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A incompetência extra pista é mundial PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 09 December 2019 03:15

Olá leitores!

 

Final de ano no hemisfério Sul significa proximidade do Verão, e em uma cidade altamente coberta por asfalto e cimento como São Paulo isso significa... um calor infernal. Confesso que queria ter ido esse domingo até Interlagos levar minha filha para conhecer uma corrida de caminhões ao vivo... ainda bem que desistimos da ideia e assistimos a etapa final da Copa Truck em casa, em frente ao ventilador. Para uma época do ano em que faz tanto calor em São Paulo e a grande maioria das pessoas está preocupada com as compras para o Natal, as arquibancadas descobertas estavam com ótimo público (nem presto atenção nas cobertas, pois essas geralmente são de quem ganhou ingresso de algum dos patrocinadores, então não as considero um termômetro real). Com temperatura mais baixa, com certeza teria ido com a filhota ao autódromo presenciar o merecido título do ótimo piloto pernambucano Beto Monteiro. Confesso ter a curiosidade se foi cumprida uma certa promessa de arremesso para o alto de um chapéu de couro, imitando o tradicional gesto de Colin Chapman, quando Beto Monteiro fosse campeão... saberei mais pra frente.

 

Com um Sol para cada um dos pilotos, mecânicos, auxiliares e espectadores nas arquibancadas, foi dada a largada para a primeira prova do dia com Beto Monteiro mantendo a pole conquistada no sábado e mantendo-se à frente até a última volta, quando, já com o título assegurado, deixou seu companheiro de equipe Paulo Salustiano, que vinha grudado na traseira dele por boa parte da corrida, passar e ganhar uns pontinhos a mais na luta para alcançar o vice campeonato. Atrás de Salustiano e Monteiro chegou Roberval Andrade em 3º lugar, Leandro Totti em 4º e Felipe Giaffone em 5º. A segunda corrida foi marcada pelo óleo: quase em seguida, estourou o motor do piloto Pedro Paulo na subida dos boxes, gerando grossos rolos de fumaça e espalhando “um pouquinho” de óleo na pista naquele trecho. Enquanto a direção de prova decidia se iriam colocar o safety-truck para limpar a borda da pista (afinal, o óleo estava no canto da pista, bastaria uma bandeira amarela acompanhada da listrada vermelha e amarela nos postos perto da freada do Esse do Falecido), vazou óleo do caminhão de Felipe Giaffone (então 4º colocado) bem no ponto em que se freia em descida para fazer a Curva do Lago... o que posso dizer é que ainda bem que a área de escape tem bastante brita ali. Fosse aquelas frescuras de área de escape totalmente asfaltada como em Paul Ricard, teria dado ruim. Além de Giaffone, que rodou inapelavelmente e foi contido pela brita, também foram salvos pela “antiquada” solução de segurança Wellington Cirino e Clodoaldo Monteiro, que também perderam a aderência no óleo e foram parar no meio da caixa de brita. Com a ajuda do guincho que os rebocou, conseguiram voltar à prova... com algum atraso, verdade, mas voltaram. Após um longo trabalho de limpeza de pista, a corrida voltou à bandeira verde, sem grandes movimentações até o final. A última etapa se encerrou com Roberval Andrade no lugar mais alto do pódio, Paulo Salustiano em 2º lugar (e tendo que se contentar com o 3º no campeonato, já que o segundo lugar não deu pontos suficientes para superar André Marques), Renato Martins em 3º, o campeão Beto Monteiro em 4º lugar e o vice-campeão André Marques em 5º. Agora é aguardar a temporada de 2020...

 

Mudando de assunto: eis que na semana passada foi confirmado o que já se suspeitava, ou seja, o cancelamento da etapa brasileira do WEC. Quando foi divulgado o calendário 2019/2020 eu tinha minhas dúvidas, mas certamente a recente desvalorização do Real complicou ainda mais a coisa para arrecadar fundos para financiar a etapa. Sem entrar em nenhum dos outros méritos da questão... querer trazer QUALQUER competição internacional não ligada a futebol para o Brasil é tarefa hercúlea, começando pelo básico: o empresário brasileiro, com seus mais de 10 graus (em média) de miopia, não consegue enxergar que existem outros esportes que não o ludopédio e que sim, esses esportes podem trazer boa visibilidade para suas marcas. Você percebe que existe algo de muito errado em um país quando uma fábrica de automóveis patrocina clubes de futebol e não patrocina ou apoia competições automobilísticas. Daí para frente, é precipício abaixo.

 

Hoje em dia eu considero muito mais provável a Fórmula 1 sair do Brasil em 2021 do que a renovação do contrato. Motivos? Além da ridícula briga política para levar a corrida para o Rio de Janeiro em uma pista que nem existe ainda e seria construída em uma área de proteção ambiental, cercada de “comunidades” por quase todos os lados, o Brasil se mantinha como sede de corrida da categoria na Era Bernie, pois o Mau Velhinho sabia que era um bom negócio manter a corrida aqui e, se havia um lugar onde ele poderia deixar de cobrar o que cobrava de outros países pois o restante todo ligado ao evento compensava, era o Brasil. Os atuais donos estão em busca de quem pague mais... e essa verba inexiste na Banânia, ops, Brasil, se não for para futebol. Se o interesse for geográfico, muito mais fácil a corrida ir para a Argentina, onde apesar da crise econômica o povo AMA automobilismo e já sediam diversas outras categorias (WRC, MotoGP, SBK...), possuindo mais de um autódromo capaz de receber competições internacionais. Não consigo ser otimista com as chances do Brasil, e sugiro vivamente quem ainda não viu uma corrida de Fórmula 1 em Interlagos começar a guardar dinheiro para o ingresso de 2020, pois deve ser o último, para alegria dos especuladores imobiliários ligados à atual administração da cidade e do estado de São Paulo, ávidos por construir desenfreadamente naquele grande espaço livre.

 

Objetivamente falando, nem mesmo categoria que dispensa autódromos permanentes como a Fórmula E (elevada semana passada oficialmente a campeonato mundial chancelado pela FIA, e com piloto campeão em temporadas anteriores não reconhecidas se auto intitulando “campeão mundial de Fórmula E” nas redes sociais...), já que a categoria pressupõe ao menos uma organização mínima e uma infraestrutura razoável... e não estamos preparados para nenhuma das duas. Além de “anão diplomático”, estamos a um passo de virar “anão desportivo” por falta de representantes em situação de mínimo destaque.

 

Após se sentir preterido na F-2, Sette Câmara está buscando vaga na Indy. Espero que consiga, pois para chegar na F-1 está muito complicado competir com filhos de bilionários e pilotos protegidos de equipe A ou B, então espero que ele consiga ir para lá e chegar na frente do Choronso nas 500 Milhas. Talento ele tem, com a enorme vantagem de não ser falastrão e semeador da cizânia como o sobrevalorizado espanhol.

 

Para completar a coluna, permitam-me expressar a minha preocupação com mais uma decisão – no mínimo – polêmica do ACO (Automobil Club d’Ouest) a respeito dos Le Mans Hypercars, categoria que a partir da próxima temporada substituirá a LMP1 como categoria topo do Mundial de Endurance. A entidade a princípio avisou que não serão permitidas equipes privadas, ou seja, sem vínculo com algum fabricante. Com a má recepção à medida, alteraram o texto do regulamento indicando que a admissão de equipes privadas está sujeita à aprovação do Comitê da categoria... ora, basta lembrar que as épocas de maior popularidade das provas de longa duração eram justamente quando existiam diversas equipes privadas enchendo o grid. Não gostei da ideia original, e tenho minhas reservas quanto a essa “aprovação do comitê”... em quê isso beneficiaria a categoria? Simples: publiquem o regulamento, quem fizer carro que se encaixe nas especificações poderá se inscrever. As pessoas parecem estar ficando cada vez menos inteligentes...

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini 
Last Updated ( Monday, 09 December 2019 09:10 )