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O exemplo de vida de Alessandro Zanardi PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Monday, 04 February 2019 22:16

Nem me lembro direito se já contei aqui uma entrevista que fiz com Alessandro Zanardi quando ele ainda corria na Fórmula Indy. Acho que foi no final de 1998, em seu segundo título da categoria, que na época tinha vários brasileiros e fazendo sucesso nas pistas ovais e mistas norte-americanas, canadenses, japonesa, australiana e brasileira. Eu tinha ido cobrir uma das etapas, acho que a de Fontana, nos EUA, e para fazer uma entrevista exclusiva com ele usei todas as minhas armas. Não aquelas que estão sendo liberadas aqui no Brasil, mas as de amizade.

 

Falei com todos os pilotos brasileiros (André Ribeiro, Raul Boesel, Christian Fittipaldi, Maurício Gugelmin, Tony Kanann, Gil de Ferran, Roberto Moreno e Helio Castro Neves) pedindo ajuda para essa entrevista que seria importante para o jornal O Globo, onde trabalhava na época. Depois de um briefing dos pilotos me aproximei do Zanardi para falar sobre a entrevista, ele ouviu quem eu era e sapecou: Caramba, como você tem amigos aqui! Todos os brasileiros vieram falar comigo para conversar com você! Vamos lá para minha tenda que falamos.

 

E lá fomos nós andando e iniciando a conversa, pois algum tempo depois ele teria treino. Gastamos mais de uma hora num papo sobre seus títulos, automobilismo, Fórmula 1, enfim, uma série de assuntos que interessavam aos leitores do jornal. Sempre atencioso, Zanardi agradeceu (santo posicionamento de marketing dos norte-americanos) e saiu para conversar com os engenheiros e treinar.

 

Algum tempo depois, mais especificamente em setembro de 2001, vi pela tevê o terrível acidente dele na Alemanha, quando foi, involuntariamente, atingido violentamente pelo canadense (apesar do nome) Alex Tagliani. Na hora imaginei o pior, que Zanardi teria morrido, tal a força do impacto lateral (o pior, segundo os especialistas) e a destruição dos carros. No entanto, depois de ter perdido cerca de três quartos do sangue corporal e ser reanimado por sete vezes, ele deu a volta por cima.

 

 

 

Dois anos depois, completou - claro com um carro adaptado - por ter perdido as duas pernas - as 13 voltas que faltavam para a fatídica corrida na Alemanha e ainda por cima e disputou a WTCC (World Touring Car Champion) pela  MW, conquistou quatro vitórias e fez dez pódios. Se é que precisava demonstrar mais superação ainda, Zanardi continuou a competir, agora entre os paralímpicos, e manteve o sangue nos olhos em busca de vitórias, agora medalhas de todos os tipos. Zanardi é um exemplo a ser seguido principalmente por pessoas que vivem reclamando da vida. Recentemente ele guiou um BMW preparado especialmente para suas condições, nas 24 Horas de Daytona.

 

Tenho muito orgulho de um dia ter feito uma entrevista com uma pessoa desse tipo. Nunca é tarde para se cumprimentar um cara assim: Parabéns Zanardi!

 

Milton Alves