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Até onde a transparência é interessante? PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 29 May 2019 22:29

Caros Amigos, Temos visto nos veículos de mídia a campanha do “Maio Amarelo”, o movimen-to Maio Amarelo nasceu com uma só proposta: chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo. É bom salientar que o “Road Safety” é uma das bandeiras empunhadas com mais força por Jean Todt, presidente da FIA. 

 

Contudo, infelizmente, o sinal amarelo, que no trânsito que dizer atenção, que muitos motoristas avançam – sem qualquer atenção – nos cruzamentos do nosso país acendeu com bastante força neste mês de maio para o esporte a motor praticado em nossos circuitos (e nos gabinetes e salas de reuniões, onde a grande maioria de nós não tem acesso).

 

No último final de semana, no Autódromo Internacional de Interlagos, classificado como FIA 1, sendo o mais seguro do país para competições automobilísticas, veio a falecer, decorrente de um acidente, mais um piloto que participa do evento Super Bike Brasil. É o segundo caso de óbito em decorrência de acidentes no autódromo de Interlagos em menos de dois meses, fato que desencadeou uma série de ações por parte dos parceiros do evento e, por fim, da própria administração do autódromo.

 

O piloto Alexandre Barros, que já foi nosso entrevistado no site dos Nobres do Grid, declarou que os parâmetros de segurança para corridas de Motocicletas e Automóveis são diferentes, que no caso das motos, há um outro grau de exigência e que, quando se constrói uma praça de esportes voltada para o motociclismo em termos de segurança, esta – quase automaticamente – atenderá os requisitos de segurança do automobilismo, e que a recíproca não é verdadeira.

 

Sem a mesma visibilidade dos eventos de automobilismo, apenas quem está mais próximo confronta a relação entre a CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) e a empresa promotora do evento, representada pelo empresário e Piloto Bruno Corano, que também já foi entrevistado do nosso site, onde o evento Super Bike Brasil simplesmente não consta do calendário da entidade, como se fosse algo “à parte”, sem qualquer vínculo ou supervisão.

 

Caso nos confrontemos com outras realidades – os Estados Unidos, que muitos reverenciam como o modelo a ser seguido – a criação de órgãos independentes para promover eventos esportivos e ter sucesso com pouca ou nenhuma ingerência de “entidades” gestoras e/ou fiscalizadoras, como federações e confederações, requer que estes promotores executem o trabalho que estes órgãos executam (ou deveriam executar). Há condição, vontade política, lastro financeiro, análise crítica e autonomia (independência)  para que estes promotores o façam?

 

A pergunta do parágrafo anterior nos empurra para o mundo das quatro rodas, onde também neste mês o maior promotor de eventos automobilísticos do Brasil, Carlos Col – também nosso entrevistado e frequente participante de nossas enquetes – entrou em desacordo com a CBA após a entidade (responsável pelas vistorias técnicas nos carros durante o final de semana de um evento) ter comunicado a desclassificação de Ricardo Zonta na corrida 2 do Velocittà no início das atividades da etapa seguinte, em Goiânia, duas semanas depois e sem – inicialmente – informar o motivo da classificação.

 

Nenhum fã do esporte a motor (ou de qualquer esporte) fica feliz em ver um resultado obtido na pista, no campo, na quadra ou onde for, ser alterado depois de uma decisão técnica, judicial, mesmo que alguns minutos após a competição, algumas horas ou alguns dias. Contudo, evidentemente a CBA errou ao não comunicar – segundo relatou o promotor – qual teria sido o motivo da desclassificação do piloto e a perda da vitória.

 

Para grande maioria do público, decisões como essas acabam sendo atribuídas à categoria e seus promotores. Isso tem um impacto negativo não apenas ao público, mas também aos patrocinadores. No meio mais próximo, todos os dedos se viram na direção da entidade responsável por estas inspeções, análises e decisões: a CBA, que possui um quadro de dirigentes, diretores de prova e comissários formado – em quase sua totalidade – por pessoas que são “amadores”, que não vivem do trabalho que fazem para a entidade. Contudo, não vejo como correto chamar o presidente da Comissão de Autódromo, Luis Ernesto Morales, de “amador”. Tão pouco a assessoria de imprensa da categoria, que é prestada por uma empresa de comunicação e marketing do seguimento esportivo.

 

É muito simples fazer um paralelo com a NASCAR sem considerar o volume de dinheiro envolvido na categoria norte americana, o fato dela ter 38 datas no ano (36 do campeonato e dois eventos extras). Infelizmente não temos o dinheiro que existe nos Estados Unidos para o esporte a motor, não temos pessoas que se disponham a viver apenas do que receberiam da CBA (que não é muito) para trabalhar nos finais de semana de competição ou mesmo presidir a entidade.

 

No debate que tentamos fazer, e que foi substituído por duas entrevistas ao vivo, via rádio em internet, de 90 minutos cada uma, com os candidatos às últimas eleições, assim como no debate organizado pelo jornalista Livio Oricchio, nós colocamos uma pergunta: Questionamos aos dois candidatos se eles, empresários de sucesso em suas respectivas áreas teriam tempo para presidir a CBA e que, diante disso, estariam dispostos a colocar profissionais para gerir a entidade. Ambos disseram que sim. Waldner Bernardo foi eleito, contudo, não cumpriu a promessa. Apesar de haver profissionais nas comissões, a maioria é presidida por ex-presidentes de federações estaduais, que continuam com suas atividades profissionais, fora do meio automobilismo.

 

Lamentavelmente, a “razão” nos episódios de maio no motociclismo e no automobilismo depende da face do prisma pela qual olhamos. A Prefeitura de São Paulo suspendeu as provas de motociclismo em Interlagos por 60 dias, mas o que será feito neste período? Serão feitas alterações nos pontos de segurança da pista? Ou todo o peso das mortes e outros acidentes serão apenas de responsabilidade dos organizadores do evento? Sem corridas em São Paulo, a categoria vai correr em outro autódromo? Qual?

 

Não podemos mais tentar tapar o sol com peneiras. Se os dirigentes são omissos, amadores, é preciso encontrar uma forma de tornar as entidades profissionais, ou deixar tudo ao encargo das ligas, que promovam, financiem, remunerem e respondam pelos fatos e atos em seus eventos, mas é preciso mostrar que nem tudo que os promotores fazem está correto. Os calendários do automobilismo em 2019 só vieram a ser divulgados já em 2019 e todos sob a chancela de empresários bem sucedidos, e no caso de Carlos Col, promovendo os dois eventos mais populares do país, que terão em Londrina, neste próximo final de semana e no seguinte, corridas de ambos os eventos, algo apontado pelo nosso colunista, o Jornalista Milton Alves, que foi assessor de imprensa das duas categorias, como algo negativo.

 

Quando Carlos Col diz que falta transparência na CBA, sinto-me no direito de compactuar com ele, contudo, ir mais além. É preciso transparência nas relações comerciais dos eventos com os interesses de outrem, algo que pode estar por trás do motivo das duas corridas em sequência em Londrina. É preciso transparência e uma apresentação ao público de como são avaliadas as condições para eventos de motociclismo no Brasil, da parte de promotores e da CBM.

 

A questão que fica, para todos é: até onde a transparência é interessante?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva 
Last Updated ( Thursday, 30 May 2019 09:28 )