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Uma fórmula para o Brasil PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Friday, 11 January 2019 14:47

O ano de 2018 foi um ano difícil para os proprietários de equipe daquela que já foi a maior categoria de monopostos do continente e que, por muitos anos, seu campeão recebia a cobiçada superlicença, a autorização para um piloto disputar o campeonato mundial de Fórmula 1.

 

Nos dois anos anteriores a empresa veio realizando suas corridas como categoria suporte de outros grandes eventos. Foi assim até 2016, com a VICAR, mas com a grande quantidade de eventos (quatro, até cinco categorias no mesmo final de semana), nem sempre a exposição e o tempo de pista para os pilotos da categoria era satisfatório e no final daquela temporada, buscou-se outra alternativa.

 

Nos últimos anos a Fórmula 3 no Brasil tem buscado meios de sobreviver diante de um mercado competitivo.

 

No ano seguinte, 2017, a categoria buscou novos caminhos, novas parcerias, contando com O apoio da CBA, os proprietários de equipe contrataram a consultoria de Carlos Col, o maior promotor de automobilismo do país. Foi buscado baixar a potência dos carros, fazer um programa de formação e aperfeiçoamento de pilotos com a Pilotechm do preparador José Rubem D’Elia e o evento passou a correr junto com a Porsche, de Dener Pires.

 

Apesar de um bom início, com um grid de 13 carros, no final da temporada eram novamente 6 ou 7 pilotos largando. Mesmo a realização de corridas junto com a Porsche Cup teve, na última etapa do ano, a volta ao evento da VICAR. Estava claro, público e notório que a categoria não apresentava mais fôlego para manter o formato dos anos anteriores e mesmo mudanças como as feitas para 2017 foram ineficientes.

 

Em 2017 foi tentado um novo formato,mas ao longo do ano a categoria foi se esvaziando. Em 2018 foi ainda pior.

 

Para 2018 a categoria decidiu mudar de nome, passando a se denominar “Super Fórmula Brasil” e foi anunciada sua primeira prova para o 22 de abril, em um evento conjunto com o Campeonato Brasileiro de Stock Car e a Copa Petrobras de Marcas, voltando a fazer parte do evento da VICAR em seis das oito rodadas duplas programadas. Contudo, a prova não aconteceu e o motivo foi a falta de pilotos interessados.

 

Para Augusto Cesário, proprietário da Cesário Fórmula e maior vencedor da categoria, a missão da Super Fórmula Brasil, que ele considera ser o mais eficiente laboratório de formação de jovens talentos do automobilismo brasileiro por contar com o melhor equipamento de aprendizado para um piloto recém saído do kart, um piloto antes de seguir para a Europa deveria passar por uma ou duas temporadas na categoria nacional.

 

Augusto Cesário defende a categoria e os carros: são os mais rápidos da categoria e podem formar pilotos.

 

Esta também é a linha de raciocínio dos demais membros da ANEF (Associação Nacional das Equipes de Fórmula) que conta com a PropCar, de Darcio dos Santos, a RR Racing, de Rogério Raucci e a Dragão Motorsports, de Luiz Alberto Trisci. Contudo, tal linha de raciocínio não vem encontrando respaldo nos pais e pilotos que, quando não já estão direcionando as carreiras para o seguimento das categorias de turismo no país, estão buscando o automobilismo no exterior em uma categoria de entrada com equipamentos mais atualizados e dentro do escalonamento que a FIA (Federação Internacional de Automobilismo).

 

A verdade é que os carros da categoria – os Dallara 309 e os 301 da “academy” do ano anterior – não são carros com as mesmas especificações de carros mais modernos da própria Dallara e nem são mais encontrados em outras categorias comercialmente e profissionalmente consideradas “interessantes”. Apesar de serem carros sensíveis às alterações de ajustes e inegavelmente rápidos, estes fatores não tem motivado os pilotos a sentar neles, com poucas exceções.

 

No final do ano passado, houve uma última tentativa de “salvar a temporada”. Em uma iniciativa onde as equipes decidiram trabalhar juntas e fazendo uma preparação única para os carros, sob responsabilidade da mesma equipe técnica, e com a ajuda de bolsas que facilitarão o acesso a quem luta para conseguir o orçamento necessário. Os responsáveis pela iniciativa aproveitaram a Copa Brasil de Kart para fazer a apresentação oficial. Um carro foi levado para o Brasileiro de Kart em Vespasiano para os pilotos conhecerem o carro.

 

Darcio dos Santos, em redes sociais, lamentou no final do ano passado não termos tido um campeonato da categoria.

 

O projeto pretendia fazer 3 rodadas duplas em Campo Grande, Cascavel e Goiânia, com os carros da categoria A. Houve até um movimento para que, em conseguindo montar um bom grid, colocar a categoria para fazer uma das corridas preliminares do GP do Brasil de F1. Apesar de – com a premiação – o vencedor conseguir fazer cada uma das etapas a um valor irrisoriamente baixo, mais uma vez o projeto esbarrou na não formação de um grid.

 

Isso frustrou os planos dos donos de equipe e de Fauzy Buchalla, da Atons Driver Business, à frente da iniciativa. Ele inclusive divulgou que, em um segundo momento, a ideia é adotar os chassis da nova especificação da F-3 regional, com o Halo, de modo a fazer com que o campeonato distribuísse pontos na caminhada rumo à Superlicença, o que seria o grande atrativo para pilotos não apenas do Brasil, mas de outros países.

 

Em uma outra frente, o ex-piloto e empresário Lineu Linardi, da Linardi Sports, em parceria com Gerardo 'Tato' Salaverría, que promoveu a F4 Sulamericana entre 2014 e 2016, mas que usou os carros da antiga Fórmula Futuro, que Felipe Massa trouxe para o Brasil em parceria com a FIAT (dona da Ferrari) quando o piloto brasileiro era titular da equipe italiana, carros estes que não tem a especificação da F4 regional, que acontece em alguns países pelo mundo.

 

Depois de alinharem na nominada F4 sulamericana, os antigos cargos da F.Futuro voltaram ao país com outro promotor.

 

Impossibilitados de usar esta denominação, foi usada a “Fórmula Academy Sudamericana”, que conseguiu realizar seis rodadas duplas nos autódromos de Londrina (PR), Interlagos (SP), Velo Città (SP) e Montevidéu (URU), mas que na maioria das corridas teve um grid de apenas seis carros, apesar de terem sido trazidos de volta para o Brasil mais de 15 monopostos.

 

Partindo do conceito de “monogestão”, com uma mesma equipe técnica cuidando de todos os carros, o carro construído em fibra de carbono e equipado com câmbio sequencial para um motor de 160cv e se oferecendo como laboratório para estudantes, o que atraiu o trabalho voluntário de uma dezena de estudantes do curso de Especialização em Mecânica do Senai, no total, 15 pilotos disputaram pelo menos uma prova do campeonato, que teve início apenas no segundo semestre de 2018, algo que seus promotores não pretendem repetir, iniciando a temporada de 2019 ainda no mês de março. A pergunta é: teremos pilotos?

 

Assim como no caso da Fórmula 3, Super Fórmula ou o nome que seus promotores queiram dar, a Fórmula Academy também não usa um conjunto mecânico dentro das especificações que a FIA listou entre as categorias que produzem pontuação para se obter a superlicença,objeto de desejo de qualquer piloto que decide fazer uma carreira em monopostos no mundo. Apesar do custo acessível, diversos pilotos passaram por lá na temporada passada, revezando-se em grids pequenos.

 

Apesar do baixo custo, a categoria não conseguiu fazer um grid numeroso. Normalmente largavam apenas 6 carros.

 

A CBA e os promotores de categoria de fórmula tem diante de si um desafio e um dilema: abandonar os seus atuais modelos de gestão e fazer um trabalho junto aos pilotos de kart para procurar saber o que eles querem (sim, se você vai colocar um produto ou serviço no mercado, é preciso coletar informações neste mercado para saber o que o seu público consumidor está buscando) e o quanto estão dispostos a pagar por este produto ou serviço.

 

De posse destas informações, os promotores precisam analisar se, dentro do que é a expectativa do seu mercado consumidor, se há viabilidade em se buscar e lançar no mercado o que estes potenciais consumidores buscam. Em outras palavras: comprar um determinado número de kits (digamos, 16) de carros da Fórmula 4 (carros, motores e câmbios, peças de reposição e sobressalentes, dentro da homologação da FIA para a categoria) e introduzir no continente uma fórmula regional como há em outros países.

 

É uma aposta alta e que – até onde sabemos – os proprietários de equipes, ao menos na Fórmula 3, não parecem dispostos a cobrir. Ao contrário, infelizmente, insistem no discurso de que tem um carro bom, veloz e que é uma verdadeira escola para o aprendizado de um jovem piloto antes dele ir para a Europa. Realmente, a categoria já teve este perfil, mas o perdeu há muitos anos e a insistência em não querer enxergar isso é algo a se lastimar.

 

Quanto à Fórmula Academy, vejamos o que vai acontecer em sua segunda temporada. Em todo caso, torcemos para que uma fórmula seja encontrada para este problema, mais um, no automobilismo brasileiro.

 

Da Redação


Last Updated ( Friday, 11 January 2019 15:03 )