Olá leitores! Confesso não ter ficado muito satisfeito em acordar mais cedo no domingo para presenciar um dos mais patéticos espetáculos que a Ferrari já protagonizou nas pistas... com o agravante que é público e notório que esse tipo de “acordo entre cavalheiros” antes da largada tem tudo pra dar errado. Só em Ímola, que tinha um espaço pós largada semelhante ao de Sochi, deu caca pelo menos 2 vezes: em 1982 (Pironi e Villeneuve) e 1989 (Prost e Senna). A atitude deveria ser a seguinte: quem fizer a primeira freada na frente, permanece lá. E definitivamente fez muita falta na Ferrari alguém como o Günther da Haas para entrar no rádio e falar “Seb e Charlie, vocês são pagos para correr, não pra ficar choramingando no rádio. Fiquem quietos e acelerem!”. Vitória merecida de quem reclamou menos e acelerou mais, Lewis Hamilton. Sabia que os carros da Ferrari seriam mais rápidos no começo da corrida, fez o possível para não deixar eles escaparem muito, e quando apareceu o safety-car a equipe foi inteligente e fez nesse momento o pit stop. De quebra, ainda ganhou o ponto extra da volta mais rápida. Está com uma mão inteira mais 4 dedos na taça de campeão de 2019, com méritos dele e da equipe. Seu lacaio Sancho Pança, digo, Valtteri Bottas, terminou em 2º lugar, melhor posição que um segundo piloto tão submisso pode almejar. Em 3º lugar chegou Chorão, digo, Charles Leclerc, que parece ainda não ter maturidade suficiente para entender que não, a vida não funciona do jeito que ele sempre quer, que ele pode estar nas graças da torcida italiana pelos seguidos bons resultados, mas que não, não é chorando como uma criança mimada de 5 anos que ele vai conseguir as coisas. Além de ser profundamente irritante... espero que o resultado do domingo tenha sido um aprendizado para ele. Seu companheiro Sebastian Vettel (18º) fez uma largada excelente, passou Hamilton e em seguida passou Chorão, e fez o certo: diminuir o ritmo para o companheiro passar? Se está tão rápido, encoste e passe... além do que, se fosse feito como a vontade do monegasco, a chance do Lewis encostar e passar na pista os dois era razoável. Assim sendo, a Ferrari partiu para o “plano C”, letra para qual o saudoso apresentador de programas policiais Alborghetti teria uma ótima utilização para definir o que a equipe italiana fez... enfim, em o carro dele não ter tido problemas em uma daquelas partes do sistema de recuperação de energia que fazem sopa de letrinhas, provavelmente teria terminado em 4º lugar. Como não terminou e parou o carro na pista, ainda deu margem para os profetas do Apocalipse desenvolverem intrincada teoria da conspiração segundo a qual ele parou o carro a 100m da entrada dos boxes para prejudicar o companheiro de equipe... li algumas após a corrida, e não fiquei 100% convicto de nenhuma. Sorry. Também não acredito naquelas teorias segundo a qual a Máfia mandou matar JFK, que os EUA deixaram o ataque de 11 de Setembro acontecer como pretexto para entrar em guerra, e apesar de acreditar em vida inteligente extraterrestre (cuja maior prova de inteligência é justamente não querer contato conosco) tenho dúvidas se eram os deuses astronautas. Em 4º e 5º lugares terminaram os pilotos da Red Bull Max Verstappen e Alexander Albon, respectivamente. Max fez o que dava pra fazer em uma pista onde não chegou a ter nenhuma real chance de ataque aos carros da Mercedes e da Ferrari, e o show ficou por conta de Albon, que largou dos boxes e veio escalando o pelotão até chegar em 5º, a cerca de 24 segundos atrás do Max. Grande atuação do garoto. Em 6º chegou Carlos Sainz Jr., que no começo da corrida conseguiu se enfiar no meio dos Mercedes, mas depois não teve desempenho suficiente pra segurar os carros da Red Bull. Foi o melhor dos “normais” da categoria, o que é um excelente resultado. Seu companheiro Lando Norris (8º) se atrapalhou um pouco no tráfego após o safety-car, e com isso pode ter perdido a chance de cruzar a linha de chegada em 7º logo atrás do Carlos, mas ainda assim, um grande desempenho para um piloto em seu primeiro ano na categoria em uma pista de difícil ultrapassagem se seu carro não foi muito superior ao da frente. Em 7º terminou Sérgio Pérez, satisfeito com o desempenho obtido do seu Force Daddy, digo, Racing Point, obtendo mais alguns valiosos pontos para a equipe. Seu companheiro (e Filho do Dono) Lance Stroll terminou em 11º alegando dificuldades com os pneus, com o desempenho do carro, com o equilíbrio do mesmo... aquela ladainha de sempre. Em 9º chegou Kevin Magnussen, que na prática chegou em 8º, mas ganhou uma punição de 5 segundos que o derrubou para 9º. Punição previsível em se tratando do quadro de comissários da FIA, por sinal... enfim, não foi o resultado sonhado mas todo ponto é bem vindo. Seu companheiro Romain Grosjean (20º) não passou da primeira volta, sendo jogado na barreira de proteção após aquilo que na mesa de bilhar chamamos de “telefone”, ou seja, acertar uma bola para na verdade deslocar uma terceira... Ricciardo tocou em Giovinazzi, que se descontrolou e acabou atingindo Romain, fazendo esse bater e abandonar a prova logo no início. Fechando a zona de pontuação tivemos Nico Hülkemberg, que não terminou a prova satisfeito com o desempenho que arrancou do carro da Renault, achando que poderia ter terminado mais adiante... faz parte. Seu companheiro Daniel Ricciardo (19º) teve seu carro danificado logo na primeira volta e acabou abandonando na volta 24, sem condições de arrancar um desempenho razoável do carro. Ao passo que a corrida de F-1 deixou a desejar, a prova da NASCAR no “Roval” de Charlotte foi de altíssimo nível... pelo menos até começarem as sequências de bandeiras amarelas e até uma bandeira vermelha. Em compensação, as voltas finais foram dignas de se assistir em pé em frente à TV, muito boas mesmo. Já tinha uma ideia que a prova seria interessante, até por se tratar de uma etapa de eliminação, mas confesso que superou as minhas expectativas. A merecida vitória ficou com Chase Elliott, que passou de 37º após bater de frente na barreira da primeira curva na volta 65 a líder da corrida na volta 104. Grande desempenho, estava com o carro “na mão”, fazendo a trajetória que desejava nas curvas, e posso dizer que foi uma daquelas vitórias com V maiúsculo. Em 2º lugar chegou Alex Bowman, que acelerou muito na pista para conseguir passar para a próxima fase dos playoffs mas conseguiu piorar o relacionamento com alguns pilotos, notadamente Bubba Wallace, que não ficou nem um pouco feliz em ter sido tocado pelo piloto do carro #88. Enfim, Bubba também não estava tendo um desempenho dos melhores e estava dando várias fechadas no Alex, aí também não tem muito como reclamar desse tipo de toque. Em 3º terminou Kevin Harvick, liderando a trinca de carros da Ford (atrás dele chegaram Clint Bowyer e 4º e Brad Keselowski em 5º), com o melhor Toyota chegando apenas em 7º lugar (Martin Truex Jr.). Passaram para a próxima fase dos playoffs: Martin Truex Jr., Kevin Harvick, Kyle Busch, Brad Keselowski, Denny Hamlin, Joey Logano, Chase Elliott, Kyle Larson, William Byron, Clint Bowyer, Ryan Blaney e Alex Bowman. Próxima corrida na pista de concreto de Dover... pista que não tem meio termo, ou faz corridas muito boas ou muito sonolentas. Até a próxima! Alexandre Bianchini |