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Jorge Lorenzo ainda está vivo PDF Print E-mail
Written by Administrator   
Tuesday, 05 June 2018 22:38

Olá fãs do esporte a motor,

 

Decidi trocar o “automobilismo” para ser mais abrangente. Afinal, tenho muitos pacientes que andam sobre mais ou menos do que quatro rodas! Espero que vocês gostem.

 

Na coluna da quinzena passada, falei sobre o grande desafio que assumi ao receber novamente o piloto da equipe Haas, o franco-suiço Romain Grosjean como meu paciente novamente, após ele ter deixado de dar continuidade ao acompanhamento terapêutico que fazia comigo. Disse que este será meu grande desafio de 2018 e é a mais pura verdade.

 

Contudo, com isso quero responder aos fãs que escreveram para o site que todos os meus pacientes merecem e recebem a mesma atenção e dedicação profissional, sem predileções, sem favorecimentos. Por muitos anos fui terapeuta de Nico e Lewis, pilotos da mesma equipe e que em um certo momento, tive que lidar com a estrutura da equipe como um todo, com Toto e Niki para fazer um trabalho melhor. Em nenhum momento um ou outro piloto foi favorecido ou recebeu confidências a respeito do que e como vinha sendo tratado e conversado com o outro. Questionamentos neste sentido me deixaram bastante irritada. As pessoas não deveriam falar sobre coisas que desconhecem em grande parte, quando não por completo.

 

Todos os dias me sinto desafiada a vir ao meu consultório e fazer o meu melhor para que meus pacientes cresçam como pessoas e como profissionais, independente do que fazem na vida e se eu não fosse uma boa profissional, não teria os clientes que tenho, mesmo sendo uma estrangeira ou quando morava em Cuiabá, onde eles iam se consultar, mesmo com todos os problemas de poucos voos para se chegar até lá.

 

Desafios do dia a dia são o combustível para nos mover a conseguir superar nossas limitações, nos tornarmos melhores e – em particular para muitos – poder calar a boca dos críticos que são incapazes de olhar para seus próprios erros e limitações e preferem “distribuir as responsabilidades” ao invés de assumi-las e dividi-las com sua equipe de trabalho.

 

Jorge Lorenzo e a comemoração no pódio na última etapa do mundial de Moto GP em Mugello.

 

Jorge Lorenzo é meu paciente há quase cinco anos, desde que viu surgir “uma grande ameaça” vencendo sob sua mesma bandeira e veio “buscar um combustível extra”, como disse naquela época. Trabalhamos muito e trabalhamos bem. Jorge venceu o campeonato mundial no ano seguinte, vencendo seu adversário de bandeira e seu “adversário de referência”, como ele costumava se referir a Valentino Rossi.

 

Em 2017 Jorge resolveu assumir um grande desafio ao ir para a italiana Ducati. Era – em seu entender – a chance de mostrar que ele era “maior que Valentino”, como também falou em uma das nossas sessões, uma vez que o italiano tentou e não conseguiu ser campeão pilotando pela fabricante italiana, que não consegue o título máximo desde 2007, com Casey Stoner.

 

Recebido como um grande campeão, Lorenzo era o homem que a Ducati apostava para trazer o título de volta.

 

Com um contrato excepcional e com todas as primazias de “estrela da companhia”, Jorge foi contratado para levar a Ducati ao título, mas ao invés disso, teve uma temporada de 2017 terrível, com muitas quedas, desempenhos bem abaixo do seu potencial e sua capacidade, especialmente na condição de asfalto molhado. E viu seu companheiro de equipe disputar o título contra Marc Marquez enquanto ficou num discreto sétimo lugar no campeonato, sem vencer uma corrida sequer.

 

Este ano as coisas pareciam estar começando da mesma forma. Até a etapa anterior a Mugello, Jorge estava apenas em 14º no campeonato, apesar de ter feito uma boa primeira parte de corrida em Le Mans, terminando na então melhor colocação do ano. A vitória de Lorenzo chegou em um momento bastante propício para o espanhol. Nesta semana, os rumores de sua saída da Ducati foram praticamente confirmados pelo Diretor Executivo da Ducati, Claudio Domenicali.

 

Fosse no seco ou no molhado, coisas inacreditáveis estava acontecendo e o desempenho de Lorenzo estava aquém dele.

 

Em um evento na cidade de Bologna – em que tentou ser polido, mas não foi – o italiano disse que Lorenzo era um grande piloto que não soube encontrar a forma de extrair o melhor da moto produzida por eles, justificando que tratava-se de uma moto que tem grandes pontos fortes e também alguma debilidade e que nem o piloto e nem os a equipe conseguiram tirar proveito máximo de seu talento, o que entristece a todos. Em contraponto, a equipe renovou o contrato de Andrea Dovisioso até 2020! Jorge me telefonou na sexta-feira, depois que soube deste pronunciamento e me disse: ele vai engolir essas palavras!

 

No sábado, depois de assegurar seu lugar na primeira fila, Jorge afirmou que não tinha nada a provar para ninguém, mas, mesmo que inconscientemente, foi isso que fez. Não bastasse isso, declarou que ele não era “um grande piloto”, mas um tricampeão mundial da Moto GP e 5 vezes campeão do mundo! Quando largaram, Jorge tomou a ponta, despachou a concorrência e venceu com uma superioridade incontestável.

 

Desde os treinos Lorenzo andou bem e, na corrida, foi insuperável... inalcançável!

 

Era chegada a hora de dar a resposta à Ducati e a forma como ele comemorou foi contagiante, ao ponto de ser celebrado até por seu antigo “adversário de equipe”, Valentino Rossi, que não poupou elogios ao vencedor e, para completar, Jorge – falando em entrevista para as emissoras de TV na Itália – declarou que para os próximos dois anos deverá estar em uma outra equipe, sacramentando o “divórcio” com a Ducati.

 

Ele me telefonou ainda na noite do domingo perguntando se eu tina assistido a corrida... claro que assisti, respondi, e parabenizei-o pela vitória fantástica. Na sexta-feira seguinte era o dia de sua sessão regular e ele estava com o mesmo brilho nos olhos que eu costumava ver nos anos em que ele corria na Yamaha. Nada como uma vitória para levantar o moral de uma pessoa cujo modo de vida é a competição em alto nível e quando ainda tem a oportunidade de calar um “tecnocrata”, este prazer é imensurável.

 

A comemoração foi um misto de alegria e desabafo. Um campeão sempre deve ser respeitado.

 

Ainda temos muito campeonato pela frente e se Jorge finalmente conseguiu sair do estado de letargia em que parecia estar, ele vai buscar o título para ter o prazer de jogar na cara dos diretores da Ducati.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares


Last Updated ( Tuesday, 05 June 2018 22:59 )