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Jorge Lorenzo é mais do que temos visto PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 25 June 2019 11:37

Olá fãs do esporte a motor,

 

Sentir-se “perdido” em algum determinado momento da sua vida, seja numa fase acadêmica ou profissional é algo mais comum do que se possa imaginar. Pode parecer que o mundo está acabando nesta hora, mas muitas vezes isso pode ser uma grande oportunidade para rever sua carreira e sua vida.

 

Este tipo de sentimento ou situação não acontece apenas para “pessoas comuns” como nós. Diversas personalidades de diversos seguimentos – no esporte, inclusive – já passaram por isso. A grande “chave” nestas situações está em entender porque você está vivendo aquele momento. Este é o primeiro passo para se buscar a solução e o caminho para se “encontrar” na vida.

 

No final da semana passada (retrasada, uma vez que a coluna só será publicada no início de julho), antes da minha ida para Sonoma, para mais uma etapa da NASCAR aqui na Califórnia, tive como meu último compromisso a sessão com Jorge Lorenzo, alguns dias depois daquele infeliz acidente na etapa da MotoGP na Catalunha onde ele caiu e levou com ele três dos principais concorrentes à vitória (Andrea Dovisioso, Maverick Viñales e Valentino Rossi).

 

Jorge – antes de ser meu paciente – me passava uma imagem muito pouco agradável, mas o convívio profissional, terapeuta/paciente mostrou uma pessoa muito diferente daquela que talvez outras pessoas pensaram ou ainda pensem que ele é. Jorge é uma grande pessoa, um ser humano muito atencioso e uma pessoa que busca melhorar a cada dia.

 

 Pressionado, criticado e questionado. Este é o atual retrato de Jorge Lorenzo na MotoGP. Ele é muito maior que as críticas!

 

Mas depois de cometer um erro como ele cometeu – e ele reconheceu o erro humilde e publicamente – é difícil chegar numa consulta com um sorriso no rosto. Jorge anda muito entristecido e este tem sido um grande desafio para trazer de volta, mesmo que por alguns momentos, aquele piloto que venceu duas corridas em sequência no ano passado pela Ducati, pouco antes de ser praticamente “despedido” pela equipe italiana.

 

Jorge Lorenzo faz parte de um grupo de grandes pilotos da motovelocidade que tiveram o desafio de ter que enfrentar um fora de série como Valentino Rossi. Alguns títulos, algumas vitórias, mas ele, assim como os outros, que ambicionavam destronar o italiano e criar um domínio técnico e numérico como Marc Marquez está fazendo. Isso é outro problema. O “espanhol” a superar Rossi não foi ele.

 

Desde a conquista de seu último título em 2015, quando disputou o campeonato corrida a corrida com seu companheiro de equipe, referência e rival, Valentino Rossi, numa temporada que teve um final conturbado com Marc Marquez e a punição a Rossi para a última prova com a punição a Rossi e toda a polêmica em torno da atitude de Marquez, vista por muitos como um “ato patriótico”.

 

 Por pior que estejam sendo os atuais resultados, não é algo aceitável que Jorge tenha "perdido seu talento" sobre duas rodas.

 

Depois disso, as coisas foram ficando difíceis para Jorge Lorenzo mesmo dentro da equipe Yamaha, com os japoneses dando mais atenção a Valentino Rossi do que Jorge gostaria ou achasse que deveria ser dada e isso acabou por precipitar a sua saída da equipe e a ida para a Ducati, um movimento que Valentino fez anteriormente e que se fosse bem sucedido, Jorge provaria (para ele e para os outros) que era maior que Valentino.

 

Mas assim como Valentino, a tentativa de ser campeão pela Ducati não deu certo e, pior que isso, os resultados em pista ficaram bastante aquém do que ele, Jorge, a Ducati e os torcedores espanhóis esperavam. Cada vez mais ele perdia espaço na disputa doméstica com Marc Marquez e continuava sem atingir o carisma do rival italiano. Foram dois anos terríveis e onde nada do que se era tentado parecia dar certo.

 

Um dos meus professores na faculdade costumava dizer que a vida tem seu próprio caminho, ritmo, fluxo e seus próprios fins, e o nosso trabalho não é controlar a vida, mas sim seguir com o fluxo dela. Pois quando tentamos interferir com o fluxo natural da vida é quando fazemos todo tipo de planos rígidos e então desesperadamente tentamos ajustar a vida de acordo com nós mesmos, e assim não há como não se machucar. Nem sempre eu concordava com ele, mas se não há forma de se ter um controle rígido sobre tudo, também não devemos deixar as coisas “simplesmente acontecerem”.

 

 Seguir para a Honda, a melhor equipe, mesmo tendo o campeão como piloto principal, seria a melhor opção para Jorge... em teoria.

 

Jorge seguiu mais uma vez o exemplo de seu piloto de referência e rival, Valentino Rossi e foi, humildemente, assumir um lugar de segundo piloto na equipe dominante do campeonato das últimas temporadas, a Honda de Marc Marquez. Se Valentino conseguiu rivalizar com ele e tomar seu espaço na Yamaha, porque não buscar fazer o mesmo na Honda?

 

É difícil fazer ver que existem dois lados no ser humano e o trabalho do terapeuta é exatamente este, mas não é uma tarefa fácil. Há o ego, que nós criamos, que possui medo e egoísmo, constantemente procurando aprovação e validação nas outras pessoas, em coisas e experiências. Esse é o lado rígido, ligado à ideia de como as coisas devem ser, como a vida deve se desdobrar e como todos devem se comportar. E tem o outro lado que é a pessoa real, que pode ser chamado de alma, ou essência. Este lado conhece a razão da própria existência, e o propósito da vida. Esse lado reconhece a si em todas as coisas e pessoas, e sabe que tudo que acontece na vida é destinado a servir à pessoa, para fazê-la crescer e fortalecer.

 

 Na etapa da Catalunha, um acidente na segunda volta tirou alguns dos principais competidores da MotoGP.

 

A queda sofrida em Barcelona foi algo muito maior do que a queda em si ou o fato de levar consigo três outros competidores. Foi o reflexo de uma queda de performance que se manteve da Ducati para a Honda. A ideia de ser um incômodo na vida de Marc Marquez não se concretizou e seus resultados vem, ao longo das etapas já disputadas, flagrante. Até a etapa catalã, Jorge não conseguiu sequer terminar entre os 10 primeiros em 7 etapas disputadas. Algo muito distante do que Jorge é capaz de fazer.

 

Fazê-lo levantar-se e voltar a ter performances como ele é capaz de fazer é um desafio para ele e para mim. Precisamos fincar bandeiras e marcar território novamente. Arriba, Jorge!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares