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O futuro já chegou... resta saber se para todos PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 20 February 2019 21:50

Caros Amigos, As formas como nós, seres humanos, temos visto os avanços em todos os seguimentos da vida humana (alguns atrasos também, lamentavelmente) tem sido um processo onde a velocidade destas mudanças está cada vez maior e – confesso – tenho meus temores quando penso se terei capacidade de acompanhar este ritmo daqui há alguns anos.

 

No nosso meio de convívio semanal, o automobilismo, este processo também está cada vez mais presente. Foi-se o tempo em que os projetistas se debruçavam sobre pranchetas de madeira e gastavam seus grafites para projetar os carros. Os programas de criação e desenvolvimento por computação gráfica estão cada vez mais avançados e talvez nem encontremos uma pessoa sentada diante de uma prancheta na Mercedes, Ferrari ou Red Bull.

 

Há duas décadas – até menos – as equipes apresentavam com orgulho seus tuneis de vento cada vez mais modernos, cada vez mais tecnológicos. Há alguns anos, os CFD (Computational Fluid Dynamics), programas de simulação e análise vem se aperfeiçoando de tal forma que se já não podem substituir por completo as gigantescas – e caríssimas – estruturas que algumas equipes ainda mantém. Outras tem feito uso de tuneis existentes e alugam os mesmos para uso.

 

Com carros repletos de sensores, quase 3000 no caso dos Fórmula 1, é possível se saber praticamente tudo com uma precisão absurdamente micrométrica. Quando vejo os carros da ‘Roborace’, projeto do brasileiro Lucas Di Grassi, piloto, empresário e visionário, rodando em autódromos e eventos, confesso sentir calafrios. Será o piloto, sentado no cockpit, dentro do carro, uma espécie sob risco de extinção?

 

Antes que eu seja chamado de “alarmista” ou “fatalista”, talvez o que aconteceu na última edição da Corrida dos Campeões, disputada no México, quando entre pilotos reais, muitos deles consagrados, houve também a presença de “pilotos de simuladores”, que conquistaram suas vagas para o eROC, a versão eSports da Corrida dos Campeões. Por meio desta competição virtual, foi possível para os vencedores competirem na pista e em carros reais, tendo a chance de medir forças contra grandes nomes do automobilismo.

 

Talvez, para a surpresa de todos os presentes, de muitos que assistiram o evento e a minha em particular, o “piloto” italiano, Enzo Bonito teve a chance de correr contra os pilotos profissionais mostrou uma habilidade tamanha que venceu disputas contra o piloto da Fórmula Indy, Ryan Hunter-Reay, e o piloto da Fórmula E, Lucas Di Grassi. Lembro-me bem de que a Nissan, há alguns anos atrás, com diversos dos seus pilotos vindo a integrar equipes nas competições de Gran Turismo e Endurance a nível mundial.

 

No caso do Brasil, temos o nosso próprio “piloto de simulador”, mas no nosso caso, este piloto também é um “piloto de verdade”. Igor Fraga, que conquistou um título internacional de competições em simuladores e, com isso, foi contratado como piloto de desenvolvimento em simuladores da McLaren, trabalhando em simuladores para o desenvolvimento de carros de competição da equipe que além da Fórmula 1, produz carros de Gran Turismo.

 

O uso de simuladores tem sido um instrumento de formação e aprimoramento de pilotos mais novos com tamanha influência que pode surpreender até mesmo pilotos que são mais experientes e também usam este mesmo recurso técnico. Talvez este tenha sido o caso do que aconteceu hoje com Romain Grosjean, que viu o piloto de testes, Pietro Fittipaldi, sem praticamente nenhuma experiência em carros de Fórmula 1 e com um histórico de formação em carros de turismo nos Estados Unidos, correndo em circuitos ovais, ficar a menos de dois décimos de seu tempo no dia de hoje (quarta-feira), da primeira semana de testes pré-temporada da Fórmula 1.

 

Pietro tem um impedimento legal para obter a superlicença, baseado nas regras estabelecidas pela FIA, onde o piloto precisa conquistar 40 pontos em um intervalo de três anos para se tornar elegível como piloto titular para a disputa do campeonato. Para tal, o brasileiro precisa encontrar uma categoria para disputar um campeonato regular e ter uma performance tal que permita que ele conquiste os pontos restantes (20 pontos a se somar com os 20 da conquista do campeonato da World Series em 2017).

 

Em um exercício de olhar para o futuro, convido meus estimados leitores a pensar se não seria o caso da FIA começar a estudar a possibilidade de os pilotos conseguirem obter pontos para a ter o direito à superlicença com campeonatos e workshops de simuladores voltados para competições. Se o mundo está mudando a uma velocidade tão rápida, não seria o caso do automobilismo e suas entidades fazerem o mesmo?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva