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Penske e Ecclestone: formas distintas de gerir o sucesso PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 11 December 2019 20:53

Caros Amigos, ainda no meu período distante destas nossas conversas semanais (comprometo-me a não fazer mais nenhuma “viagem no tempo”. Esta será a última) aconteceu algo que merece uma volta e uma reflexão sobre o ocorrido. Não apenas pela forma como ocorreu, mas por podermos traçar um parâmetro entre dois visionários do esporte a motor que mesmo sendo hoje senhores de mais de 80 anos de idade, tem suas posições extremamente considerada por parte de quem vivencia o dia a dia do automobilismo em particular.

 

Quando ouvimos nossos pais falando sobre algumas pessoas bem sucedidas que “vieram do nada” e tornaram-se grandes empresários, latifundiários, comerciantes, em alguns casos construindo verdadeiros impérios, eu e meus irmãos prestávamos muita atenção nas palavras deles. Era o momento de buscar um ensinamento a mais, uma lição de vida que pudesse ser um fator de impulsionamento em nossas vidas profissionais.

 

Há também os casos do que acontece com as gerações seguintes, que temos referências de descendentes que dilapidaram patrimônios construídos com décadas de dedicação e sacrifícios bem como o de novas gerações que fizeram os negócios da família continuarem crescendo e daqueles que, com a base constituída de uma família economicamente sólida, buscaram seus próprios caminhos e construíram eles mesmos seu negócio de sucesso em uma área totalmente diversa.

 

Roger Penske e Bernie Ecclestone são dois admiráveis exemplos de sucesso no mundo nos negócios que tiveram inícios de vida distintos, mas que o passar dos anos os fez assumir caminhos por vezes muito semelhantes, outras vezes nem um pouco, mas que fizeram dos dois verdadeiros ícones da história do esporte a motor, reconhecidos em todo mundo como pessoas que começaram com um pequeno negócio e tornaram-se gigantes bilionários.

 

Roger Penske, hoje com 82 anos, nasceu de família rica. Seu pai era um industrial do ramo de metalurgia, mas isso não levou Roger a seguir o mesmo caminho. Apaixonado por velocidade, ele queria ser piloto de corridas e ainda muito jovem começou um negócio próprio de compra e venda de automóveis (que ele reparava e, em alguns casos, disputava corridas com eles) e aos 21 anos, quando ele entrou em sua primeira corrida oficial, da SCCA, no Marlboro Motor Raceway, em Maryland.

 

Bom piloto, Roger Penske tornou um dos grandes nomes das pistas, com três títulos nacionais e diversas vitórias em corridas importantes enquanto seus negócios com venta e revenda de carros prosperava. Ele chegou, inclusive, a disputar um GP de F1, em 1961, em Watkins Glen, chegando em 8°. Mas mesmo tendo seu nome considerado como um potencial campeão, ele focou-se nos seus negócios e no curso de administração na universidade. Aos 25 anos ele deixou as pistas para passar iniciar uma carreira vitoriosa e consagradora no mundo dos negócios e do automobilismo.

 

Sete anos mais velho, Bernard Ecclestone era filho de um pescador e no final dos anos 50, deixou seu caminho e seguiu para buscar seu sonho, mas ao contrário de Roger Penske, faltava a ele a habilidade ao volante. Bernie – como era chamado – tentou duas vezes se classificar para um GP de F1, em Mônaco e na Inglaterra. Falhou em ambas. Mas se sua habilidade não estava no volante, ela estava em fazer as coisas acontecerem.

 

Em 1957, ele deixava em segundo plano o negócio de venda e revenda de carros usados para tornar-se empresário do piloto britânico Stuart Lewis-Evans, e também assumiu o controle da equipe de F1 de Connaught, para quem Lewis-Evans pilotava. A primeira experiência não foi totalmente agradável para Ecclestone, que viu como no Marrocos, em 1958, seu piloto perder a vida quando seu carro da equipe Vanwall bateu e pegou fogo. Sua capacidade de negociador era inegável e ele chegou a ter como cliente no final dos anos 1960 com o austríaco Jochen Rindt sob seu comando, que morreu em um acidente em 1970.

 

Nos anos 70 Roger Penske já tinha uma equipe de competição consolidada, tanto em carros de turismo quanto na F.Indy, um trabalho que começou em 1966. com triunfos nas 500 Milhas de Indianápolis de 72 e em corridas da NASCAR, a partir de 73. Na F1, a equipe chegou a entrar em 40 GPs, entre 1974 e 77, com um cartel de uma vitória, três pódios e o quinto lugar entre os construtores em 76, entre 13 times que pontuaram.

 

Nos negócios, o que começou com uma concessionária e cresceu para uma empresa de aluguel e leasing de caminhões, se tornou um grande conglomerado, que inclui uma enorme rede de vendas de carros presente em todo o território dos Estados Unidos, uma transportadora, e diversos outras empresas ligadas ao setor automotivo e logística. O faturamento anual do grupo Penske ultrapassa a casa dos 35 bilhões de dólares.

 

Com uma visão privilegiada para negócios, Bernie Ecclestone via na F1 um negócio que poderia tornar-se gigantesco e não um “circo” como muitos chamam até hoje a F1. Em 1972, quando ele comprou a equipe Brabham por 120 mil dólares e a vendeu por cinco milhões pouco mais de uma década depois, ele tornou-se neste período o homem forte da FOCA (Associação de Construtores da Fórmula 1), um grupo que representava as equipes e que defendia os interesses destas junto (ou contra) a FISA (braço esportivo da FIA, que não mais existe).

 

A Fórmula 1 tornou-se um negócio bilionário com os direitos de comercialização de imagens, participação de grandes empresas patrocinadoras e uma difusão mundial, levando bilhões de telespectadores a acompanhar nos finais de semana de corrida as grandes marcas, os grandes nomes do automobilismo mundial e de fazer do filho do pescador um dos homens de negócios mais poderosos do mundo, com uma fortuna de bilhões de libras e investimentos em diversas áreas. Inclusive no Brasil, onde planta cafés especiais.

 

Durante quase três décadas Bernie Ecclestone foi o dono da Fórmula 1, mas mesmo com o negócio sendo um sucesso, nunca lhe faltaram críticas ou mesmo acusações – algumas provadas – de negócios escusos tendo ele, inclusive, sido condenado.

 

Nos Estados Unidos, Roger Penske não passa por essas turbulências políticas e agora neste final do ano, comprou não apenas o Indianápolis Motor Speedway como a categoria F. Indy, mostrando a disposição de levar a categoria a voltar a ser a de maior projeção do automobilismo norte americano fora de suas fronteiras.

 

Duas personalidades distintas, de uma certa forma, admiráveis e que parecem intermináveis.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva