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Uma triste virada de ano para o motociclismo nacional PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 31 December 2019 20:12

Caros Amigos, eu gostaria de nesta nossa primeira coluna do ano, que escrevi no último final de semana, trouxesse uma abordagem positiva sobre algum assunto ligado a nossa paixão que é o esporte a motor.

 

Motivos – ao menos internos – não faltariam, afinal, tivemos um aumento considerável em número de visitantes em nosso portal, externamente, tivemos em São Paulo um dos melhores Grande Prêmio de Fórmula 1 na temporada, que teve algumas corridas excelentes, mas o desenrolar de um problema que surgiu no final da temporada de motovelocidade no Brasil joga sobre o esporte uma pesada nuvem de descrédito, algo que nenhum esporte precisa.

 

Ao contrário do que muito ouvimos falar – e mais ainda em relação as queixas – da Confederação Brasileira de Automobilismo, a sua “irmã das duas rodas”, a Confederação Brasileira de Motociclismo não costuma ter o mesmo espaço na mídia que a entidade das competições com mais de duas rodas. A maior categoria de competição de motociclismo do país, a Superbike Brasil, foi – durante algum tempo – um evento à margem da confederação, sem homologação da mesma e com regulamentos e critérios próprios, sob a direção do piloto e promotor Bruno Corano, que foi nosso entrevistado em 2017 e declarou esta independência daquele que deveria ser o órgão máximo do país.

 

Em 2019 a competição contava com a homologação da CBM e neste final de ano tivemos um episódio dos mais lamentáveis que se poderia testemunhar, tanto no âmbito esportivo quanto no âmbito legal, envolvendo a promotora da categoria, as duas principais equipes, o maior nome da história do motociclismo brasileiro e o melhor piloto brasileiro da atualidade.

 

Após a 7°Etapa do Superbike Brasil, disputada em Goiânia, dia 20 de outubro, a equipe de Alex Barros entrou com recurso na secretaria de prova para realização da vistoria da moto vencedora, do piloto Eric Granado, da equipe Honda Racing. Segundo relato e informação verificada, após 3 dias a moto chegou ao SENAI, em São Paulo, com a presença de 3 integrantes da equipe reclamada, 2 integrantes da equipe reclamante, 2 integrantes da organização do Campeonato, 1 vistoriador do Campeonato e 1 representante da marca da reclamada (Honda) e total omissão do órgão máximo do esporte no país, a CBM, que homologa a competição.

 

As medições feitas na instituição, abrangendo o conjunto pistões, biela e virabrequim constataram uma diferença na medida das bielas com relação ao regulamento técnico da categoria, aprovado pelas equipes e homologado pela Confederação Brasileira de Motociclismo, que apesar de ausente, decidiu – após três dias – não desclassificar a moto vencedora, mesmo com a diferença de medida extrapolando a margem de tolerância estabelecida no regulamento.

 

A questão de ordem interna saiu dos boxes, oficinas e laboratórios e foi para o tribunal, uma vez que a equipe do piloto Alex Barros decidiu por recorrer ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva da decisão tomada pela CBM. Segundo relatos, checados e confirmados, a representante jurídica do órgão que tem por obrigação zelar pela integridade e transparência na gestão do desporto que representa, compareceu a audiência munida de um documento que seria uma Declaração Técnica do SENAI, estabelecimento onde foram feitas as medições na moto da equipe Honda Racing, datado de 27 de novembro de 2019, onde a instituição vistoriadora declarava não haver irregularidades, com um documento afirmando que as medições, mesmo com uma variação nas medidas, manteria a motocicleta vistoriada dentro do regulamento, o STJD tomou decisão unânime em negar o recurso da equipe de Alex Barros.

 

Tudo estaria resolvido se a equipe e seus representantes não tivessem procurado o SENAI, de onde havia partido o referido documento, para buscar esclarecimentos e o SENAI negou, por Memorando datado do dia 3 de dezembro de 2019, que não havia feito nenhuma “declaração técnica”, inclusive reiterando que a eles foi solicitada apenas a realização das medições, que foram informadas as partes envolvidas, sem fazer conclusões, uma vez que o SENAI não é o órgão responsável por emitir conclusões.

 

Neste último mês de dezembro o presidente da CBM, Sr. Firmo Henrique Alves participou por todo o tempo de duração de um programa especializado em esporte a motor, o qual costumo gravar por ser transmitido em um horário bastante desconfortável, onde em nenhum momento este assunto, de tamanha gravidade, foi mencionado (algo que considerei muito estranho). A falsificação de documento, com o agravante do uso deste em um tribunal, é crime previsto no Código Penal Brasileiro e sendo este desejo dos prejudicados, uma balalha jurídica fora das pistas pode ganhar uma dimensão extremamente negativa para quem vem buscando trazer de volta a MotoGP para o país.

 

Um abraço, um feliz ano novo (se pudermos) e até a próxima,

 

Fernando Paiva