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O duro caminho do dever de casa PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 26 September 2018 23:08

Caros amigos, depois de concentrar as minhas últimas colunas ao tema das mudanças dentro da Fórmula 1 e a forma como mudanças foram acontecendo para a formação do grid da categoria para o anos de 2019, volto-me para assuntos domésticos que tem – em meu humilde julgamento – um peso mais importante do que o que acontece no hoje distante mundo da Fórmula 1.

 

O assunto é extenso e delicado, a ponto de eu evitar na coluna de hoje fazer preâmbulos para só então adentrar ao efetivo tema da coluna, sempre buscando abranger o ponto de vista do estimado leitor no sentido de que o automobilismo e as coisas que o cercam não podem ser tratados como um micro universo, que há outras coisas que influem diretamente no processo de gestão e execução do esporte.

 

Na última sexta-feira, primeiro dia de atividades de pista da etapa da Stock Car no Velocittà, em Mogi-Guaçú-SP, foi enviada comunicação oficial aos órgãos de imprensa de que a etapa do evento da VICAR programada para o autódromo de Tarumã, na cidade de Viamão havia sido transferida para Londrina por questões de segurança, uma vez que o quase cinquentenário autódromo não executou as obras de segurança que a Confederação Brasileira de Automobilismo exigiu para que o mesmo pudesse atender as necessidades de segurança para a realização de etapas do campeonato promovido pela VICAR. A empresa foi comunicada dois dias antes.

 

A questão é profunda e passa por diversos aspectos que, para nós, do Projeto Nobres do Grid, começam em maio de 2016, quando fizemos uma matéria de retorno ao autódromo visitado pela primeira vez em outubro de 2009. O autódromo, neste intervalo, sofreu algumas obras de melhoria nos aspectos de instalações e segurança, mas ainda assim com alguns pontos que levamos à discussão com o administrador do autódromo, Sr. Marcio Pimentel.

 

A forma como o gestor do complexo de Viamão colocou as dificuldades que ele vinha passando, pondo inclusive em risco a continuidade do autódromo como autódromo para competições por falta de capital para investimento em obras, além de profundo pesar e preocupação, mostrou a dificuldade em se manter um autódromo privado no Brasil sem que haja uma programa de parceria com uma ou mais empresas ou mesmo os governos municipal e estadual para redução de carga tributária, por exemplo.

 

A CBA fez uma visita técnica ao autódromo de Tarumã em 22 de outubro de 2017 (mais de um ano após a nossa visita). Em 05 de janeiro de 2018 foi entregue à administração do autódromo um relatório de 08 (oito) páginas apontando os problemas encontrados ao longo dos 3.039 metros do traçado, suas áreas de escape e suas instalações para que o mesmo fosse adequado para um evento que aconteceria em outubro do mesmo ano.

 

Todos os pontos do relatório coincidem com os apontados em nossa matéria (que tem um ex-piloto com licença FIA de competições internacionais como consultor e analista), contudo, com uma apresentação de soluções a serem aplicadas de forma mais específica do que a que conseguimos produzir.

 

Lendo o que foi publicado na “mídia especializada”, fiquei impressionado com a quantidade de “copy/paste” apresentados de forma descarada, sem mudar-se uma vírgula ou se usasse um sinônimo sequer, além da falta de pesquisa por parte destes “veículos” que repetiam uma afirmação sobre o uso de VHT, produto que proporciona maior aderência ao asfalto para as competições de arrancada, mas que, quando molhado, tem o efeito contrário. Produto este que não é utilizado em Tarumã, mas apenas quem caminha no asfalto do autódromo como fazem nossos enviados pode constatar. Decepcionante o fato de veículos de grande porte e atuação direta no evento fazer esta afirmação sobre o uso do VHT.

 

A administração do autódromo de Tarumã, indignada e em seu direito, divulgou nota de repúdio à decisão da Confederação Brasileira de Automobilismo e contestou o nível das exigências apresentadas, colocou – com muita propriedade – alguns pontos de insegurança em outros autódromos – entre eles Londrina, praça que foi escolhida para sediar a etapa que seria disputada no autódromo gaúcho – mas não informou se foi feito um orçamento para a realização das obras. Algo que mesmo com todas as argumentações do Sr. Marcio Pimentel em favor da segurança dos espectadores – o que jamais pode ser negligenciado – a segurança dos pilotos também tem que ser sempre a maior possível.

 

Há um fato interessante que também merece ser mencionado é que existe uma queixa geral em relação as condições dos autódromos do Brasil há alguns anos. Esta situação, pelo menos ao que parece ser o ponto de vista do atual presidente da Comissão Nacional de Autódromos, Luis Ernesto Morales, engenheiro responsável por supervisionar as obras de adequação do Autódromo Internacional de Interlagos para receber a Fórmula 1 e manter sua classificação FIA1, é algo que está sendo tratado como sempre deveria ser tratado.

 

Ter uma pessoa com conhecimento técnico e interessada em fazer com que estas condições sejam cumpridas é algo que deveria ser aplaudido pela comunidade do automobilismo e não criticado. Contudo, as colocações do Sr. Marcio Pimentel fazem todo o sentido e eu me dou o direito de ir mais além: gostaria de saber do Sr. Luis Ernesto Morales se a barreira de pneus no final da reta oposta do Autódromo de Londrina tem especificações semelhantes as solicitadas para a instalação na curva 1 do Autódromo de Tarumã. Indo mais adiante, gostaria de saber qual a condição das barreiras de pneus na curva após a reta dos boxes do Autódromo londrinense. Em 2015 estas ainda eram com pneus trançados, sem serem aparafusados ou amarrados com cabos de aço.

 

Por fim, o questionamento do Sr. Marcio Pimentel para que o Paraná esteja recebendo 4 etapas do campeonato de automobilismo do país, convém salientar que a decisão de levar a etapa para Londrina e não para outra praça do país cabe única e exclusivamente à VICAR, sem ingerência da CBA e também cabe a este humilde colunista lembrar que tanto a Federação Gaúcha quanto a Federação Paranaense votaram contra a chapa encabeçada pelo atual presidente. Mas aproveito o ponto para questionar o porque de se levar a etapa para Londrina, onde há uma séria restrição para a acomodação do público e não levar para Curitiba, onde a prova poderia ser feita pelo anel externo, diferente do traçado da segunda etapa do campeonato e que, segundo as palavras do CEO da VICAR, Sr. Rodrigo Mathias, todos os ingressos foram vendidos em abril.

 

Mas isso é assunto para uma próxima coluna...

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva