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Frente a Frente: Waldner Bernardo (3ª Parte) PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Saturday, 29 June 2019 14:24

Leia a 1ª parte

 

Leia a 2ª parte 

 

NdG: Este turismo 1600, hoje Turismo Nacional, nós recebemos no início do ano a cópia de um email dos promotores da categoria dizendo que eles não iriam mais fazer a temporada porque não tinham como fazer a competição. É verdade que eles teriam que pagar quase 350 mil reais pra fazer o campeonato?

 

Os eventos de automobilismo pertencem a CBA. Todo promotor paga uma taxa para fazer o evento. Nós ajudamos o máximo.

 

Waldner Bernardo: Sim, eles entregaram o campeonato e nós já temos outro promotor, que é o Ângelo Correa, que é quem efetivamente faz a categoria. O contrato do ano passado era com o Ítalo Carrareto e ele e o Ângelo eram sócios, mas quem tocava a categoria em termos de operações era o Ângelo. Eu não sei se eles tiveram algum tipo de desentendimento, mas não chegaram a um consenso, automaticamente foi perguntado ao Ítalo se ele queria continuar e ele disse que não. O Ângelo disse que queria e ele está promovendo o campeonato agora. A bem da verdade, é uma questão de documentação. A categoria continua sendo feita da mesma forma pela pessoa que a fazia, que era e é o Ângelo. Quanto a questão do custo, qualquer categoria tem um custo e qualquer renovação esse custo é apresentado. A partir do momento que nos reunimos com o promotor é que nós vamos entender qual é o potencial que ele tem no sentido de poder pagar alguma taxa ou não ou até pegar essa taxa e reverter diretamente para a categoria. Qualquer promotor, seja da Stock Car, seja do Turismo 1600, ele sabe que tem uma taxa e ele vai receber um email formal informando o valor desta taxa. Se ele tiver interesse de pelo menos conversar com a CBA, ele entra em contato e nos reunimos, vamos avaliar, porque precisamos viabilizar que as categorias aconteçam, que tenhamos campeonatos.

 

NdG: No caso, o valor da taxa para uma categoria nacional, seja ela a Stock Car, seja o Turismo 1600, este valor é o mesmo?

 

Waldner Bernardo: Sim. Este valor estipulado no rendimento de taxa é o mesmo para todas as categorias nacionais. É o valor “até X”. Dependendo da característica de cada categoria, nós avaliamos junto com o promotor e a CBA pode cobrar zero ou até aquele valor limite. O regimento de taxa é o mesmo. No ano passado o Turismo Nacional, o 1600, não pagou um centavo. O Brasileiro de Endurance no ano passado não pagou nada. Este ano nos reunimos com o promotor e negociamos com ele para parte do que ele pagaria para a CBA fosse revertido para situações na categoria que trouxessem melhorias porque o que queremos é que a categoria continue crescendo. Tudo é negociável. O que a gente não vai fazer é entregar a categoria a alguém que a gente sabe que não vai dar seguimento ao trabalho. Isso eu não faço enquanto estiver na presidência... e respeito os contratos, como fiz com a Neusa [Felix], promotora da Fórmula Truck, onde, cumprido o prazo do contrato, ele não conseguiu fazer todas as corridas. E muita gente dizia que ia mudar de promotor, que eu tinha recebido dinheiro, um monte de conversa, e eu tenho até processo contra essas pessoas, mas o contrato foi cumprido. Ninguém chegou e tomou a categoria do promotor. Quando terminou o contrato, no final do ano, foi que passou-se a ter um novo promotor para a categoria nacional. Assim como os promotores Marques & Marques, que tinham e ainda tem um débito enorme com a CBA como promotores do Campeonato Brasileiro de Turismo, que voltou a se chamar Stock Light, agora tendo como promotora a VICAR, justamente por eles não terem condições de continuar fazendo a categoria. Não tem segredo e nem mistério. É preciso falar a verdade e as pessoas saberem o que está acontecendo para que se evitem as suposições. Tudo que eu falei aqui eu posso mostrar e provar.

 

NdG: Nesta série nós já entrevistamos os dois últimos presidentes da CBA e o Dr. Paulo Scaglione disse que, durante seu mandato, havia 19 categorias nacionais de automobilismo e que isso se perdeu depois de sua saída, que categorias deixaram de existir. O senhor vê alguma relação disso com a falta de autódromos no país?

 

Waldner Bernardo: Neste período da gestão dele eu não tinha tanta participação e não me recordo dos números desta época. Como já disse anteriormente, eu não faço juízo de valor nem estou aqui para avaliar A ou B. Se não envolver apenas as categorias de velocidade no asfalto, acho que temos mais do que isso hoje. Este é um tipo de conta que eu não me preocupo em fazer porque eu acho que precisamos estar mais focados em qualidade do que em quantidade. Não adianta termos 5, 10 ou 20 categorias de velocidade e termos os mesmos pilotos correndo na maioria delas, não surgindo ninguém novo e ter volume, pura e simplesmente.

 

NdG: Mas existem carências, não? O Brasil não tem, por exemplo, uma categoria de GT...

 

 Nós precisamos focar na qualidade do automobilismo. Ter 20 categorias e os mesmos pilotos correndo nelas não faz crescer o esporte.

 

Waldner Bernardo: Havia uma categoria de GT, mas houve um conflito com os promotores e ela deixou de existir. Tivemos categorias de GT, tivemos algumas boas categorias monomarcas como a Mini, a Audi e a Clio que deixaram de existir. Existe um contexto econômico que precisam ser avaliados. Não é considerar se pode ter duas ou cem, mas o que você tem. Eu tenho uma visão diferente disso. Por exemplo: campeonato brasileiro de kart, onde tivemos um recorde mundial de inscritos, que não vai dizer nada se não tiver a qualidade técnica e de nível de competição. Nós temos pilotos que saem do kart e vão correr no exterior. A Stock Car é conhecida mundialmente, os pilotos que vem correr em duplas aqui no Brasil conhecem a categoria e elogiam a competição, a dificuldade. No mundo só tem duas categorias de caminhão e uma é aqui. Eu não vejo uma relação entre o número de categorias que se rinha ou se tem hoje com o numero de autódromos. Se considerarmos meu tempo de mandato e o do Cleyton [Pinteiro], são pouco mais de 10 anos, não sei em que altura de seu mandato o Paulo [Scaglione] fez este levantamento, mas vamos considerar 12 anos. 12 ou 14 anos atrás não existia Velopark, Velocittà, Cristais (Curvelo), não tinha Paraíba. Só aí eu contei quatro. E mesmo nesta época se concentrava muita atividade em alguns autódromos no sul do país. Hoje está mais equilibrado. Não temos corrida hoje em Caruaru e Fortaleza por conta das condições do circuito. Eu não vejo correlação.

 

NdG: Saindo do asfalto, o senhor disse o rally de Pernambuco é um dos mais fortes do país. Mas, a nível nacional e em termos continentais, não estamos aquém de um possível potencial, carecendo de projeção, suporte e divulgação?

 

Waldner Bernardo: Rally por si só é uma coisa muito difícil de se divulgar e se vender. Rally quando você vai vender, você vende um prólogo, uma largada e uma festa de chegada. O próprio Dakar, que a gente acompanha, não é fácil de ser transmitido. Desde que nós assumimos, e isso está disponível junto ao presidente da comissão de rally, nós temos um acompanhamento do rally, de transmissão via facebook das provas nacionais. Quem for ao Rally de Erechim vai ter outra visão do que é o rally no Brasil. Se vocês forem até lá, vão ver como estamos na frente de todo mundo em termos de organização do rally. Não deixa nada a dever da organização de uma etapa do WRC. Em termos de mobilização, técnica e organização eles são impressionantes. No Brasil, nada se compara a Erechim e a cada ano eles estão evoluindo. O Rally dos Sertões, que é um Cross Country, que virou sul americano, tem um nível de organização que não deixa nada a dever a rally nenhum, assim como Erechim. O nível destes eventos é altíssimo! Ainda temos grandes eventos como o Piocerá e o Cerapió o Transbahia e outros que são muito bons. O rally pode crescer? Pode! É difícil de expor? Muito! É diferente de um circuito, com câmeras fixas e um número de voltas. Hoje nós temos o apoio de transporte para o rally. Temos um trabalho sendo feito para potencializá-lo, mas como coloquei no início, alguém tem que pagar a conta.

 

NdG: Sendo o Rally de Erechim tão bom e tão organizado, porque não se faz uma divulgação à sua altura? O próprio site do evento deixa muito a desejar em termos de notícia e divulgação. Isso não acaba atrapalhando o “vender o evento”?

 

 Rally é uma categoria muito difícil de se vender. Não é como num autódromo onde tudo acontece em um espaço reduzido.

 

Waldner Bernardo: Essa é uma pergunta que precisa ser feita ao promotor da categoria. No meio do rally, o Rally de Erechim tem uma divulgação muito grande. A grande maioria enxerga automobilismo no Brasil como “Stock Car”, e isso não deve ser tomado como uma critica. Ou um pouco ligado a Truck. Pouca gente sabe ou fala em arrancada. E tudo isso é automobilismo. Se a gente falar de rally, poucas são as pessoas que sabem o que acontece. O kart ainda tem mais exposição por ter muita gente que veio de lá e transitam no meio da Stock e da Truck. Não fosse isso, a exposição seria pequena também. Drift? Ninguém fala! Se fizermos uma proporção do que é a F1 no mundo para o automobilismo, no Brasil a relação seria com a Stock Car e a Truck.

 

NdG: Mas nos últimos anos a Velocidade na Terra passou por um processo de transformação e divulgação...

 

Waldner Bernardo: Ah, mas este é um “produto CBA”. Existem dois formatos de se ter uma categoria. Você tem um formato de categoria hoje em que se faz um contrato de exploração e merchandising. Por exemplo: o campeonato brasileiro de Stock Car é da CBA. Quem explora esse campeonato? A VICAR. Quem explora a Copa Truck? A Mais Brasil. E assim vai. Você tem pessoas que são promotores, que assinam um contrato com a CBA onde tem que cumprir um caderno de regras, realizar um determinado número de etapas, além de pagar uma taxa anual. É essa a forma que temos para financiar escolinha de kart, fazer categorias que não se sustentam funcionar, custear a estrutura administrativa da entidade. Hoje a CBA é superavitária na velocidade no asfalto e no kart. Na arrancada, rally e drift somos deficitários. Nós temos uma estrutura que precisa ser mantida. Nós temos Jurídico, Marketing profissionais e os presidentes de comissões, que são remunerados, onde acabamos com o formato de pagamento por contratos e nós mudamos isso estatutariamente, para fazer as coisas de forma correta e transparente, com cobrança de desempenho e cumprimento de suas responsabilidades, porque quem recebe salário deve ser cobrado. Se cobrava que a CBA tinha que ser profissional e isso foi mudado em assembleia onde eu disse que isso precisava mudar, que para profissionalizar era preciso contratar pessoas. Alguns presidentes de federação fizeram ótimos trabalhos à frente de comissões no passado, mas desvincular essa relação entre presidentes de federação e comissões para se contratar pessoas para essas comissões está garantindo que as decisões não sejam tomadas de forma política. Para o bem político o melhor era não ter pessoas ligadas às federações. Os presidentes de comissão tem que fazer aquilo que é correto, que seja para o bem do automobilismo e sem receio de desagradar algum interesse. O Kart é um produto CBA. Quem promove as competições nacionais é o CNK. A gente paga transmissão, vai atrás de quotas de patrocínio, fazemos o evento. A responsabilidade é nossa. É uma categoria frágil e não dá para entregar isso nas mãos de um promotor como ele é a base de tudo, uma garantia de manter o kart foi o porquê nós assumimos e estamos fazendo. No caso da velocidade na terra foi uma oportunidade de negócio, gerou negócios, criou produtos, vendeu quotas, onde a empresa UPL investiu na categoria o que viabilizou a transmissão na televisão, permitiu a melhoria da categoria. Antes os pilotos se reuniam e faziam o evento. Hoje temos uma estrutura profissionalizada, que dá retorno, que financia o evento, que é um sucesso de público, de participação e é muito mais barato fazer um autódromo de velocidade na terra do que um de asfalto. Nisso a gente pode copiar o que se faz na argentina, potencializando a categoria, porque é muito mais barato correr nessa categoria. Além do autocross tem outras categorias e uma pista dessas pode vir a se tornar um autódromo de asfalto um dia, quem sabe? E digo mais: tem autódromo de terra com estrutura melhor do que alguns autódromos de asfalto no país. É uma categoria nossa, que tem uma ligação forte com o agronegócio, que tem uma força grande no interior, e não tenho duvidas que a UPL, que renovou contrato com a CBA, apostando numa parceria de sucesso. A CBA tem hoje um departamento de marketing que negocia este tipo de contrato. O nosso diretor de marketing não está buscando patrocinadores para a Stock Car, ele está buscando parceiros que comprem quotas para o kart, para a velocidade na terra, para o turismo nacional, que eu me comprometi a tentar colocar as corridas na televisão e estamos trabalhando para isso. Esse é o papel da CBA.

 

NdG: Nesta “luta” para se ter uma pluralidade, 2018 foi um ano que ficamos carentes de uma categoria de Fórmula de âmbito nacional. Vimos a CBA tentando vários caminhos para viabilizar este tipo de competição. Há meios para se fazer uma categoria de Fórmula nacional no Brasil?

 

 Eu estou cumprindo a proposta de profissionalizar o automobilismo. Os presidentes de comissão não tem cargos nas federaçõea.

 

Waldner Bernardo: Esforços não faltaram para nós tentarmos viabilizar as categorias de Fórmula. Tivemos grandes promotores nacionais como o Carlos Col envolvido neste projeto, que colocaram dinheiro no projeto e no final do ano ele e o [Augusto] Cesário levaram um prejuízo de uns 200 mil reais, ou mais, porque a categoria não teve pilotos. Fizeram um projeto, buscaram a equalização dos carros, mas não teve piloto. Categoria de Fórmula é caro, não é barato. Não podemos tapar o sol com uma peneira, precisamos falar de forma franca: nós temos carros bem antigos nas equipes que disputavam a F3, o próprio modelo, para ser uma categoria escola, eu acho complexo, eu acredito que o modelo “one team” é mais viável para esse primeiro passo, mas para que isso aconteça você precisaria ter ou um investidor ou um promotor que comprasse o equipamento e fizesse a categoria acontecer. Tivemos o projeto com o [Carlos] Col que tentou viabilizar isso, o Dener [Pires] (Nota dos NdG: Promotor da Porsche Carrera Cup) tem uma carta da CBA para fazer um projeto, tentou viabilizar o projeto, mas para que a coisa acontecesse tinha que ter o dinheiro e ele optpu por fazer o Junior Program da Porsche, que está muito bem sucedido. Então é assim: não é simplesmente dizer “não tem categoria”. É uma série de fatores. Tem a questão dos carros, que por serem mais antigos os pilotos não querem andar. A questão da categoria ter que ter um promotor. A questão de se fazer uma conta e ver quanto se gastaria correndo aqui e correndo fora do Brasil, se com um pouco mais não dá pra correr fora. Tudo isso faz com que haja um afastamento. Todas as possibilidades para fazer a categoria nacional de Fórmula acontecer, nós fizemos. A CBA não tem caixa pra fazer isso. É fácil falar que a CBA tem dinheiro. Nossos balanços são trimestrais e estão sempre publicados e o que a CBA tem em caixa hoje não chega a 2 milhões de reais e não se consegue fazer um projeto desses com isso. Para quem pensa que a CBA tem valores na casa de três dígitos, nós temos uma movimentação de 2 milhões de reais/ano. Se a pessoa entrar no site e olhar o que temos de despesa e receita, ele vai ver o quanto movimentamos. Está tudo lá. Todos os balanços estão abertos. Está lá o superávit do brasileiro de kart, como funciona a velocidade na terra, para onde vai cada centavo que entra, cada fornecedor que é pago, então, a CBA não tem recurso em conta para montar uma categoria. Muita gente falou que era um baú, uma “caixa preta”, que tinha orçamentos milionários, mostramos que não é assim. A dificuldade é grande. Não temos como dizer: vamos fazer uma categoria. Fazer um brasileiro de kart não implica em eu ter que comprar todos os karts. Fazer uma categoria, no modelo “one team” requer um investimento muito grande. Os leitores do Nobres do Grid tem noção disso, sabe quanto custa um carro e o parque de peças para manter o carro na temporada. É um investimento muito grande e em quanto tempo se consegue o retorno do que foi investido? Essa questão de custos interferiu na categoria, que não se atualizou. Até uma questão com a FIA surgiu porque a FIA determinou que só se poderia usar o nome “Fórmula” para carros homologados. Os carros que temos no Brasil, já foram homologados. Hoje não são mais. Não que não sirvam mais para andar, mas estão desatualizados. Isso pode ter gerado um desinteresse dos nossos pilotos. Eles tentaram fazer uma corrida no Velopark, mas só tinham dois pilotos, que a CBA estava pagando, que era um prêmio. Sem piloto, promotor, patrocinador, como vai ter categoria? E pra fazer uma categoria dessas, se fôssemos investidores e quiséssemos fazer isso, teríamos que cobrar um valor pelo investimento. De repente, diante desse valor, fosse mais interessante para o piloto correr fora do que correr aqui. Eu nunca fiz essa conta, mas qualquer pessoa sensata vai entender o que eu estou falando.

 

NdG: Entre as promessas feitas na sua campanha, uma está sendo cumprida, que são as escolinhas de kart. Sobre as outras, o que está sendo feito?

 

Waldner Bernardo: Temos o desejo de ampliação deste projeto, onde estamos buscando captar 700 mil reais e quem ler esta entrevista e quiser fazer parte, através da lei de incentivo ao esporte, dentro do que está em lei, venha fazer parte. Temos 7 escolas abertas e com este valor temos como abrir mais dez.

 

NdG: Sim, mas além das escolas de kart, o senhor falou em estabelecer uma relação mais próxima com as montadoras de veículos, tentar trazê-las ao meio de competição. Como está essa relação?

 

 As escolas de kart são um caminho para aumentar a base de talentos do nosso automobilismo. Com mais base, teremos mais pilotos.

 

Waldner Bernardo: Ao longo dos anos, vamos voltar para aquele marcas e pilotos fantástico dos anos 70/80, que corriam todos os nossos grandes pilotos da época, sempre existiu, lá trás, e ainda hoje existe, uma deturpação por parte de alguns poucos pilotos e equipes deste relacionamento. Se vocês fizerem uma pesquisa, vão ver que as montadoras, que por muito anos apoiaram o automobilismo, descobriram que eram lesadas. Existe um monte de relatos sobre isso e quem quiser pesquisar, vai encontrar fatos nada bons neste sentido. De desvios e venda de peças e até de motores por parte de equipes que recebiam este material das fábricas. É algo que todos que circulam no meio do automobilismo sabe disso. Assim como muitos pilotos e equipes tiveram uma relação como essa, outros tem uma relação com as fábricas até hoje. Como em todo seguimento, existem pessoas que são sérias e outras que não. Esta relação com as fábricas se tornou algo conturbado por conta disso existia e ainda existe por parte de algumas fábricas uma resistência em vir para o automobilismo, em ter uma relação com pilotos e equipes por conta deste histórico negativo que foi usado por alguns. Eu não posso citar nomes, claro, porque se eu cito eu tenho que provar, mas os fatos são sabidos. Nós estamos criando uma reaproximação que esta vindo através das próprias fábricas, fomos sempre bem recebidos, inclusive pelo presidente da ANFAVEA, apresentamos um projeto no primeiro ano da nossa gestão, quando estivemos em diversos fóruns de negócios, em seguimentos chave, apresentando o negócio automobilismo. Primeiro precisamos reconquistá-los, tratamos de forma clara o que aconteceu no passado, mas expomos que as coisas são diferentes, os tempos são outros e que precisamos tentar ver uma melhor aproximação dessas fábricas com a CBA. Um exemplo de que essa relação pode dar certo é o que aconteceu com o Aurélio Batista Felix na Fórmula Truck, que está começando a ser resgatado na Copa Truck, que é uma categoria multimarcas. Também estamos tendo um movimento muito bom no turismo nacional, com algum subsídio que está sendo gerado na troca dos chassis, se não diretamente com as fábricas, através de concessionárias. No caso da categoria da Hyundai, que está começando este ano, não um contato direto com a fábrica, mas através de uma rede de concessionárias, mas que existe sim um apoio da fábrica, com um novo promotor surgindo, com a fábrica se aproximando e nós fizemos o lançamento do carro no último salão do automóvel em São Paulo, estive com o pessoal da fábrica. Esse é um trabalho que leva algum tempo, mas eu creio que haverá, sim, e se conseguirmos dar esse retorno as fábricas, do ponto de vista do networking, o que o automobilismo propicia enquanto evento, conseguiremos fazer com que elas voltem a acreditar no automobilismo no Brasil. Assim como o trabalho que demos início em Brasília, assim como outras frentes que abrimos, este trabalho com as montadoras vem sendo feito e mesmo sem um documento assinado, temos um compromisso com a ANFAVEA de o que as montadoras precisarem, da CBA e nossos promotores, fazendo um caminho junto conosco, para que tenhamos uma relação de confiança. Não existe ainda algo como “a Hyundai fechou com a CBA”, mas tem uma pessoa séria e gabaritada, que é concessionário, que tem uma ligação com a fábrica, que está alinhado com a CBA e a categoria vai funcionar. É um trabalho que, junto com as escolinhas de kart e outros que estamos fazendo que, com o tempo, vão se mostrar produtivos. A partir do momento que uma Hyundai, uma montadora com a força e importância que ela tem, começa a se aproximar do automobilismo, isso vai despertar interesse nas outras. Se a experiência for boa, eles voltam.

 

NdG: Falando em voltas e retornos, o estatuto da CBA diz que um presidente pode tentar a reeleição, mas em caso reeleito, seria o segundo e último mandato, em sequência. O que o senhor tem de planejamento para estes dois anos do seu mandato e, se passa por sua mente e dos que o apoiam hoje, uma candidatura a reeleição?

 

 O caminho para trazer as montadoras é longo, difícil, mas não é impossível de ser trilhado. Leva tempo e a economia precisa ajudar.

 

Waldner Bernardo: Do ponto de vista de planejamento, seria preciso dividir isso por cada categoria. Internamente, a CBA vem passando por uma mudança de gestão que, por exemplo, já estamos mudando o sistema de emissão de carteiras, que passa a ser online, as federações passam a ter este acesso online, o que está dando mais agilidade ao processo. Estamos tentando unificar os valores, pois um dos problemas que existe é a cobrança de valores diferentes, que termina recaindo sobre a CBA, porque temos um regimento de taxas que cobra um valor e, historicamente, as federações também cobram um valor semelhante porque elas tem que ter alguma receita. Hoje e há algum tempo existem benefícios como o seguro, onde o piloto tem um seguro que é feito pela federação ou pela CBA, se a prova for regional ou nacional, para que o piloto corra segurado. Pegue o valor da carteira mais cara da CBA e vá num banco fazer um seguro e diga lá que você é piloto de corrida, que vai correr 12 provas da Stock Car, o valor vai dar 5 vezes mais do que o que você paga para fazer a carteira. Estamos trabalhando internamente para tornar os processos mais eficientes, modernizando a entidade em sua operação. Enxugando algumas funções, concatenando funções para aumentar a eficiência e ter pessoas dos respectivos seguimentos nas diretorias, profissionalizando o trabalho. Do ponto de vista desportivo, da velocidade a gente vem buscando formar novas pessoas, atualizar e capacitar o nosso quadro, acompanhar de perto essas categorias mais frágeis como o turismo nacional, o endurance, as categorias novas, o kart, que já comentamos muito, que tem crescido ao ponto de para o piloto disputar o brasileiro ele tem que se classificar no estadual, o que valoriza o estadual e faz com que o piloto, o mecânico, o preparador fiquem mais ativos ao longo da temporada, tendo também as categorias Codasur e Ok, que classificam para o mundial. Queremos potencializar mais a velocidade na terra, que tem o agronegócio como parceiro e nós estamos dando mais visibilidade a categoria. Estamos trabalhando para resgatar o que havia de arrancada há pouco tempo e que estamos buscando formas para isso, com a criação do ranking, queremos fazer um brasileiro, uma copa do Brasil. Baixamos o custo da categoria para tentar fazer com que as pessoas venham correr de forma segura e regulamentada, assim como acompanhamos o drift, que está na mesma comissão e que é um espetáculo. No rally, os ”Sertões” é agora parte do sulamericano, tentar trazer uma prova do WRC não é um sonho impossível, temos capacidade pra isso, tanto técnica, como de organização e força de trabalho, ficando o problema apenas na questão financeira, porque o caderno de encargos pra ser cumprido não é barato. Temos o desafio constante da manutenção dos nossos autódromos, de manter Interlagos apto a receber a F1, de enquadrarmos nossos outros autódromos dentro de padrões de segurança da FIA, buscando recuperar autódromos como Brasília, manter acesa a possibilidade do autódromo do Rio de Janeiro, procurando dar toda a assistência possível, inclusive a FIA lançou este ano um projeto que tem dinheiro para autódromos, por isso que estamos fazendo vistorias e relatórios dentro de padrões da FIA, e com o Luis Ernesto Morales nessa comissão, estamos tentando trazer alguma coisa para o Brasil. Enfim, estamos buscando por em prática um planejamento e trabalhando para que ele aconteça. Se vamos conseguir realizar 80%, 100 ou mais, tem uma série de variáveis políticas, financeiras e administrativas que vão fazer com que consigamos ou não este êxito. Mas creio que o balanço destes dois primeiros anos é positivo do ponto de vista de melhorias que foram acontecendo e pretendemos concluir este mandato que nos foi dado. Com relação a reeleição, eu acho que não tem que ser uma opção minha, ficando na dependência de poder acontecer ou não em função do trabalho que venha a ser apresentado. É muito cedo, é prematuro, necessário e até prejudicial se falar em política agora. Isso só atrapalha. Temos que focar no que estamos fazendo e fomos eleitos para uma gestão de quatro anos e assim vamos fazer. Esse assunto, reeleição, é uma coisa que não está em pauta no momento. Nem se assume, nem se descarta. Não se fala. O foco é cumprir os compromissos e fazer o que temos para fazer. Caso isso venha a acontecer, tem que ser fruto dos méritos que esta administração demonstrar. O importante é que, seja eu, alguém que eu indique ou outro nome, que dê continuidade ao trabalho que está sendo feito. Que seja algo positivo. 
Last Updated ( Friday, 12 July 2019 20:14 )