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O GP dos bastidores está longe ou perto da bandeira quadriculada? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 20 November 2019 22:05

Caros Amigos, um dos problemas de se ficar um tempo “fora do ar” como eu fiquei é que o mundo não parou de girar enquanto eu estava sem escrever esta nossa coluna semanal. Uma das consequências disso foi o acúmulo de assuntos e ideias interessantes que poderiam ter sido abordados em um dado tempo e que não tive como fazê-lo. Felizmente, bons temas para as nossas conversas não faltam e o desta semana certamente vai provocar a todos os meus estimados leitores.

 

Ao longo deste segundo semestre, em particular, e em alguns momentos, pouco antes deste, todos nós vimos uma série de movimentos políticos – e comerciais – muito bem realizados pelo CEO do Grupo Liberty Media, Chase Carey, que mesmo tendo o “Pacto da Concórdia” por terminar no final de 2020, conseguiu a renovação dos contratos de Melbourne, Silverstone, Monza e Cidade do México (este último considerado quase como um caso perdido) para que estes se mantenham no calendário da Fórmula 1 pelos próximos anos. Em alguns casos, com o anúncio sendo feito na semana que antecedeu a corrida naquele país.

 

Evidentemente que ficou uma certa expectativa – que não se concretizou – de que houvesse o anúncio da renovação do contrato com Interlagos. Como bem sabemos, a renovação – ou não – do contrato da Fórmula 1 com o autódromo de Interlagos, que ainda é responsabilidade da Prefeitura da capital do estado tornou-se neste ano, uma disputa política visando a corrida presidencial do país em 2022, onde de um lado está o atual governador do estado, João Dória, que dois anos atrás, quando era prefeito da capital, queria vender o autódromo a todo custo e do outro está o presidente da república, Jair Bolsonaro, que apesar de paulista, está apoiando o projeto de construção de um novo autódromo, na cidade do Rio de Janeiro, em uma parceria que hoje não parece mais tão homogênea, uma vez que ele entrou em conflito com o governador do estado do Rio de Janeiro, que já anunciou seu interesse em concorrer à presidência.

 

Uma parceria entre prefeitura e governo ofereceram 20 milhões de dólares por ano para seguir com a F1 em São Paulo até 2030 e, inclusive, fazendo um projeto de independência do governo federal, provavelmente inspirados pelo que houve no México, onde a prefeitura e empresários assinaram um novo contrato e o GP passará a se chamar “Grande Prêmio da Cidade do México de Fórmula 1”. Pelos planos do governador, não estaria descartado o uso do nome “Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1”.

 

Durante todo o fim de semana deste ano, Interlagos recebeu 158.213 torcedores (segundo a organização), maior público desde 2001, quando as arquibancadas complementares permitiram um público maior e neste ano o público foi de 174 mil expectadores. nos três dias (sexta-feira, sábado e domingo). Se compararmos ao público que comparece na Cidade do México, a presença de público no Brasil é de pouco mais da metade. Interlagos pode receber mais público, desde que sejam montadas arquibancadas maiores e em outros pontos do traçado.

 

O Grupo Liberty Media tem uma visão de que o Rio de Janeiro é um lugar turisticamente mais atrativo do que São Paulo, contudo, não creio que o Sr. Carey ou seus executivos tenham ido até o local onde planeja-se construir o autódromo, transitado na Avenida Brasil em direção ao subúrbio carioca e a baixada fluminense para entender a geografia social do local. A oferta que teria sido feita, de 35 milhões de dólares por ano de contrato (quase o dobro do oferecido por São Paulo) certamente é um atrativo considerável, mas isso ainda precisa passar pela construção do autódromo.

 

Nesta última semana o Grupo Liberty Media apresentou um ambicioso plano de fazer “uma Fórmula 1 com zero impacto ambiental”, com programas compensação de carbono, introdução de frações de biocombustível nos carros, investir em tecnologias híbridas, reduzir o uso de plásticos e isso, segundo uma importante declaração do hexa campeão do mundo, Lewis Hamilton, deveria ser levado em conta e manter a corrida em São Paulo, “sem que sejam derrubadas árvores para fazer um novo autódromo”.

 

A decisão pode sair ainda este ano, uma vez que existem outras questões em jogo, entre elas a questão dos direitos de transmissão da categoria. O contrato com a emissora que detém os direitos de transmissão, tanto em sinal aberto como em canais por assinatura, também termina em 2020. O governador João Dória declarou que uma reunião no início de dezembro para tentar definir a situação.

 

Resta-nos ver quais serão os próximos movimentos das partes envolvidas. As divergências políticas entre os políticos que querem levar a corrida para o Rio de Janeiro pode ser uma vantagem extra para os que trabalham por Interlagos. A única certeza é mesmo em dezembro, podemos não ter nada decidido. Este verdadeiro GP dos bastidores pode estar distante da bandeira quadriculada.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva