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Um tempo para Nico ter seu tempo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 10 December 2019 02:00

Olá fãs do esporte a motor,

 

Com as temporadas terminadas pelos campeonatos de automobilismo pelo mundo, não pensem vocês que meu trabalho diminui, apesar de eu estar planejando um período de férias do consultório para breve. Enquanto o automobilismo vive a chamada “silly season”, não temos nada de “silly” para fazer por aqui, pelo contrario.

 

Entre os pilotos, o assunto que mais costuma vir ao centro das nossas sessões deveria ser, no que entendo e procuro buscar isso nos meus pacientes, uma avaliação do trabalho do ano e um alinhamento de propostas interpessoais para o ano seguinte. Não podemos querer simplesmente passar o pano no quadro branco e começar a escrever um novo tema. A vida não é assim, há uma interligação em tudo que fazemos.

 

Quando uma temporada termina, um atleta precisa fazer uma avaliação sobre aquele ciclo e buscar entender o que pode ser pesado como positivo e negativo em seu desempenho técnico, físico e emocional para que ele consiga evoluir em todos os seus campos, podendo assim se valorizar e projetar-se em um meio tão competitivo como é o esporte de alto rendimento.

 

Entre os pilotos que estão mantendo seu programa de consultas regulares comigo, um dos que mais me sinto a vontade de conversar sobre como ele está encarando este momento da carreira é Nico Hulkenberg, que ao ter seu contrato encerrado no final da temporada de 2019 da Fórmula 1, não recebeu proposta de renovação por parte da equipe francesa e também não conseguiu um lugar para continuar na categoria para 2020.

 

  No grid,junto com toda sua equipe, Nico Hulkenberg deu adeus à Fórmula 1 em 2019.

 

Para quem construiu uma carreira com a solidez que Nico construiu, definitivamente, não é fácil ver as portas se fechando, especialmente depois dele despertar tantas esperanças em si mesmo, seus familiares e amigos, assim como os profissionais que com ele trabalharam ao longo de todos estes anos, desde o kartismo até o título da GP2, de onde todos acreditavam que ele partiria para a consagração. Não foi bem assim.

 

Em sua despedida da Renault, a equipe fez uma bela homenagem para ele, criando um corredor humano pelo qual ele passou sob aplausos depois de estar cumprindo seu último final de semana, na midiática etapa de Yas Marina, em Abu Dhabi, mas este momento, mesmo que de agradecimento e reconhecimento do esforço em tentar tirar de um carro aquilo que ele não oferecia foi mais um duro momento para Nico.

 

   Nos boxes, um corredor humano feito por todos para saudá-lo e agradecer pelos anos de dedicação.

 

Quando as possibilidades e a iminente chance de sair da Renault no final do ano começou a se fazer mais potencializada, Nico olhou para mais de um cenário para 2020. inclusive de estar mais perto de mim, mas os rumores de uma vinda sua para Fórmula Indy ficou apenas no campo dos rumores, quando Ed Carpenter Racing descartou rumores sobre o saída do piloto da Renault para a equipe, com a mídia européia sugerindo que ele poderia pilotar pela equipe em um programa de meio período que excluiria corridas nas ovais da categoria, algo que Nico já deixou claro algumas vezes que não o atrai.

 

Nico, vez por outra, lembra o fato de ter me escolhido para ser sua terapeuta pelo fato de eu ser brasileira e lembra de dois momentos de sua carreira que foram muito marcantes, ambos acontecendo em Interlagos: primeiro, a pole position conquistada em seu ano de estréia na Williams, tendo como companheiro de equipe Rubens Barrichello, em 2010. mas tem uma outra passagem do Brasil que ele lembra com mais efeito.

 

Muitos apontam o Grande Prêmio do Brasil de 2012 como a corrida que poderia ter lançado Nico Hulkenberg a um outro platamar na Fórmula 1, mas, em vez disso, um Safety Car e uma investida espetacular em Lewis Hamilton lhe custaram a vitória. Ele liderava a corrida com uma vantagem imensa, e a estratégia de corrida da equipe poderia coloca-lo de volta na liderança, com folga, após um pit stop programado, mas um safety car agrupou todos os pilotos e a estratégia não deu certo. Nem para o pódio ele conseguiu ir.


  É duro para um piloto fazer uma carreira tão longa sem pódios. Neste ano na Alemanha, foi por pouco.

 

Essa é uma marca que incomoda demais meu paciente. Em todos os 10 anos que correu na categoria ele não conseguiu um pódio sequer. É um recorde negativo que muito lhe pesa. Este ano, na corrida em Hockenheim, ele teve uma das mais claras possibilidades de encerrar este “carma” que o perseguiu pou toda a década, mas na mesma curva onde tantos erraram, na entrada para a reta dos boxes, Nico também errou e acabou batendo, abandonando a corrida.

 

Uma das coisas que Nico tem falado é na possibilidade de desconectar-se deste mundo da velocidade por alguns meses, inclusive fazendo uma pausa nas nossas sessões. Ele diz estar bem com isso e que foi algo que ele começou a pensar entre a nossa última sessão antes da corrida em Yas Marina e este retorno ao meu consultório. Nico Avalia que são praticamente 25 anos dedicados ao automobilismo, desde o kartismo até o final desta temporada.

 

  Apesar da sensação de dever cumprido, Nico sabe que o carro da equipe nunca foi competitivo o suficiente.

 

Apesar de tudo, ele parece estar de bem com isso e de certa forma, até um pouco empolgado em abrir novos horizontes, novas possibilidades. Nico está de mente e coração abertos para novas experiências. Como o campeonato alemão de carros de turismo, que em 2020 vai receber montadoras japonesas e terá um grid mais plural, com as provas começando apenas em maio, há tempo para Nico ter seu tempo.

 

Talvez seja justamente isso que ele precise: um tempo para se reinventar como pessoa e como piloto, piloto de ponta e veloz que ele nunca deixou de ser.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares


Last Updated ( Sunday, 15 December 2019 22:50 )