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O imperativo discurso da sustentabilidade PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 November 2019 21:34

Caros amigos, há pelo menos duas décadas, cada vez mais a cada ano, o número de projetos, propostas e ações ligadas a sustentabilidade vem aumentando. Neste novo século, o termo “sustentabilidade” tornou-se uma arma de enorme poder de negociação em todos os seguimentos no mundo dos negócios.

 

Os governos, de quase todos os países, dirigiram recursos públicos em grande escala para facilitar o tráfego dos veículos motorizados, com longas e largas avenidas, viadutos, pontes, garagens etc. As coisas mudaram e vem mudando a uma velocidade cada vez maior. A tendência neste século é a de que o automóvel, como transporte individual, fatalmente deixará de ser uma opção para as grandes concentrações urbanas, mas mais do que isso, há um forte trabalho de desenvolvimento e pesquisa na concepção de que não podemos aumentar o volume de monóxido e dióxido de carbono na atmosfera e isso vem atingindo também o esporte a motor... de mais de uma maneira.

 

Quem assistiu a abertura da temporada da Fórmula E viu no grid montadoras alemãs, japonesas, inglesas, chinesas em envolvimento direto com o que se mostra ser um caminho para o futuro na mobilidade urbana mundial e a competição vai além do que é uma “simples corrida de carros”. Estar na frente, vencer, é sinônimo de retorno financeiro, fatias mais generosas de um mercado emergente e que as demais plataformas de negócios, tanto industriais quanto esportivas, estão buscando meios para se adequarem a nova realidade.

 

Para quem estará completando sete décadas em 2020, a Fórmula 1 – categoria do automobilismo que esteve na vanguarda da inovação tecnológica ao longo de sua história – onde vimos em primeira mão avanços que beneficiaram diretamente a indústria automotiva em geral como desenvolvimento de freios mais eficientes, inovações aerodinâmicas, desenvolvimentos de segurança, sistemas de recuperação de energia, ferramentas de navegação em uma infinidade de aplicações automotivas e em outras indústrias, a categoria anunciou às vésperas do GP Brasil de F1 um ambicioso plano de sustentabilidade para ter uma pegada de carbono líquida zero até 2030.

 

O plano vem após doze meses de intenso trabalho com a FIA, especialistas em sustentabilidade, equipes de Fórmula 1, promotores e parceiros, resultando em um plano de entrega ambicioso, porém viável, e que é – evidentemente – uma resposta forte ao avanço da Fórmula E e à sua conquista no mercado automobilístico, com as montadoras investindo pesadamente na categoria como vitrine de mercado e dirigindo um montante considerável de seus budgets anuais em pesquisa de tecnologias com energias renováveis e não poluentes.

 

Além dos planos para eliminar (ou compensar) a geração de carbono do carro de F1 e as atividades na pista, as iniciativas incluirão ações para garantir que a categoria faça uma revolução logística, com viagens ultra-eficientes, escritórios, instalações e fábricas 100% renováveis, envolvendo não apenas as equipes, mas também os seus parceiros, promotores e patrocinadores.

 

Já em 2025 a categoria tem como meta garantir que todos os eventos sejam sustentáveis. Isso significará o uso de materiais sustentáveis ​​em todos os eventos, com a eliminação de plásticos descartáveis ​​e todo o lixo reutilizado, reciclado ou compostado. Além disso, fornecerá incentivos e ferramentas para oferecer a todos os fãs uma maneira mais verde de chegar aos locais de corrida e também garantir que os circuitos e instalações melhorem o bem-estar e a natureza dos fãs, além de oferecer oportunidades para que as pessoas, empresas e causas locais se envolvam mais na ação durante uma corrida.

 

Desde a introdução das atuais unidades de potência com dois sistemas de recuperação de energia em 2014, não se via um movimento tão extremo de tentativa de sobrevivência e sustentabilidade econômica da principal categoria do esporte a motor mundial. Algo que, de certa forma pode ter uma ligação direta com o futuro do GP Brasil de Fórmula 1 e sua permanência na cidade de São Paulo.

 

A construção do futuro autódromo de Deodoro, no Rio de Janeiro, que está – entre outras – na dependência da análise do estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) para a do Instituto Estadual do Ambiente, entregue esta semana, órgão que tem até um ano para aprovar ou não o estudo. Contudo, é bom lembrar que, durante o final de semana do GP Brasil, o hexacampeão mundial da categoria, Lewis Hamilton, que é um defensor de questões do meio ambiente posicionou-se contrário a construção do novo autódromo por este destruir uma área de vegetação nativa e, diante do projeto apresentado pelo Grupo Liberty Media e pela FIA, seria no mínimo incoerente o incentivo à obra no estado do Rio de Janeiro.

 

De concreto o que vemos é que a próxima década será a de uma corrida pela sustentabilidade no meio do esporte a motor, onde não apenas a Fórmula 1 e a Fórmula E estão competindo. O DTM, o WTCR, a NASCAR e outras categorias também estão trabalhando em projetos sustentáveis, mesmo que isso incomode os saudosistas que clamam pelos motores V8. É um caminho sem volta.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva