Especiais

Classificados

Administração

Patrocinadores

 Visitem os Patrocinadores
dos Nobres do Grid
Seja um Patrocinador
dos Nobres do Grid
Fatos e versões PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Wednesday, 11 July 2018 22:46

Caros Amigos, além da leitura sobre automobilismo e sobre mercado financeiro, economia e relações internacionais, tenho uma profunda admiração pelo bom jornalismo e pelos bons jornalistas. São profissionais que precisam ser maleáveis e tão rápidos de raciocínio quanto um piloto de Fórmula 1, especialmente na televisão.

 

Como tenho uma agenda muito ocupada durante a semana, nem sempre consigo assistir a todos os programas de jornalismo que gostaria, assim, dentro das minhas possibilidades, uso os finais de semana para assistir alguns deles. Entre os meus favoritos há um entitulado “Fatos e Versões”, muito bem conduzido por sua apresentadora.

 

Acho o título muito sugestivo. Quem dos meus estimados leitores já não ouviu a expressão: “Um fato tem três versões... a sua, a minha e a verdadeira”? Está é uma situação mais comum e natural do que se possa imaginar – ou admitir – e foi exatamente nesta linha de raciocínio que desenvolvi o tema da minha coluna desta semana.

 

Desde o início da temporada europeia da fórmula 1 que vimos algumas situações onde os confrontos nos bastidores em função dos acontecimentos de pista foram se sucedendo com insinuações veladas e acusações explícitas envolvendo as duas equipes que estão protagonizando a disputa pelo título do campeonato deste ano. Vamos aos fatos e suas respectivas versões.

 

Para o Grande Prêmio da Espanha, em Barcelona, a Pirelli fez um pneu com uma banda de rodagem quatro milímetros mais estreita do que os pneus que vinha fornecendo devido a problemas que várias equipes tiveram na pré-temporada. A Ferrari protestou, sugerindo que os novos pneus poderiam não ter sido adequados tanto para a Ferrari quanto para outros carros e que estes beneficiaram a Mercedes, que dominou amplamente a corrida na Catalunha.

 

Contudo, na semana seguinte, nos testes que autorizados pela FIA/FOM no mesmo autódromo, a Ferrari usou os pneus dom a banda original e aconteceu com estes o mesmo que vimos ocorrer com diversos carros na corrida da Áustria. Resignados, os engenheiros da equipe italiana reconheceram com os dados obtidos nos testes que o resultado, caso fossem utilizados os pneus normais no domingo da corrida, estariam em situação ainda pior, reconhecendo que a Pirelli tomou a decisão correta e Sebastian Vettel, que chegou a levantar esta “ação pró-Mercedes”, fez um “mea culpa”.

 

No Grande Prêmio da Áustria a Pirelli decidiu não usar estes pneus mais finos e o que todos vimos foi um problema sério de degradação dos pneus que influenciou diretamente no resultado da corrida, independentemente do que aconteceu com os carros da Mercedes, onde tanto Valtteri Bottas quanto Lewis Hamilton abandonaram a prova por problemas mecânicos.

 

O tetracampeão inglês criticou a opção da Pirelli de não levar os pneus 4mm mais finos que a empresa desenvolveu para serem usados apenas em circuitos com curvas de raio longo e alta velocidade, como Barcelona, Paul Ricard e Silverstone, defendendo que eles também deveriam ter sido levados a Spielberg. Mas não comentou nada sobre o fato da Ferrari não ter dado uma ordem de equipe para Vettel trocar de posição com Raikkonen e fazer três pontos a mais, algo que pode fazer falta no final do campeonato.

 

A Ferrari mostrou uma agilidade e competência que há muito não mostrava em resolver problemas e chegou em Silverstone, uma pista onde vinha sofrendo com uma performance inferior à Mercedes nos últimos anos para andar de igual para igual com os carros prateados, usando os tais pneus mais finos. Qual seriam as alegações contra A ou a favor de B neste final de semana?

 

Após a corrida, que teve a vitória de Sebastian Vettel, Lewis Hamilton não ficou para dar a entrevista a Martin Brundle, não cumprimentou o finlandês antes de irem para o pódio e, ironicamente declarou para a imprensa que “táticas interessantes deles (Ferrari), eu diria. Faremos o que for preciso para lutar contra eles e melhorar nas próximas corridas”. Mas Toto Wolff, foi um pouco mais direto em entrevista os canal de TV Sky Sports. Após relembrar que um dos carros da Mercedes já havia sido jogado para fora no GP da França (Vettel em Bottas), Wolff se questionou se o incidente em Silverstone foi “deliberado ou apenas incompetência”.

 

Teria sido este o motivo para, depois de ter sido superado com muita dificuldade por Vettel nas voltas finais, Bottas não mostrou resistência ao ataque de Hamilton para alcançar o segundo lugar e resistiu o suficiente para que o companheiro de equipe abrisse uma distância razoável para a inevitável ultrapassagem de Raikkonen, lembrando que as Ferrari tinham pneus macios novos contra médio usados das Mercedes. Jogo de equipe? Aquele que a Ferrari não fez na corrida anterior?

 

Entre fatos e versões em torno destes episódios só podemos afirmar uma coisa: a guerra está declarada!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva