sendo um traçado que era novo para todos pilotos e equipes, sem os recursos disponíveis nos dias de hoje, era um fator para se reduzir as diferenças entre as equipes mais fortes e as mais fracas.

 

A arquibancada do autódromo de Jacarepaguá era sensacional. A ultrapassagem de Emerson Fittipaldi sobre Ronnie Peterson, em uma Lotus, o carro que seria campeão do mundo naquele ano, diante de todo o público, na reta oposta, soou com um gol no estádio do Maracanã. Talvez nem o mais otimista dos torcedores estivesse acreditando naquilo que seus olhos viam. Fato que viria a se repetir quando o Copersucar-Fittipaldi superou a Lotus de Mario Andretti que perdeu rendimento e a passagem pela reta na segunda posição à 7 voltas do final fez soar outro “gol” nas arquibancadas.

 

Entre o emocionante e o assustador final de prova, com o narrador inglês em uma mistura de preocupação e incredulidade ao ver a reta de chegada “em meia pista” com a corrida ainda em andamento o fez dar um daqueles depoimentos que se deve guardar para sempre, de como é importante um país tão apaixonado pelo automobilismo ter um piloto como Emerson Fittipaldi e – vidente? – previa que cenas como aquelas, naquela tarde no Rio de Janeiro, inspirariam muitos jovens pilotos brasileiros a tentar repetir os títulos e vitórias dele. Ele tinha razão!

 

A nossa coluna hoje foi um pouco diferente do que costuma ser, mas um pouco de saudosismo, vez ou outra, não faz mal a ninguém.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva