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Written by Administrator   
Monday, 25 June 2018 01:27

Olá leitores!

 

Sempre é um prazer ver a Fórmula 1 voltar a uma pista clássica, ainda que “estragada” pelos regulamentos atuais. Foi o caso de Paul Ricard: depois que a pista perdeu (por motivos puramente políticos) a sede do GP da França para a horrorosa e medonha Magny-Cours, o autódromo entrou em crise financeira e foi vendido para Titio Bernie, que o transformou em uma pista de testes. Assim sendo, ele tem mais de 10 opções diferentes de traçado, e áreas de escape gigantescas. Como diferenciar essas áreas de escape da pista propriamente dita? Pintando faixas, e essa foi a primeira má surpresa do retorno. Mas o pior, de longe, não foi isso. Vamos lá: entre os muros de Baku, lá no Azerbaijão, a Dona FIA aceita uma reta gigante, mas com grandes áreas de escape não tem a capacidade de aceitar 1800 metros de reta em ligeiro aclive em Paul Ricard, e usaram uma medonha chicane (provavelmente a pior opção de chicane, e olha que tem uma opção que reproduz o antigo traçado da Bus Stop de Spa) que, mas palavras da minha filha de 9 anos e meio, que estava assistindo o treino classificatório comigo no sábado, “papai, a reta (Mistral) não merece essa chicane”. Até uma criança de menos de 10 anos tem mais lógica e bom senso que os idosos encarquilhados da FIA... lamentável, quiçá sofrível. Outra aberração foi cortesia da transmissão brasileira, onde após a execução da Marselhesa mostraram os jatos da Patrouille Acrobatique de France passando por sobre a reta de largada com os aviões deixando rastros de fumaça nas cores da bandeira francesa, e o “jênio” do locutor do SporTV menciona a apresentação da “Real Força Aérea Francesa”... quase tive uma síncope no sofá, tirei o som da TV e passei a ouvir a narração pelo rádio, onde bobagens diversas foram ditas, mas não conseguiram a proeza de confundir a Armée de l’Air francesa com a Royal Air Force britânica...

 

Vitória das mais fáceis para Lewis Hamilton, que deve ter achado a corrida profundamente tediosa, já que não foi ameaçado seriamente em momento algum após a primeira curva. Natural: dominou quase todos os treinos, foi magnífico na classificação, e venceu praticamente de pijamas e pantufas. Quem teve vida difícil foi seu companheiro Valtteri Bottas (7º), vítima de um erro de cálculo (a.k.a. burrada) do Sebastian Vettel na primeira curva, que estourou seu pneu traseiro e no longo caminho de volta aos boxes danificou o assoalho do carro. Nessas condições, pontuar foi quase uma vitória.

 

Em 2º terminou Max Verstappen, que no início da corrida, após a relargada, até tentou ficar próximo do Lewis, mas não conseguiu assustar o inglês em momento algum. Também teve uma corrida tranquila. Seu companheiro Daniel Ricciardo (4º) sofreu boa parte da corrida com uma asa dianteira quebrada, e não teria como conseguir resultado melhor em um final de semana em que tudo pareceu dar errado com ele: nos treinos foi a asa traseira a apresentar problemas, e na corrida a asa dianteira quebrou sem que ele tivesse contato com outro carro. Um final de semana ruim para o australiano, mas que ao menos não teve a cena lamentável de champanhe sendo bebido na bota... há males que vem para o bem.

 

Em 3º, com uma bela apresentação, chegou Kimi Räikkönen, que cresceu muito na segunda metade da corrida, após ter se classificado mal (largar em 6º, com o carro que tem, é classificar mal) e apostar em uma estratégia privilegiando os pneus mais macios disponíveis no final de semana. Seu companheiro Sebastian Vettel (5º) deve ter se divertido bastante durante a corrida, já que após o toque no Bottas quebrou a asa dianteira e teve de ir trocar a mesma,  voltando à corrida em penúltimo lugar e fazendo uma série de ultrapassagens. Poderia ter chegado em 4º lugar, mas não fez por merecer tanto assim após o erro de julgamento primário da largada. Curioso que a Dona FIA escolheu a opção mais travada para a chicane pós largada, mas a versão original dos anos 70 ainda está lá, com o mesmo asfalto e com MUITO menos chance de dar enrosco do que essa variante utilizada esse ano. Quem sabe ano que vem deixam de frescuras e adotam a versão mais veloz da chicane e eliminam aquela aberração no meio da Mistral? Sonhar ainda é de graça...

 

Em 6º um ótimo resultado para Kevin Magnussen, que fez uma corrida segura e sem erros (jamais imaginei que escreveria isso sobre o Kevin, mas enfim...) e conquistou importantes pontos para a Haas. Seu companheiro Romain Grosjean (11º) esteve entre os que se enroscaram na primeira volta, e veio fazendo uma corrida de recuperação dentro daquilo que o carro permitia. Não foi exatamente a impressão que ele queria deixar para sua torcida...

 

Em 8º, bastante chateado, terminou Carlos Sainz Jr., que passou boa parte da prova em 6º lugar, uma posição que alegraria sua equipe (Renault) em sua corrida “de casa”, mas uma súbita perda de potência a 5 voltas do final atrapalhou sua corrida, que ainda foi salva pelo safety car virtual acionado por conta do Stroll, que não consegue levar o carro com pneu furado para um ponto menos perigoso da pista... essas crianças mimadas são um problema seríssimo... seu companheiro Nico Hülkemberg chegou logo atrás, em 9º lugar, dando aos franceses a satisfação de pontuar com os dois carros.

 

Em 10º, fechando a zona de pontos, um genial Charles Leclerc. Genial? Sim, levar esse carro à zona de pontuação é genial, sem contar que durante a corrida toda duelou com pilotos mais experientes como se ele também fosse um veterano. É a aposta de muitos para substituir Kimi na Ferrari ano que vem, aposta essa endossada e corroborada por esse vosso escriba. Maranello será muito idiota de deixar ele escapar para outra equipe. Seu companheiro Marcus Ericsson (13º) fez uma boa corrida, dentro das limitações de velocidade e talento dele, e não decepcionou.

 

Próxima etapa semana que vem, na Áustria, no mutilado Red Bull Ring (como deixaram o Tilke colocar suas patas no maravilhoso Österreichring, como puderam fazer aquilo?), vejamos o que os líderes do campeonato apresentam por lá...

 

Mas o final de semana não foi só F-1: no meio da semana saiu o resultado das vistorias pós 24 Horas de Le Mans, e o vencedor da categoria LMP2 foi desclassificado por irregularidades. Como resultado, o brasileiro André Negrão e seus companheiros de equipe Signatech Nicolas Lapierre e Pierre Thiriet são oficialmente os vencedores de Le Mans na categoria LMP2. Parabéns à equipe!!!!!

 

Tivemos a tradicional corrida do DTM em Norisring, aquela pista que contorna o enorme palanque construído a mando daquele austríaco de bigodinho ridículo para contar lorotas para o povo alemão (que impressionantemente acreditou nele, mas isso é outra conversa...) e que ninguém no Brasil conseguiu acompanhar, pois o canal que DEVERIA passar a corrida, e que possui os direitos de transmissão para a Banânia, o BandsTênis, estava transmitindo uma partida de tênis de algum torneio obscuro ao invés de transmitir a corrida... cada dia é um 7X1 diferente... enfim, teve rodada dupla, e no sábado a vitória ficou com Edoardo Mortara (Mercedes), sua segunda nessa pista, já que também venceu em 2016. Foi acompanhado no pódio por Gary Paffett (Mercedes) em 2º e por Marco Wittmann (BMW) em 3º, que por ter nascido em uma cidade perto de Nuremberg considera Norisring sua “corrida de casa”. Augusto Farfus terminou em 14º lugar. No domingo, vitória extremamente comemorada de Marco Wittmann, seguido por Edoardo Mortara em 2º e por Daniel Juncadella (Mercedes) em 3º. Mais um mau resultado para Farfus, que terminou apenas em 17º lugar. Se eu fosse ele, investia apenas no Endurance...

 

Neste final de semana também tivemos uma corrida para pilotos “de verdade”: Superbike em Laguna Seca. Se o Saca Rolhas é desafiador sobre 4 rodas, sobre 2 é quase insano. As cenas dos pilotos passando por ali eram de fazer brilhar os olhos. Sábado a vitória (de novo...) ficou com Jonathan Rea (Kawasaki), seguido por Chaz Davies (Ducati) em 2º e o pódio ficou completo com Alex Lowes (Yamaha) em 3º. No domingo, mais uma vitória para Rea e mais um segundo lugar para Davies, só que dessa vez o degrau mais baixo do pódio ficou com a Aprilia de Eugene Laverty, que acelerou muito para conquistar esse 3º lugar.

 

Rolou WTCR em Portugal, no tradicional circuito de rua de Vila Real, e no sábado um susto tamanho gigante: pouco após a largada, os dois companheiros da equipe do Sébastien Loeb (Rob Huff e Mehdi Bennani) se estranharam em um dos trechos mais estreitos e velozes da pista, e como a receita para dar m... estava pronta, não foi necessário muito para ela acontecer; um “Big One” de fazer os torcedores da NASCAR que frequentam Talladega aplaudir em pé, inclusive com direito a carro pegando fogo. Mas o que se sucedeu após a batida monstro foi inesperado, e trouxe de volta o melhor do automobilismo dos anos 50, 60 e 70: os pilotos que estavam mais para trás da pancada saíram de seus carros e foram ver se os envolvidos com maior gravidade estavam bem. O simpático holandês Tom Coronel resolveu sair filmando o ocorrido, em um belo momento “jornalismo verdade”, e as cenas são das mais humanas que assisti recentemente. Maravilhoso. A corrida claro que ficou interrompida por bandeira vermelha até retirarem os carros que não tinham condições de continuar e consertar o guard rail danificado, e no retorno a vitória ficou nas mãos de Yvan Müller (Hyundai), seguido pelo “Hermano” Esteban Guerrieri (Honda) em 2º e pelo espanhol Pepe Oriola (Seat) em 3º. A segunda corrida, já no domingo, foi vencida por Mato Homola (Peugeot), seguido por Yvan Müller em 2º e Pepe Oriola novamente em 3º, e a derradeira corrida do final de semana foi um massacre da Hyundai, que monopolizou o pódio com Thed Björk em primeiro, seguido por Gabrielle Tarquini em 2º e Norbert Michelisz em 3º.

 

A Indy foi para o melhor circuito misto norte americano, Road America, e a corrida não foi das mais emocionantes, confesso. Talvez a melhor coisa da corrida tenha sido o Karma atingindo o glorioso Alexander Rossi, que forçou dois pilotos para fora da pista e depois teve a roda do carro danificada, perdendo rendimento e sendo forçado a uma parada mais longa nos boxes para dar um jeito no braço de direção, retornando à corrida para terminar apenas em 16º lugar. Vitória merecida para Josef Newgarden, que fez uma ótima corrida e conquistou pela 3ª vez esse ano o primeiro lugar. Grande trabalho resistindo aos ataques do 2º colocado, Ryan Hunter-Reay, que não deu sossego ao Josef. Quem também se destacou foi o Scott Dixon, que na base da estratégia e de uma excelente pilotagem levou um carro que não se destacou o final de semana inteiro até o 3º lugar. Um monstro, só isso. Os brasileiros da Foyt fizeram o que o carro lhes permitiu, ou seja, Tony Kanaan em 14º e Matheus Leist em 15º.

 

E a NASCAR também se aventurou a fazer curvas para a direita, e foi para o meio da região vinícola da Califórnia correr em Sonoma (aliás, se algum dos leitores já experimentou os vinhos produzidos pelo Andretti e pelo Jeff Gordon, por favor, passem vossas impressões a respeito para esse vosso colunista, nunca os achei para venda no Brasil). Vitória merecida do atual campeão Martin Truex Jr., com uma apresentação excelente no último segmento (o primeiro foi vencido por AJ Allmendinger e o segundo por Denny Hamlin) e com um show de estratégia por parte do seu chefe de equipe. Foi seguido por Kevin Harvick, que tentou repetir a vitória do ano passado mas não teve como segurar Truex e precisou se contentar com o 2º lugar, Clint Bowyer em 3º, Chase Elliott mais uma vez como o melhor Chevrolet da prova em 4º e fechando o Top 5 chegou Kyle Busch, outro que tentou arduamente a vitória mas nunca efetivamente teve velocidade para acompanhar os líderes.

 

Pra finalizar, deixo meus parabéns a Sergio Sette Câmara e a Pedro Piquet pelo excelente final de semana em Paul Ricard na F2 e GP2, levando a bandeira do Brasil ao pódio.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini