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Final de semana agridoce: Requiescant in pace, jeune monsieur Hubert PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 02 September 2019 06:21

Olá leitores!

 

 Final de semana agridoce, com alegrias e tristezas, mas com muita ação nas pistas. Gostaria de começar pelo ponto baixo do final de semana, o acidente na corrida do sábado da F-2 que vitimou Anthoine Hubert. Como de costume, muita bobagem foi publicada a respeito, principalmente no que se refere ao quesito “segurança”. Entre aspas mesmo, haja vista que em um choque em ‘T’ como foi aquele não existe equipamento de segurança que faça os órgãos internos do corpo humano resistirem a tamanha força G. Questão de fisiologia. O invólucro externo (o corpo) está firmemente preso ao banco, mas fígado, rins, cérebro... ficam relativamente “soltos” dentro do corpo, que não foi projetado pela Mãe Natureza para enfrentar esse tipo de desaceleração/aceleração brusca. Como diziam em tempos politicamente incorretos, ao menos faleceu fazendo aquilo que amava. Devo ressaltar, entretanto, que as mudanças efetuadas na pista nas últimas décadas em busca de “segurança” podem ter contribuído para piorar o acidente: basta observar fotos antigas para constatar que hoje em dia a Raidillon é uma curva razoavelmente mais “fácil” de ser percorrida do que nos anos 80 (nem irei mais para trás). Na ânsia de criar uma área de escape para a curva, o trajeto original virou área de escape, o ângulo de entrada na Eau Rouge ficou mais suave (pois não precisa esterçar tanto para fazer a curva) e a própria saída foi suavizada. Resultado: é uma curva menos desafiadora e mais veloz do que era antigamente. O traçado original teria salvo a vida dele? Não creio, mas que a velocidade/violência do impacto sofrido seria menor, isso é bastante provável. Requiescant in pace, jeune monsieur Hubert...

 

 

No Grande Prêmio da Bélgica de F-1, vitória de Charles Leclerc, piloto muito próximo de Hubert e que dedicou sua vitória ao amigo recém falecido. Desta vez, excepcionalmente, a Ferrari não inventou nenhuma estratégia mirabolante nem atrapalhou decisivamente a corrida dele e, mesmo sofrendo pressão de Hamilton nas voltas finais dessa vez ele conseguiu atingir o que já deveria ter alcançado no Bahrein. Mas não nos iludamos: as estratégias continuam ruins, o carro funciona bem apenas com pneus macios, e o maior desafio do corpo de projetistas e engenheiros é fazer um carro que lide bem com TODOS os pneus ou que ao menos apresente variações de desempenho menos drásticas que o atual. Seu companheiro Sebastian Vettel (4º) acabou sendo o piloto “sorteado” com os (aparentemente) inevitáveis erros de estratégia da equipe, que deveria ter chamado ele para troca de pneus assim que ele demonstrou não ter borracha suficiente para atrasar o avanço de Hamilton. Um 4º lugar que poderia tranquilamente ser um 3º, já que ele não conseguiria alcançar novamente Lewis mas certamente poderia ter atacado Bottas. Enfim...

 

Em 2º e 3º lugares chegaram os pilotos da Mercedes, o futuro campeão mundial de 2019 Lewis Hamilton e seu fiel escudeiro Sancho... digo, Valtteri Bottas. Resultado bom, dentro do esperado para a pista, e a distância de 11 segundos entre os dois pilotos diz bastante sobre a qualidade e hierarquia deles dentro da equipe. Bottas é um lacaio tão bom que teve seu contrato renovado.

 

Em 5º lugar chegou o surpreendente Alexander Albon, que em seu primeiro ano na F-1 já galgou da Toro Rosso para a equipe principal do grupo Red Bull e em uma única prova já fez mais do que o Gasly nas outras etapas todas. Mesmo sofrendo com a tentativa de aquecer os pneus médios no começo da prova, que fizeram ele antecipar sua parada planejada para a troca para os macios, mostrou grande desempenho no final da prova, inclusive colocando os pneus na grama para conseguir ultrapassar Pérez na última volta. Grande corrida. Seu companheiro de equipe, o badalado  Max Verstappen (20º), teve mais um de seus dias de “pane cerebral”: logo na La Source partiu como um guerreiro celta pra cima de Kimi Räikkönen, fez a Alfa Romeo do finlandês decolar do chão, e quis continuar a prova mesmo com a suspensão dianteira avariada... suspensão dianteira avariada + reta em descida + Eau Rouge e Raidillon = barreira de pneus. Simples assim. Menos mal que depois assumiu o erro...

 

Em 6º lugar terminou Sérgio Pérez, feliz da vida com contrato renovado por mais 3 anos (afinal, alguém que não o filho do dono tem que ser regular e veloz com o carro...). Após perder um bocado de posições com o enrosco provocado por Mad Max, saiu em busca de recuperação de posições e poderia ter terminado em 5º se tivesse pneus menos desgastados no final da prova... mas foi um excelente resultado. Seu companheiro (e filho do dono da equipe...) Lance Stroll terminou em 10º, reclamando de ter perdido muito tempo no tráfego atrás de outros pilotos... sei... deixa pra lá.

 

Em 7º chegou Daniil Kvyat, que fez uma bela corrida largando de último lugar por conta das famigeradas punições por “troca acima do limite para componentes do carro”. Corrida sólida, bem planejada e bem executada. Se ao menos ele fosse um piloto constante... seu novo companheiro de equipe Pierre Gasly (9º) foi um dos mais afetados pela morte do amigo pessoal Anthoine Hubert, mas conseguiu colocar a cabeça no lugar e marcou pontos em seu retorno à Toro Rosso. Não dava pra pedir mais do que isso para ele esse domingo.

 

Em 8º chegou Nico Hülkemberg, que não continuará na Renault ano que vem (para seu lugar já foi contratado Esteban Ocon) e acabou sendo o melhor colocado entre os carros de motor Renault na prova, já que Lando Norris da McLaren vinha em 5º e quebrou o motor na última volta. Carro não é exatamente bom, piloto anda desmotivado da vida, resultado esperado. Seu companheiro Daniel Ricciardo (14º) fez a prova inteira com o assoalho do carro danificado por conta da lambança do Mad Max na primeira curva, e não conseguiria levar o carro mais adiante nessas condições.

 

Semana que vem já tem F-1 de novo, dessa vez em Monza. A esperança deve fazer a torcida italiana lotar as arquibancadas, mas eu não apostaria em vitória da Casa de Maranello no domingo.

 

Esse domingo começou a temporada 2019/2020 do WEC com as 4 Horas de Silverstone... para quem estranhou a duração da corrida, lembramos que em uma corrida sem bandeiras amarelas daria quase a extensão dos antigos 1000 km de Silverstone, em um formato mais apropriado para a transmissão internacional de TV. Entre os LMP1, mesmo com 100 kg a mais que os carros de equipes privadas, deu a lógica: dobradinha da Toyota, com o carro #7 de Mike Conway/Kamui Kobayashi/José Maria Lopez na frente do carro #8 de Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Brendon Hartley, com o Rebellion #3 de Pipo Derani/Nathanael Berthon/Loic Duval completando o pódio. O outro carro da equipe, o #1, com a participação de Bruno Senna, após enfrentar diversos problemas ainda terminou em 5º lugar. Na LMP2 o brasileiro André Negrão terminou em 2º em parceria com Thomas Laurent e Pierre Ragues. Entre os GTs, as LMEGT-Am ainda teve bom quórum, com 11 carros participando, mas após a Ford e a BMW deixarem a categoria apenas 6 carros alinharam. Agradeçam ao ACO e à FIA pelos regulamentos estranhos e balanços de performance privilegiando essa ou aquela marca...

 

A Indy foi até Portland para uma de suas mais tradicionais corridas em circuito misto, e apesar de terminar apenas em 5º lugar quem mais saiu feliz de lá foi Josef Newgarden, que com a quebra de Scott Dixon viu esse sair da luta pelo título e colocou mais um dedo no troféu da temporada, faltando apenas uma corrida para a conclusão do campeonato no dia 22/09. Vitória de Will Power, com Felix Rosenqvist fazendo uma grande prova e terminando em 2º lugar e Alexander Rossi, ainda com chances matemáticas de título, chegando em 3º; o outro postulante ao título, Simon Pagenaud, terminou em 7º, logo à frente de Matheus Leist (8º), que arrancou leite de pedra e conseguiu um Top-10 com seu carro de boi, digo, Foyt. Tony Kanaan dessa vez não conseguiu operar milagre e terminou a corrida em 12º.

 

A tradicional Bojangles’ Southern 500 na pista de Darlington terminou (no horário local) perto das 2h da madrugada da segunda-feira, feriado do Dia do Trabalho nos EUA e que requereu um enorme empenho da organização para ter a largada ainda neste domingo, haja vista a chegada de um furacão na Carolina do Sul prevista para essa segunda-feira... afinal, as pessoas das forças de segurança presentes na prova teriam que ajudar na evacuação dos moradores. E este vosso colunista apenas conseguiu lhes informar o resultado graças ao atraso na confecção da coluna provocada pela falta de luz causada pelas fortes chuvas perto da minha residência... O primeiro estágio foi vencido por Kurt Busch, que segurou bem a pressão de Jimmie Johnson, ao passo que o segundo estágio teve a vitória de Kyle Busch. Eram grandes as expectativas em torno de Jimmie Johnson e Kurt Busch para o 3º e último estágio, mas... foram envolvidos no “quase Big One” da volta 275, e o sonho da vitória acabou para eles. Quem agradeceu com isso foi Erik Jones, que nas últimas voltas conseguiu resistir à pressão do campeão da temporada regular (com uma prova de antecedência) e companheiro de equipe Kyle Busch para conquistar em grande estilo sua segunda vitória na carreira e primeira esse ano. Erik Jones foi grandioso nas voltas finais segurando seu mentor (ele começou na Truck Series na equipe do Buschinho) e o forçando ao erro nas voltas finais, quando de tanto apoiar a traseira no muro teve um furo de pneu. Ainda assim, Kyle Busch terminou em 3º, logo atrás de Kyle Larson (2º), que também fez uma grande corrida na pista mais difícil da temporada. Em 4º chegou Kevin Harvick e fechando o Top-5 terminou Brad Keselowski. Próximo domingo sai a decisão dos pilotos que irão para os Playoffs, em Indianapolis... apesar de ser uma pista que gera corridas de fórmula melhores que as de NASCAR, promete ser uma prova tensa e emocionante.

 

Aqui no Brasil, tivemos a conclusão do que os organizadores chamam de 3ª Copa, no campeonato da Copa Truck. Desta vez, sem enfrentar problemas que o atrapalhassem, o pernambucano Beto Monteiro (Volkswwagen – RM Competições) sobrou na pista de Rivera, cidade de fronteira no Uruguai com o Brasil para um autódromo que recebeu um público menor do que nos outros anos... pelo menos foi o que pareceu pelas imagens da televisão. Com a vitória o piloto ganha uma vantagem a mais para a decisão do campeonato em São Paulo. Amanhã o nosso decano, Milton Alves falará mais sobre a categoria..

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini 
Last Updated ( Monday, 16 September 2019 06:29 )