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Ricciardo e a aposta contra a banca PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 14 August 2018 22:06

Olá fãs do esporte a motor,

 

Terapia e acompanhamento psicológico de pacientes é uma coisa tão complexa que não adianta o profissional ser o “bãbãbã” do mercado, o terapeuta das estrelas, dos famosos, dos ricos, do que for ou de quem for, todos nós estamos sempre sujeitos a uma daquelas reviravoltas de novela do Manuel Carlos (sim, eu assisto novelas! A diferença é que eu assumo que assisto).

 

O mês de agosto é de férias para o pessoal da Fórmula 1 nas pistas. No meu consultório é um trabalho mais frenético do que um daqueles pit stops de dois segundos e meio... ou menos. Não sou terapeuta só de pilotos. Tem chefes de equipe, engenheiros, assessores de imprensa, mas como sei que meus amados leitores gostam mesmo de saber como estão os seus ídolos nas pistas, foco minhas colunas neles.

 

Depois de 3 semanas sem vir ao meu Divã, eis que recebo uma mensagem de texto do Daniel Ricciardo dizendo assim: “Doutora, você vai ler uma coisas na imprensa hoje. Fique tranqüila, não se impressione. Eu sei o que estou fazendo e nossas últimas sessões me ajudaram a tomar esta decisão. Na próxima semana estarei em San Diego para mais uma sessão. Estou levando o Joey”. 

 

Logicamente eu liguei os pontos e a notícia da sua saída da Red Bull e assinatura de contrato com a Renault logo fez sentido, mas a forma como esta decisão foi tomada é que iria ser o centro da sessão que teríamos na semana seguinte. Afinal, por trás dos comunicados oficiais haviam outras coisas que certas pessoas sabiam e não tiveram coragem de contar.

 

 Sempre que Daniel Ricciardo aparece sem aquele sorriso característico no rosto, há sempre algo de errado no ar.

 

Daniel chegou sério para a sessão e vê-lo sem sorrir é algo que me incomoda muito. Definitivamente alguma coisa está o incomodando a tal ponto dele tirar o sorriso do rosto. Agradeci o presente (um canguru de pelúcia) e ele nem mal deitou no Divã e foi logo expondo que a negociação com a cúpula da equipe (Christian Horner e Helmut Marko), tinha mais pontos do que simplesmente a decisão da equipe de trocar de motores para a temporada de 2019. 

 

Neste aspecto em particular, Daniel aceitaria renovar o contrato por dois anos nas mesmas bases que Max Verstappen – o que para ele já era uma perda de prestígio dentro da equipe – mas queria ter a opção de no fim do primeiro ano de contrato poder deixar a equipe se os resultados não correspondessem. Ele tinha em mente o ano de 2015, quando a Renault entregou um motor muito defasado em relação a Ferrari e Mercedes.

 

Analisando a evolução da Renault no último ano, Daniel acredita que pode andar melhor do que com a Red Bull de motor Honda.

 

Na parte técnica, Daniel deu um exemplo que não tem como não ficar com um pé atrás: no último GP antes da férias, a Toro Rosso, que nesta temporada usa os motores japoneses, instalou no carro de Brendon Hartley o sexto motor de combustão interna (ICE) da unidade motriz Honda. No caso de Pierre Gasly, foi o quinto motor. Como o limite do regulamento é de três de cada um dos componentes e o GP da Hungria foi o 12º de uma temporada de 21 GPs, a perspectiva seria simplesmente sombria para se pensar em lutar por vitórias... quanto mais títulos! 

 

A aposta é alta e Daniel sabe bem disso. Ele vai para a Renault ganhando menos do que hoje ganha Max na Red Bull. Ou seja, ele abriu mão de dinheiro para investir em um projeto maior e isso joga uma pressão extra na equipe francesa, que precisará aumentar os investimentos (nesta temporada o budget é estimado em 170 milhões de Euros) para fazer valer os 15 milhões anuais que estará pagando ao seu novo primeiro piloto, que por sua vez, vai ter que mostrar ter valido cada centavo.

 

 Era impossível negar que Daniel Ricciardo se sentiu desprestigiado em relação ao tratamento dado a Max Verstappen. 

 

Daniel não esconde que se sentiu desprestigiado quando a equipe quando em 2017 a equipe renovou com a revelação holandesa Max Verstappen por um salário bem maior do que o recebido por ele. Além disso, as negociações para a renovação do seu contrato restavam sendo tratadas em termos de equiparação, quando na pista e na pontuação do campeonato, Daniel sempre deu mais do que seus companheiro de time em termos de retorno para a equipe.

 

Com estas bases para negociar, buscar algo na Mercedes e Ferrari seria algo lógico e excelente se as coisas pudessem caminhar neste sentido. O problema é que na Mercedes Lewis já vinha de alguns anos de guerra aberta contra Nico Rosberg e tendo Valtteri como um grande escudeiro, aceitar um piloto que iria novamente rivalizar com o mesmo equipamento não passava nem perto da ideia do tetracampeão britânico. Situação semelhante a de Sebastian, que vive algo com Kimi Raikkonene e que tem uma péssima recordação do ano em que dividiu os boxes com Daniel na Red Bull.

 

 Em Baku Renault e Red Bull andaram próximas e Daniel Ricciardo aposta na evolução do time como um todo para 2019.

 

Caso a aposta de Daniel dê certo, mais do que conseguir se manter em evidência, eventualmente conquistar algumas vitórias e pódios e ser um nome a ser considerado para uma ida para Ferrari ou Mercedes no final da temporada de 2020. Ele estará com 31 anos, maduro – o que já é – rápido e constante, seria um sucessor natural para liderar um grande time com seu temperamento agregador. Caso consiga levar a Renault a um platamar de competição direta contra italianos e alemães, será elevado a condição de gênio, mas se nada der certo, poderá estar encaminhando a carreira para um ocaso que ele não merece.

 

Eu acredito muito no potencial de Daniel. Como piloto, como pessoa e tenho certeza que a Renault está fazendo a coisa certa em tentar, com ele, voltar aos tempos de domínio que teve com Fernando Alonso entre 2005 e 2006.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares 
Last Updated ( Wednesday, 15 August 2018 21:21 )