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Daniel... entre a cruz e a espada PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 26 June 2018 07:34

Olá fãs do esporte a motor!

 

Desde a semana passada estou trabalhando como uma louca por conta desse calendário louco da Fórmula 1 que colocou três corridas em três finais de semana seguidos. Como os pilotos tem diversos compromissos com seus patrocinadores durante a semana dos grandes prêmios, a segunda-feira após a corrida na França foi palco de outra corrida... de aviões até San Diego!

 

Foi preciso um exercício e tanto de arranjo de horários não apenas a para atender todos os pilotos da categoria, mas também para pedir uma boa dose de paciência dos meus pacientes que correm na NASCAR e na Fórmula Indy para reagendarmos suas sessões e assim eu conseguir atender a todos os pacientes da semana.

 

Entre todas as sessões da louca segunda-feira, 25 de junho de 2018, a que mais me despertou a querer compartilhar com meus queridos leitores foi a com Daniel Ricciardo por toda a situação que tem envolvido a sua relação com a equipe Red Bull, os planos da equipe para os anos seguintes, tanto em relação a equipamento quanto a os integrantes de seu time e o seu futuro profissional, dentro ou fora da Red Bull.

 

As sessões com Daniel são extremamente divertidas. Um dia ainda tomo coragem e marco a sessão dele no píer do mercado de pescados aqui da cidade, de tão descontraída é a nossa conversa. Contudo, desta vez ele, apesar de sorridente como de costume, não estava tão aberto e nem tão descontraído quanto o de costume. Isso já foi um alerta para o que viria pela frente naqueles 50 minutos de conversa.

 

 Daniel é uma pessoa cativante e seu sorriso é algo natural, que faz dele o piloto mais querido do grid... mas ele quer mais.

 

Brinquei com ele perguntando como é que ele não ficou vesgo ou tonto com aquele monte de linhas das áreas de escape lá em Paul Ricard e como fazia para não pegar o caminho errado naquelas mais de cem opções de traçado. Ele riu e disse que a equipe instalou em uma das páginas do visor no volante um GPS que apontava a direção correta, então foi tranqüilo.

 

Mas o que estava reduzindo a intensidade do radiante sorriso do meu paciente era o cenário de perspectivas para o futuro. Daniel está incomodado com algumas situações que está vivendo desde o ano passado. A Red Bull, que vem acompanhando e dando suporte a sua carreira desde que ele deixou a Austrália para correr na Inglaterra aos 17 anos de idade, vem dando sinais claros do seu novo investimento em termos de mão de obra: Max Verstappen, que hoje – inclusive – tem um salário maior que o dele, tem uma tolerância que outros pilotos não tiveram diante de erros em sequência cometidos em treinos e corridas e acabaram sendo “triturados” na cobrança de resultados e performances de Helmut Marko.

 

 Com um companheiro rápido, badalado, mas psicologicamente instável, Daniel tenta fazer valer sua experiência para batê-lo.

 

Desde o ano passado o nome de Daniel era o mais falado no mercado de pilotos para uma possível “dança das cadeiras” e suas performances, com a conquista de vitórias oportunas e incontestáveis vinham mostrando que, em um carro sem as limitações de força que o motor Renault impõe a Red Bull, ele já estaria com um título conquistado. Contudo, as coisas foram mudando nestes últimos meses.

 

A declaração de Sérgio Marchionne, presidente da Ferrari, que ele não mais fazia parte da lista de possíveis candidatos a ser companheiro de equipe de Sebastian Vettel nas duas próximas temporadas, no lugar de Kimi Raikkonen não seria propriamente uma surpresa. Quando foi companheiro do alemão na Red Bull, de onde veio promovido do “time B”,  a Toro Rosso, Daniel deixou o tetracampeão mundial em apuros ao vencer três corridas contra nenhuma de Sebastian, que acabou mudando-se para a Ferrari. Apesar de elogiar Daniel em público, duvido que em reuniões de equipe ele seja favorável a reedição da dupla. Melhor ficar com alguém dois ou três décimos mais lento por volta.

 

Se no início do ano todos projetavam a possibilidade de ver Daniel em outra equipe, o desenrolar do campeonato fechou portas.

 

A Mercedes, que seria a outra opção para se chegar mais rápido ao título tem Lewis Hamilton, com três títulos conquistados para a estrela de três pontas e uma performance difícil de ser superada, ainda mais agora que “não corre contra um alemão”, o inglês está numa posição muito cômoda para escolher quem ele prefere como segundo piloto, ainda mais se este segundo piloto mostra velocidade e consistência em corrida como Valtteri vem mostrando, salvo acidentes.

 

Nos últimos anos a Red Bull viu-se envolvida numa briga com a Renault, onde até cessão de pilotos (Carlos Sainz Jr) foi negociada para que houvesse uma continuidade de fornecimento para este e os próximos dois anos, dos quais a equipe austríaca abriu mão e Daniel deixa transparecer não estar tão confiante assim na adoção de um novo motor, ainda mais sendo o Honda, apesar das boas respostas que vem sendo obtidas na Toro Rosso. Contudo, será possível ter um carro mais rápido do que ele tem em mãos hoje com o motor japonês? 

 

A única carta na manga para Daniel, fora da Red Bull, está sendo a McLaren, que acenou com um contrato de peso para leva-lo para o time enquanto Fernando Alonso parece já estar de malas prontas para ir correr na Fórmula Indy em 2019 e buscar de vez não só a “tríplice coroa” vencendo O GP de Mônaco, as 24 Horas de Le Mans e a conquista que falta – as 500 Milhas de Indianápolis – mas ir mais além, conquistando o campeonato mundial de endurance e o da Fórmula Indy, o que até hoje nenhum piloto conseguiu.

 

 Sao raros os momentos em que vemos Daniel sem sorrir, mas as incertezas para o futuro tem preocupado o australiano. 

 

A McLaren tem o motor Renault, mas anda sofrendo para brigar por posições contra a Toro Rosso e o motor Honda. Seria realmente uma opção para quem quer ter chances de brigar pelo título nas próximas temporadas? Este é o dilema de Daniel. Ficar na Red Bull implica em ver – talvez – crescer a preferência da equipe por Max. Não ao ponto de chegar ao que foi a relação da equipe em geral e de Helmut Marko em particular contra Mark Webber, mas de – em caso de um amadurecimento de Max – ver o holandês errando menos e sendo uma pedra maior do que já é na sapatilha.

 

O que joga a favor de uma permanência na Red Bull é poder contar com Adrian, responsável por uma equipe e uma estrutura vencedora que construiu, durante trabalhosos anos, para a equipe austríaca, sem falar que com a Honda, ele vai ter detalhes do motor que a Renault não passava com tanta antecedência como a Honda val passar e isso pode se traduzir em um carro mais eficiente para 2019.

 

O fato é que o cenário favorável para uma grande troca de equipe que existia no início da temporada 2018 mudou completamente para Daniel, apesar de toda sua competência. Agora que Horner e Marko sabem que as portas da Ferrari e Mercedes, ao que tudo indica, foram fechadas para o australiano e a proposta da Renault e McLaren o fariam abdicar de obter melhores resultados por mais dois anos, talvez nem um contrato com as bases financeiras que ele merece por seu currículo ele venha a receber a partir do ano que vem.

 

São cenas como esta que certamente todos querem ver com mais frequência. Daniel no alto do pódio e bebendo champagne assim.

 

Daniel sabe que, aos 28 anos, está “no meio do caminho” entre tomar uma decisão certa e continuar com chances de ser campeão ou tomar um outro rumo e passar para a história como “aquele piloto amigo de todo mundo, veloz, que ganhava corridas, mas não tinha ‘aquele algo a mais’ para ser campeão”.

 

Precisamos trabalhar bem isso ao longo dos próximos meses e ele sabe que, a primeira resposta está em ser mais rápido do que Max nos dois próximos GPs. Afinal, nos dois últimos foi o holandês o piloto de macacão azul marinho no pódio.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares