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A janela da meritocracia PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 16 January 2019 21:07

Caros Amigos, em muitas situações do chamado mercado de trabalho formal as indicações para alguns cargos em variados níveis da estrutura de uma empresa é uma coisa relativamente natural. Quando se trabalha com o fator confiança para ocupação de uma determinada posição, o fato do candidato ter indicações é – em teoria – uma garantia de que o novo integrante da equipe vai agregar conhecimento e valor.

 

Tenho percebido um ar de desapontamento entre os meus colegas de trabalho sobre algumas indicações feitas no governo recém eleito. Seguindo a lógica do que escrevi no parágrafo anterior, deveríamos partir do princípio que as indicações para os cargos estão seguindo o mesmo critério de avaliação de confiança, conhecimento e valor para que a pessoa seja indicada.

 

O centro da questão baseia-se no relativismo: até onde o indicado para uma determinada posição em um determinado cargo em um determinado seguimento profissional é a melhor escolha, se os critérios de avaliação foram justos e imparciais e se fatores alheios a uma avaliação técnica não tiveram um peso demasiado na mesma.

 

Quando foi criada, a Academia de Pilotos da Ferrari visava formar pilotos a partir do início de suas carreiras em categorias de base, dando aos mesmos uma preparação técnica, física e psicológica para que os seus potenciais campeões absorvessem desde o início a filosofia da empresa e seguissem um processo de aprimoramento profissional que levaria algumas etapas e alguns anos.

 

Por este processo, onde vieram desde a Fórmula 4 até chegar à Fórmula 1, passaram Antonio Giovinazzi e Charles Leclerc, por exemplo. Passaram por todas as categorias com o suporte de Maranello. Pelo mesmo caminho estão seguindo Enzo Fittipaldi e Gianluca Petecof. No caso dos pilotos, é como aquele estudante universitário ou profissional recém formado que entra num programa de “jovem aprendiz” ou de “treinee”.

 

Certamente não apenas os dois pilotos que começaram a temporada como titulares na Fórmula 1 como os demais pilotos integrantes da Academia da Ferrari devem ter se sentido surpresos – para dizer o mínimo – quando o site da BBC noticiou que Mick Schumacher, filho de Michael Schumacher, teria assinado tem um acordo com a equipe italiana para fazer parte da academia de pilotos a partir da temporada 2019.

 

Mick Schumacher, que completa 20 anos no próximo mês de março, fez carreira na Alemanha, mas nunca conseguiu o título na F4. Na F3, em 2017, correndo pela melhor equipe – a Prema – teve uma performance discreta, sendo um piloto de meio de pelotão. Fez progressos no ano passado, mas ainda era um piloto de posições fora do pódio até que, de forma surpreendente e avassaladora, começou a vencer corridas em sequência, a fazer pódios quando não vencia e da metade do campeonato para seu final, ultrapassou seus concorrentes e sagrou-se campeão.

 

Em 2019 o filho do heptacampeão de Fórmula 1 fará a sua estreia na Fórmula 2 pela mesma equipe, a Prema. Na temporada passada a equipe contava com o holandês Nick De Vries e o indonésio Sean Gelael. De Vries terminou o campeonato em 4° lugar e se a equipe tivesse um piloto melhor, não terminaria o campeonato na quinta posição. Para 2019, Schumacher toma o lugar de De Vries na equipe (o holandês foi para a ART) enquanto Gelael deve continuar garantindo o combustível financeiro da equipe.

 

Para o caminho dos pilotos brasileiros a chegada “pela janela” de Mick Schumacher na Academia da Ferrari pode ficar um pouco mais difícil, considerando-se que eles já tem dois pilotos muito jovens recém chegados na própria Ferrari e na Sauber/Alfa Romeo, com Mick Schumacher na Fórmula 2, o alemão e herdeiro do sobrenome vai ser, naturalmente, o próximo da fila a uma vaga futura. Schumacher já tem 30 pontos acumulados pela conquista do título da Fórmula 3 e um 6° lugar no campeonato.

 

Como um mero apreciador do esporte a motor e torcedor dos pilotos brasileiros em geral, não cabe a mim julgar o grau de meritocracia que Mick Schumacher possa ter ou não para chegar onde chegou, estar onde está e almejar o lugar para onde quer ir. Contudo, como colunista de um veículo de mídia, tenho o direito (e mesmo o dever) de comentar o assunto. Afinal, até onde o conceito de meritocracia é um caminho onde se abre portas ou é permitido passar pelas janelas?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva