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Em nome do pai (e da mãe), por Claire Williams PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Sunday, 14 April 2019 12:53

Olá fãs do esporte a motor.

 

Tenho certeza quase absoluta que 9 entre 10 dos meus amados fãs estavam esperando uma coluna para esta quinzena com Sebastian Vettel. Sim, ele esteve em meu consultório duas vezes entre o Grande Prêmio do Bahrein e o Grande Prêmio da China, que vocês já saberão o resultado depois que esta coluna for publicada.

 

Eu tenho um “acordo de cordialidade”, algo que considero muito mais importante do que o juramento de confidencialidade entre terapeuta e paciente, que assumimos ao nos formar como psicólogos. A relação entre nós precisa partir do princípio da confiança e todos eles sabem do meu trabalho para o Nobres do Grid e todos concordaram em que, com a devida preservação desta relação entre terapeuta e paciente, eu estaria autorizada a escrever sobre nossas sessões, desde que eles não se sentissem desconfortáveis. Sebastian pediu “um tempo” e eu, claro, estou atendendo este pedido e não escrevendo sobre estas duas últimas sessões.

 

Mas como bem sabemos, não é apenas ele quem passa por uma grande carga de cobrança nos últimos anos e eu não tenho apenas pilotos como meus pacientes. Entre as duas últimas corridas desta temporada esteve no meu consultório (ela não vem semanalmente, mas quinzenalmente, apesar de eu achar que ela deveria vir com maior frequência) uma das mulheres que mais admiro: Claire Williams.

 

Filha e herdeira de um legado criado por seu pai e o sócio dele, Patrick Head, a equipe de Fórmula 1 da família Williams começou como a grande maioria das equipes que surgiram no final dos anos 60 e início dos anos 70 na Europa: no fundo de uma garagem! Uma forma romântica de falar sobre instalações modestas e que em nada se parecem com os suntuosos prédios que as equipes (a maioria, pelo menos) da Fórmula 1 possuem. A Williams, inclusive, tem instalações impressionantes e uma variedade de atuações no ramo automobilístico e de tecnologia que hoje movimentam milhões de libras por anos... e não são poucos milhões.

 

 Em um meio predominantemente masculino, Claire Williams tem um desafio sem tamanho em suas mãos.

 

A equipe Williams, que figurou entre as grandes vencedoras desde o final dos anos 70 até meados dos anos 90, teve uma trajetória de queda desde então e que se acentuou nos últimos 3 anos. Ela terminou como a pior campanha de 2018 entre os times que disputaram o campeonato com apenas sete pontos, continuando a queda que seguiu a equipe terminando em terceiro em 2014 e 2015.

 

Apesar de suas lutas atuais, continua sendo uma das equipes mais bem sucedidas da história do esporte, com 114 vitórias e nove campeonatos de construtores e sete pilotos ao seu nome. A situação atual da equipe vem aumentando a pressão sobre a atual estrutura administrativa da equipe, e que indiretamente (ou não) interfere nos demais negócios do grupo, uma vez que a equipe é, queiram eles ou não, um “cartão de visitas” para o mundo dos negócios e foi através dela que muitas oportunidades se abriram.

 

 Filha de Sir Frank Williams, Claire tem sob sua responsabilidade não apenas manter o legado da família, mas tirar a equipe de onde está.

 

Mas Claire é forte e diz que sua motivação é mais forte do que nunca e não se cansa de dizer que o envolvimento dela é profundo, como são os laços familiares e que com o avanço da idade e a diminuição do nível de saúde de seu pai, que depois do acidente de carro sofrido em 1986, passou a usar cadeira de rodas e precisar de um acompanhamento maior e para Claire, aceitar estar onde está te a ver com proteger não apenas o legado de seu pai, mas da sua mãe neste esporte. É um legado do qual eles são muito orgulhosos.

 

Claire é muito guerreira – como se diz nos dias de hoje – e diz ter as mangas arregaçadas para lutar por cada centímetro do seu ser para conseguir o que quer, que a Williams volte aos seu melhores dias e eu não tenho dúvidas de que Claire vai continuar lutando pela equipe da família não apenas por acreditar nele ou que ela tem um lugar nesse esporte, mas por acreditar que o nome Williams ainda tem uma relevância muito grande e não deveria estar onde está no momento.

 

 Depois de uma temporada terrível, de enormes conflitos com Paddy Lowe, que deveria ser seu braço direito, ela vai ter ajuda.

 

As coisas ficaram mais difíceis para este ano, com a perda do patrocínio da Martini e a saída do piloto canadense, Lance Stroll, duas enormes fontes de dinheiro para custear o desenvolvimento da equipe. Mas não bastasse isso, a forma conturbada como foram as coisas dentro da equipe e que culminou com a saída do diretor técnico Paddy Lowe, o homem que chegou no time para levanta-lo e que não apenas não conseguiu, mas entrou em conflito com Claire e praticamente toda a equipe. A situação que a Williams vive hoje tem uma parcela a ser depositada nessa relação deteriorada.

 

Com poucos recursos, uma vez que os outros ramos dos empreendimentos da Williams como seu centro de desenvolvimento tecnológico e automotivo não transfere dinheiro para a equipe de Fórmula 1, a busca é por outro tipo de transferência... uma transferência de conhecimento e sucesso. A chegada (na verdade um retorno) de Patrick Head ao meio da equipe pode, quem sabe, fazer a mudança que a equipe precisa.

 

 Depois de anos afastado, Patrick Head volta à cena para tentar resgatar a equipe do fundo do poço.

 

Mesmo que o retorno de Patrick Head para a Williams esteja em um papel de consultoria, o conhecimento dele pode ser de grande utilidade à equipe. Basta lembrarmos que, quando ele e Frank Williams se juntaram, não havia uma fortuna em orçamento e mesmo assim, eles desenvolveram um carro capaz de vencer corridas contra Lotus, Ferrari e McLaren. O caminho atual é que parece não estar indo a lugar algum e as experiências de Patrick Head pode ser uma luz no fim do túnel de quem está tentando desesperadamente uma forma de seguir em frente.

 

Patrick Head esteve na vanguarda do surgimento da equipe como uma força dominante na Fórmula 1 por duas décadas antes de uma queda lenta e aparentemente irreversível. A vinda de Patrick Head, alguém, com quem Claire conviveu durante boa parte de sua vida e que certamente formou laços que ultrapassaram o limite profissional tem como trazer um pouco de um sorriso de volta para o rosto de Claire Willaims, mas precisamos ser realistas: as coisas não irão mudar da água para o vinho em um estalar de dedos. Há muito trabalho a ser feito.

 

Bem, esperemos que sim. Claire está confiante nisso e eu também.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

  
Last Updated ( Sunday, 14 April 2019 13:15 )