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Quem mexeu no meu queijo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 27 March 2019 22:09

Caros Amigos, cerca de 20 anos atrás eu li um livro bem interessante e que, de tão simples e óbvio, espantou-me por fazer tanto sucesso e ter vendido tanto, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

 

Além da fácil leitura com suas poucas páginas e letras enormes, “Quem Mexeu no Meu Queijo?”, de Spencer Johnson, um Best Seller na na área de negócios, profissão e carreira, mostra como lidar com as mudanças que acontecem no trabalho e na vida pessoal, sem medo de encará-las, consciente de que se pode perder de um lado, mas que também se ganha de outro. Na obra, Johnson narra a trajetória de quatro personagens com mentalidades, vidas e sonhos diferentes, representadas por dois ratos – Sniff e Scurry – e dois duendes – Hem e Haw.

 

Os quatro procuram o mesmo “queijo”, que aqui significa coisas que queremos na vida, como emprego, relacionamento, dinheiro, resumindo, tudo o que traz felicidade. Toda essa procura acontece dentro de um “labirinto”, que seria onde gastamos tempo procurando o que queremos. Situações diversas acontecem com cada um deles e as formas com que cada um se safa também divergem, como acontece entre os humanos no dia a dia.

 

Este livro me veio à mente quando vi os primeiros movimentos dentro da pouca harmônica tríade formada pela FIA, o Grupo Liberty Media e as Equipes, além dos donos dos direitos comerciais, da FIA, direitos esportivos, dos promotores de GP, dos fornecedores de componentes e dos patrocinadores que fazem a Fórmula 1 para decidir se irão (ou não) alterar substancialmente a forma como irá ser a categoria na próxima década. Este será o tratado que substituirá o atual Pacto da Concórdia, que expira em 2020, e tem este nome pelo endereço da FIA em Paris, na praça da Concórdia.

 

A reunião da última terça-feira em Londres tem em vista – aos olhos do Grupo Liberty Media – um pacote de mudanças que na existência da categoria, em caso de aprovadas, implicará em profundas mudanças na relação entre promotores e equipes. Eu diria que é uma busca tão ambiciosa quanto as profundas mudanças na previdência que o governo brasileiro pretende fazer e que vai “mexer no queijo” de muita gente. E não está restrita a regulamento, mas atingindo criticamente o aspecto da gestão.

 

Os norte americanos estão buscando uma forma de tornar a categoria mais competitiva, menos previsível e isso, certamente seria mais justo, mas por outro lado, até onde se pode punir a competência? Se uma equipe consegue fazer algo melhor, consegue um patrocínio melhor, porque ela deve ser punida? Contudo, a questão vai além da competência quando a extrapolação do poder econômico torna a competição irreal.

 

O Grupo Liberty Media pretende, com o apoio da FIA, atingir dois pontos cruciais na forma como as equipes irão trabalhar: Estabelecer um teto orçamentário (um sonho antigo que vem fracassando desde o mandato de Max Mosley à frente da FIA) e a redistribuição da parte do faturamento a ser repassada para as equipes. Com isso fazer da categoria uma competição menos cara e com possibilidades maiores para que aconteça uma competição maior entre as equipes.

 

A questão é: quem entre as maiores equipes e as que recebem privilégios como a Ferrari, com direito a “poder histórico de veto” e um “bônus” de 70 milhões de Euros  por sua participação histórica, benesses concedidas por Bernie Ecclestone, irão abrir mão de suas vantagens de bom grado? Quantas vezes não vimos Ferrari, Mercedes ameaçarem deixar a categoria caso a mesma se tornasse “desinteressante” para elas?

 

Ross Brawn, por não ser uma pessoa tão “estranha ao meio” da Fórmula 1 como os demais membros do corpo diretivo do Grupo Liberty Media tem a missão de tentar convencer as empresas que possuem as equipes de Fórmula 1 a as equipes irão receber menos dinheiro, mas também precisarão investir menos para fazer a temporada e com a abertura dos valores para todos, com cada uma sabendo o quanto a outra recebe ou receberá se atingir determinado objetivo.

 

Caso o Grupo Liberty Media e a FIA consigam implantar as mudanças propostas, teremos – assim eles esperam – o início de uma verdadeira revolução no sentido de reduzir as discrepâncias de hoje, onde há praticamente duas categorias na Fórmula 1: a das três primeiras colocadas, Mercedes, Ferrari e Red Bull, com orçamentos três vezes superior ao das demais, e as outras.

 

Sempre existiram equipes pequenas na Fórmula 1. Até “grandes equipes pequenas”, como a Honda, que só foi grande como fornecedora de motores ou equipes que encolheram até desaparecer, como a BRM, bem antes da Brabham, Tyrrell e Lotus.

 

Com idas e vindas a Fórmula 1 tem sobrevivido há praticamente 70 anos, mas todo processo se esgota e se nada é feito antes disso acontecer, a perda será maior ainda do que se o “queijo” não for melhor partilhado.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva