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Uma vitória libertadora PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 10 July 2019 22:49

Caros Amigos, comecei a escrever esta coluna após a votação da reforma da previdência na câmara dos deputados em Brasília. A grande votação a favor do chamado texto base deu um recado à sociedade e também ao presidente do país: há credibilidade!

 

Ao longo do processo que teve início em fevereiro deste ano, quando os novos deputados eleitos assumiram seus mandatos, teve início uma complexa negociação sobre os pontos da reforma. Foram 5 meses de debates, discussões, enfrentamentos, até mesmo elevações do tom de voz.

 

Independente do que o meu estimado leitor pensa sobre essa questão política, o que busquei mostrar aqui é que, via de regra, assuntos que requerem decisões sérias e importantes são discutidas, negociadas e as partes envolvidas procuram reunir subsídios para embasar suas posições e buscar a melhor condição em uma negociação. O mais importante é, nesses casos complexos, tentar se chegar a um resultado que seja interessante para todas as partes.

 

Muito longe da nossa política, tivemos esta semana uma importante conclusão de negociação em relação ao nosso meio: o automobilismo. Na semana do GP da Inglaterra de Fórmula 1, o Grupo Liberty Media e o British Racing Drivers’ Club, em uma conferência de imprensa realizada nesta quarta-feira, dia 10 de julho, Chase Carey, CEO da F1, Stuart Pringle, diretor de gerenciamento de Silverstone, e John Grant, presidente do BRDC, anunciaram um acordo que garantirá a realização do GP britânico até 2024.

 

Precisamos voltar um pouco no tempo para falar sobre a questão de Silverstone. Em 2011, quando Bernie Ecclestone e o Grupo CVC ainda eram os mandatários da Fórmula 1, passou por uma enorme reforma, com a construção de novos e modernos boxes, alteração de traçado, introdução de novos parâmetros de segurança... uma reforma que certamente não foi barata e, no caso de Silverstone, sendo este um autódromo privado, sem qualquer aporte de dinheiro público.

 

Quem assiste as corridas de Fórmula 1 e de outras categorias ali disputadas pela televisão pode ver que trata-se (nos boxes) de uma construção imponente e que certamente não foi barata, assim como o recapeamento, a construção de novos muros de concreto e instalação de elementos de segurança. Em retorno, Bernie Ecclestone ofereceu um contrato que iria até 2026.

 

As questões em torno deste contrato implicavam em outras obras que deveriam ser feitas para manter o autódromo adequado ao que a Fórmula 1 exigia e em uma obra de recapeamento, algo não ficou bom, dificultando a vida dos pilotos na Fórmula 1 e, sob chuva a etapa do ano passado da Moto GP foi cancelada, forçando um novo trabalho de recapeamento. Somado a estas despesas uma intenção de aumento de 5% nas taxas do acordo original, elevando os custos para até 26 milhões de libras, apresentada em 2017, levaram os diretores do BRDC a exercer a opção contratual no ano passado de antecipar o encerramento do contrato com já então novo proprietário da categoria, o Grupo Liberty Media, determinando o ano de 2019 como sendo o último ano da categoria no autódromo onde tudo começou, em maio de 1950.

 

Como grupo de mídia – isso está no próprio nome – perder o palco onde tudo começou, um autódromo que pode ser considerado como um dos mais emblemáticos do mundo, seria péssimo para a imagem da categoria, para a imagem dos gestores do grupo, para os investidores e parceiros comerciais. Com as receitas em baixa desde 2017 e com a cobrança dos acionistas, tudo que o Grupo Liberty Media não precisa é um revés comercial e publicitário do tamanho de Silverstone.

 

Este foi o primeiro dos muitos desafios a serem vencidos pelo Grupo Liberty Media para manter os planos de ter um calendário com 21 corridas em 2020. Monza na Itália, Hockenheim, na Alemanha e Montmelló na Espanha são autódromos que seguem sob indefinição de futuro. O autódromo Hermanos Rodriguez só continuará no calendário do próximo ano se uma inesperada mudança acontecer em relação ao investimento para se manter a etapa, algo que o governo local já informou que não irá mais arcar com o aporte de capital.

 

Vem aí o retorno do GP da Holanda, em um reformado Zandvoort, que precisará passar por uma enorme reforma para poder receber a Fórmula 1 atual, com tudo novo. Uma reta dos boxes mais larga, novos e modernos boxes, áreas de escape compatíveis, com elementos de segurança atualizados serão necessários e um investimento de grande vulto para que tudo se tornar realidade. Enquanto isso, as obras no Vietnã vão acontecendo em grande ritmo para a inclusão deste destino na Ásia passar a fazer parte do campeonato.

 

O Grupo Liberty Media venceu uma batalha, mantendo Silverstone no calendário. Contudo, a guerra continua em curso e há muito que se fazer ainda este ano. Isso sem falar no próximo Pacto da Concórdia.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva