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Porquê a industria automóvel ainda não apanhou (e pode não mais apanhar) a Tesla? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 23 December 2019 22:59

Causa sensação por estes dias a noticia de que a Porsche, com o seu modelo Taycan, o seu primeiro modelo elétrico, tem apenas uma autonomia comprovada de 322 quilómetros, bem mais modesto que todos os modelos da Tesla por exemplo. A marca alemã disse a principio que isso não era verdade, e até pediu uma avaliação independente, que confirmou essa distância. Eles afirmavam que a autonomia era maior, de 297 milhas, cerca de 476 quilómetros, e este abaixamento de 154 quilómetros é significativo.

 

E o mais interessante nisto tudo é que, agora que boa parte da industria automóvel está a lançar os seus primeiros modelos elétricos, é como todos estes construtores não conseguem bater a Tesla, e provavelmente, durante muitos anos não apresentarão aquilo que a imprensa automóvel anda à procura: o "Tesla Killer", ou seja, o carro que iria superar os modelos construídos pela firma de Elon Musk. Especialmente agora, que divulgou o Cyberpunk, o modelo "off-road" que tem uma das suas versões a oferecer uma autonomia de... 800 quilómetros, ou 500 milhas. Mais do dobro que as outras marcas.

 

Poder-se-á dizer que a Tesla, uma firma com 16 anos de existência, esteve sempre a fazer modelos elétricos, primeiro com o Roadster, e depois, o modelo S, o X, o 3 e em breve, fabricará o Y, em duas fábricas nos Estados Unidos, uma na China e outra que começará a ser construída na Alemanha. E fala-se que a segunda versão do modelo Roadster, previsto para 2022, poderá ter uma bateria para 800 milhas, cerca de 1100 quilómetros, provavelmente colocando um prego no caixão dos carros de motor de combustão interna. Também poder-se-á dizer que, estando ele há mais tempo na área, tenha um enorme avanço sobre as demais marcas. 

 

   As formas agressivas do utilitário e "todo serviço" carro da Tesla, o Cybertruck, foi mais um duro golpe na concorrência.

 

E não é só a Porsche: a Audi, com o seu modelo e-tron, a Mercedes, com o seu modelo ECQ, e a Jaguar, com o seu modelo e-Pace, tem autonomias semelhantes, na ordem dos 320 a 350 quilómetros, nenhum deles se aproximando dos Teslas, exceptuando o modelo de primeira geração do Roadster. Mas esse é um carro que deixou de ser fabricado em 2010...

 

As pessoas que revêm estes carros, nas publicações especializadas, ficaram não só desiludidos com os resultados, como se interrogam o que estas marcas andaram a fazer nesse campo. Se fizeram um carro só para cumprir obrigações - no caso da industria automóvel alemã, ainda no rescaldo do "Dieselgate" - ou então é a tal década que perderam a fazer outras coisas, dando um avanço que provavelmente será definitivo sobre a Tesla, ainda por cima, quando Elon Musk afirmou recentemente que poderão estar a construir uma segunda geração de baterias, mais potentes e mais concentradas em termos de armazenamento de energia e que aguentem mais cargas, fazendo com que durem muito tempo. Algumas... dezenas de anos, provavelmente.

 

 

E estes modelos têm outra desvantagem: dois modelos elétricos no mercado, o Nissan Leaf e o Renault zoe, tem baterias com autonomia ligeiramente superior, e custam muito menos. Um Taycan está à venda por 160 mil dólares, enquanto um Leaf novo tem um preço de 26 mil euros, semelhante ao modelo da marca do losango. Ou seja, se quer um Porsche, é melhor comprar três Nissans e três Renaults. E noticias recentes referem esta última poderá lançar em 2021 o modelo K-ZE, baseado no Kwid, construído na China. Se for através da marca Dacia, e com uma autonomia semelhante, poderá custar menos de 20 mil euros.

 

Caso tudo isto aconteça, pergunta-se: toda esta gente chegou tarde à corrida ao carro elétrico? E se for isso, eles serão os grandes culpados? E que consequências terão no futuro?

 

   O Tesla Model 3 não é apenas um carro bonito. Ele tem o dobro da autonomia da maioria dos demais carros elétricos.

 

Em relação à primeira pergunta, ainda não há uma resposta definitiva, mas por exemplo, o Grupo Fiat ainda não lançou um modelo totalmente eléctrico de raíz - dizem que estão a desenvolver - e o grupo PSA só agora é que lançou o seu primeiro modelo elétrico de massas, o e-208 da Peugeot, e o e-Corsa. Ambos quase uma década depois do Renault Zoe, a propósito.

 

E eles esquecem que na China, um grande mercado automóvel, as marcas locais estão a apostar forte e feio nos modelos elétricos, e a cada ano que passa, despejam nas estradas cerca de um milhão de carros elétricos, com autonomias por vezes superiores a estes novos modelos. E os coreanos não ficam atrás, com os modelos da Hyundai, tão bons que os japoneses, que andaram década e meia a apostar em híbridos e tentando a sua sorte no hidrogénio, decidiram montar carros eléctricos.

 

   O Tesla Model Y promete dar um salto ainda maior no quesito autonomia em relação aos concorrentes pelo mundo.

 

Em suma: quem partiu primeiro, tem uma vantagem que provavelmente não será mais apanhado pela concorrência.    

 

 

Saudações D’além Mar,

 

Paulo Alexandre Teixeira