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Um ano decisivo para Sebastian PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Thursday, 07 March 2019 20:24

Olá fãs do esporte a motor,

 

Quando esta coluna for publicada, no dia 15 ou 16 de março, praticamente com os carros alinhados para a abertura da temporada da Fórmula 1 em 2019. Não teremos mais “mascaras”, ninguém terá mais “jogo para esconder”. Veremos enfim a realidade do que as equipes conseguiram fazer para seus carros com as mudanças de regulamento.

 

Durante duas semanas os pilotos e as equipes treinaram por oito dias no circuito de Barcelona e eles andaram... andaram muito. Talvez a única coisa clara neste período de testes foi a preocupação de todas as equipes em verificar a durabilidade dos componentes das unidades de potência, que um dia foram chamadas de motores. Mas olhares mais atentos conseguiram ver outras coisas.

 

As equipes terão pouco menos de duas semanas para fazer ajustes antes de acenderem o sinal verde nos boxes para o primeiro treino livre na Austrália. Se nas respectivas sedes das equipes a tecnologia vai estar ao máximo para entregar soluções e melhorias nos carros que deixaram Barcelona no dia 1° de março, no meu consultório aqui em San Diego teremos outros “ajustes” a fazer.

 

Meus pacientes não tiveram tempo de vir até aqui durante a pré-temporada e agora, antes de irem para a Austrália, foi preciso fazer uma verdadeira engenharia para conciliar horários, evitar encontros e atender a todos, além do pessoal da Fórmula Indy que começa a temporada uma semana antes e também da NASCAR, que já está de pé no fundo em seu longuíssimo campeonato.

 

Entre todas as sessões que tivemos, acredito que meus amados leitores certamente estariam mais curiosos para saber como anda funcionando a mente mais instável do final da temporada passada: Sebastian Vettel. Depois de tudo que aconteceu, principalmente na segunda metade da temporada, saber como ele reagiria a mudança de comando na equipe, a chegada de um novo companheiro de equipe e a expectativa do que os engenheiros produziriam em Maranello.

 

Ao final da primeira manhã de treinos em Barcelona, Sebastian estava feliz com o que viu e sentiu do novo carro.

 

Nos oito dias de treinos, a Ferrari mostrou um equilíbrio e uma constância animadoras. Quando foi exigido, o conjunto mostrou velocidade e terminou como o carro mais rápido no final das duas semanas. Depois do primeiro contato com o carro e das primeiras voltas na pista, o sorriso do rosto de Sebastian era uma evidência de que o projeto do SF90 era bem nascido. Mas seria isso o suficiente?

 

Na sexta-feira, dia internacional da mulher, Sebastian chegou ao consultório com um sorriso no rosto e um bouquet de flores do campo lindo... para a minha assistente! Ela, que é fã declarada dele, também estava fazendo aniversário e eu não sei como ele descobriu isso. Ela é muito discreta. Mas o espírito de Sebastian na chegada ao meu consultório era a de uma pessoa que parecia ter tirado o peso do mundo das costas.

 

Rápido, constante, estável e com potencial, a Ferrari SF90 poderá ser o carro a, finalmente, derrotar a Mercedes?

 

Na nossa sessão anterior, ele estava tenso, visivelmente preocupado com o que iria acontecer em Barcelona nas duas semanas de testes pré-temporada. A Ferrari tinha feito mudanças muito grandes em sua estrutura e a equipe de projetistas dizia que o carro de 2019 seria um carro de soluções simples e sem “revoluções”, o que pode ser algo muito bom, caso tudo dê certo, ou um passo atrás (ou dois, ou mais) em relação a diminuição da distância para a Mercedes que a Ferrari vem conseguindo ano a ano desde 2014.

 

Contudo, a imagem dele depois da primeira manhã de treinos em Barcelona já dizia o suficiente sobre como ele estava e como havia sentido o carro. Ele me ligou bem cedo (aqui em San Diego) na terça-feira, noite em Barcelona, depois do segundo dia para me contar das “novidades” e seu tom de voz dizia tudo. Sebastian estava feliz e eu, um pouco aliviada.

 

O ambiente na equipe está leve, ver o que o cronômetro mostra é apenas um detalhe em todo trabalho.

 

Nos dias que se sucederam, fui observando como os treinos se desenvolviam e falando por telefone com alguns dos pacientes que me ligavam, mas não posso negar que a situação de Sebastian era a mais preocupante entre todas. Seu contrato com a Ferrari não termina este ano, mas um fracasso na disputa pelo título, especialmente de situações como as do ano passado acontecerem, podem decretar a sua saída da equipe e olhando o cenário, ele não teria nenhum time com chances de obter vitórias para ir.

 

A Red Bull tem há algum tempo todo o foco voltado para Max Verstappen e na Mercedes, Lewis Hamilton não iria aceitar dividir a equipe com outro piloto alemão como fez com Nico Rosberg. Aqui, no meu divã, Sebastian se mostrou tranquilo com relação ao futuro e ao seu vínculo com a equipe italiana e que se sente muito feliz com o ambiente que está imperando na fábrica, nos boxes e nas reuniões. Mas para quem acompanha as coisas da Ferrari há tanto tempo, sabemos todos que isso pode mudar rapidamente depois de duas ou três corridas não satisfatórias.

 

Diferente do ano passado, o companheiro de equipe pode não ser tão tranquilo como era Kimi Raikkonen.

 

Um outro fator que precisamos trabalhar é no convívio com seu novo companheiro de equipe. Charles Leclerc é jovem, rápido e não tem absolutamente nada a perder. Se ele for segundo em uma dobradinha com Sebastian, tudo estará maravilhoso. Es for terceiro atrás de uma Mercedes, mesmo com a vitória desta, mas atrás de Sebastian, não irão criticá-lo. Mas se ele chegar na frente do primeiro piloto da equipe (sem ordem dos boxes para mudança de posição, claro), a situação de Sebastian vai mudar e as cobranças virão pesadas, criando um “ambiente perfeito” para que problemas com os do ano passado.

 

Como disse no início, quando muitos dos meus amados leitores estiverem lendo esta coluna, os treinos e até mesmo, talvez, a corrida de abertura do campeonato já tenha acontecido, mas o que todos veremos será um Sebastian confiante e pronto para buscar seu quinto título e deixar para trás os problemas dos dois últimos anos.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares