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O triste momento do ocaso PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 15 August 2018 20:24

Caros Amigos, Quando comecei a assistir corridas na televisão, nos anos 80, ainda tive – assim como nossos estimados leitores – a oportunidade de ver os carros negros da Lotus, ainda que tenha vagas lembranças da figura de Colin Chapman, as Tyrrell azuis – e posteriormente com outras cores, com a presença do grande Ken Tyrrell nos boxes. A Brabham com a qual Nelson Piquet conquistou seus primeiros títulos quando Bernie Ecclestone ainda era dono da equipe e a Williams, branca com detalhes em verde com Sir Frank a comandá-la, mesmo depois, em uma cadeira de rodas e com novas cores compondo o carro.

 

Esta semana eu poderia ser mais um colunista de automobilismo a estar aqui, no nosso espaço semanal, a falar sobre o anúncio da saída de Fernando Alonso da Fórmula 1. Apesar de todos os desafetos que o asturiano acumulou na sua trajetória de 17 temporadas na categoria, há que se reconhecer que ele fará falta em uma Fórmula 1 onde cada vez mais se fala menos. Onde todos os passos e declarações são medidos e controlados por – na sua maioria – assessoras de imprensa que conduzem os pilotos no paddock de um lado para o outro como se levasse a boneca com a qual brincou quando criança.

 

Ao longo destes quase 70 anos de Fórmula 1 e mesmo antes dela e fora dela, pilotos vem e vão. Novos pilotos sempre chegam para superar outros e se mostrarem mais rápidos. Foi assim com Daniel Ricciardo na Red Bull, em cima do tetracampeão Sebastian Vettel. Foi assim quando Alain Prost chegou na McLaren e desafiou Niki Lauda... e que provou do próprio “veneno” quando Ayrton Senna chegou na equipe em 1988. Foi assim também quando Keke Rosberg chegou na equipe Fittipaldi em 1980, colocando 2 segundos de vantagem sobre o brasileiro e bicampeão, Emerson Fittipaldi, nos treinos do GP da Argentina.

 

Contudo, quando uma equipe se encontra numa situação como vimos chegar a Lotus, a Tyrrell e a Brabham, é diferente. Não se trata de pilotos, de títulos, de nomes. Estamos falando de ideais, idealistas, entusiastas que construíram uma história e quando uma equipe com tanta história dá todos os sinais de que – salvo praticamente um milagre – esta está diante do seu ocaso, há que se refletir tanto quanto lamentar.

 

O significado da palavra “ocaso” é referente ao por do sol. O ocaso de dá quando o sol se põe, sendo o acontecimento que precede a noite, que traz a escuridão. No sentido figurado, ocaso significa fase de decadência ou fim. Define o período que antecede o fim de um acontecimento, a queda de algo. É também sinônimo de ruína ou morte... e este parece estar sendo o encaminhamento de mais uma equipe criada com o amor de um apaixonado que de seus sonhos construiu um império, mas que hoje, a razão de tudo mais parece um fardo do que uma coluna mestra de sustentação.

 

Depois das épocas de dominação, a equipe de Frank Williams vem acumulando reveses em todos os sentidos. Técnicos, esportivos e financeiros, desde que a BMW decidiu deixar a Fórmula 1. De uma das equipes que brigavam por vitórias e estavam no topo da tabela do campeonato de construtores, a Williams passou a integrar o bloco das “equipes médias”, local onde esteve em meados dos anos 70, antes do surgimento do fabuloso FW08, o carro que mudou a história do time.

 

Nestes últimos 10 anos a equipe tornou-se um time de pilotos pagantes cada vez mais pagantes e chegando a optar deixar de fora pilotos tecnicamente mais capazes para garantir uma saúde financeira. Foi assim com a presença de Pastor Maldonado e os dólares vindos da PDVSA, a empresa petrolífera da Venezuela, garantindo sua presença no time. Rápido, mas tecnicamente limitado, notoriamente um piloto que se envolvia em muitos acidentes, Maldonado não era nenhuma promessa. Ele ficou 6 temporadas na então GP2.

 

O caso de Lance Stroll é um pouco diferente. Primeiro, o dinheiro vem de seu pai, Lawrence, que não mede esforços para dar ao filho todo o suporte possível. Segundo, Lance foi um piloto de conquistas de títulos e vitórias nas categorias de base até a Fórmula 3. Talvez ter “saltado” direto para a Fórmula 1 sem passar pela GP2 esteja cobrando um preço mais salgado do que se poderia esperar.

 

A Williams ainda teve um “último suspiro”, quando mudaram o regulamento dos motores e ela, equipada com motores Mercedes, andou na frente das demais no ano de 2014, ficando só atrás do time de fábrica. Porém, com o melhor entendimento do sistema híbrido e o desenvolvimento das outras equipes, somados aos erros e trocas de pessoas, a Williams hoje não faz parte sequer do time das equipes médias, sendo a última colocada no mundial de construtores.

 

Como se nada que está ruim não pudesse piorar, a equipe que hoje tem dois “pilotos pagantes” (Sergey Sirotkin também leva uma quantidade considerável de dinheiro para o time) vai perder duas de suas principais vias de capitalização: Lawrence Stroll, pai de Lance, é agora um dos principais acionistas da Force Índia, que deve mudar de nome para 2019 e que além do canadense, vai ter mais um piloto, ainda não definido.

 

A outra perda foi informada ainda no início do ano, durante os testes pré-temporada, quando a Martini, informou que deixará de patrocinar a equipe no final da temporada de 2018. Coincidência ou não, a Martini deixará a Williams no ano seguinte à equipe decidir colocar na pista dois pilotos abaixo de 25 anos, idade mínima para que eles possam fazer propaganda da marca de bebidas alcoólicas. Stroll tem 19 anos e Sirotkin, 22.

 

Em contraponto o Williams Group, empresa que foi criada com o dinheiro gerado pela equipe tem uma situação completamente diferente da equipe cujos os carros se arrastam nas pistas. Com um faturamento de mais de 150 milhões de libras por ano, a empresa fornece tecnologias de uso em diversos seguimentos tanto nos carros de rua como em competições, inclusive na Fórmula 1. Contudo, hoje a empresa e a equipe não parecem andar mais pelo mesmo caminho e, salvo nenhuma grande mudança aconteça, temo melo pior... e em um futuro não muito distante.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva